
Komi-san wa, Komyushō Desu.: a importância de um bom aliado
Por trás de um grande protagonista sempre há um grande aliado.
Sabe aquele amigo que, independente do que você faça, sempre endossará suas decisões, nunca abre a boca para discordar de você e jamais “põe o dedo nas suas feridas” (no bom sentido, para teu próprio bem)? É justamente esse tipo de amigo que nós não precisamos – pelo menos na ficção.
Olá, leitores, tudo bem? Eu sou o Roberto “Rober” Silva, e este é o meu primeiro artigo no site. Eu sei, eu sei, motivo de grande felicidade e orgulho para nossa nação, não é? Mas guardemos o champanhe para mais tarde. Primeiro vamos falar de um dos animes mais comentados dos últimos meses: Komi-san wa, Komyushō Desu. (Komi Can’t Communicate, em inglês) ou mais precisamente dos amigos da protagonista da história ou, para ser ainda mais específico, de Najimi Osana, a personagem mais extrovertida da obra.
Para o caso de você não conhecer a história, eis um pequeno resumo:
Komi é linda, mas é extremamente tímida e tem muita dificuldade para interagir com outras pessoas. Na escola, ela conta com a ajuda de seus amigos para lidar com esse problema. Eles estabelecem uma meta ambiciosa: ajudá-la a fazer 100 amigos.
Komi quer amigos, mas é muito tímida para fazer isso. Então o que fazer? A resposta: os aliados!
Os seres humanos contam histórias desde seus primeiros momentos na Terra e, há milhares de anos (sim, milhares de anos), a forma mais comum e bem aceita de contar uma história é através do chamado Modelo Clássico. Você pode não conhecer a parte mais “técnica” da coisa, mas com certeza já viu alguma história nesse modelo: um personagem tem algum defeito no caráter para resolver e um objetivo para alcançar, sendo que esse defeito (arrogância, ganância, falta de empatia etc.) o impede de conseguir o que quer. A partir daí ele enfrenta grandes desafios ao lado de seus companheiros para, no fim, derrotar as forças do mal, resolver aquele seu problema e obter o que deseja. Esse é o Modelo Clássico, basicamente. Viu só? Você conhecia e nem sabia. Você é mais esperto do que imagina.
Se você prestou atenção no que eu escrevi agora, você percebeu que eu disse que o protagonista enfrenta grandes desafios ao lado de seus companheiros para se livrar de seu defeito no caráter e conquistar a vitória final. Esses companheiros são justamente os… aliados! E esses aliados são fundamentais para o personagem vencer aquele seu defeito e ter êxito.
Para que um aliado seja útil para a história ele deve ter, em suma, duas características: atuar ativamente em prol do protagonista e de seu avanço na história e (essa segunda é a mais importante para nós) ter uma personalidade oposta à do protagonista. Lembra do que eu falei lá no início sobre aquele amigo que não fala o que você precisa ouvir para crescer e melhorar? É justamente esse tipo de amigo que um bom aliado não pode ser.
E nada melhor (para fins de contar histórias, ao menos) do que o aliado ter características justamente opostas aos defeitos do protagonista. Se o protagonista é arrogante, nada melhor do que um aliado humilde para ajudá-lo. Se a frieza é o problema do protagonista, um aliado que ama calorosamente é uma boa pedida. Se nosso protagonista é extremamente tímido a ponto de não conseguir trocar uma palavra com as pessoas de seu convívio (ainda que esse não seja um defeito de caráter como os supracitados, mas, ainda assim, um problema a se resolver), nada melhor de que um aliado que é amigo de todo mundo e “fala pelos cotovelos”. E é aí que, finalmente, voltamos para o anime de Komi e para Najimi Osana.
Najimi é ideal para este papel, pois é o que Komi não é, auxiliando nossa silenciosa protagonista a vencer seu problema aos poucos e conseguir os amigos que deseja. Isso não seria possível se Najimi enfrentasse as mesmas questões que Komi ou não se mostrasse seu perfeito antônimo. Com toda sua energia e carisma, Najimi oferece um contraponto supernecessário. Sem a autoproclamada “amiga de infância de todo mundo”, a progressão de Komi não seria a mesma (e, certamente, o anime também não).
Por hoje é só, meus queridos. Obrigado pela atenção e paciência. Até a próxima.