O tão esperado dia chegou.
E a mente de Katarina estava um caos.
Nos dias que antecederam aquele, a morena praticamente torrou os poucos neurônios que tinha em busca de um plano bom, uma solução que não levantasse suspeitas e a agradasse, mas ela não encontrou.
Teria que, de forma descarada e repentina, exigir toda a atenção do noivo apenas para ela e só esperava que o loiro não pensasse que ela estava tentando iludir ele ou algo semelhante.
A morena não queria mesmo testar a veracidade da declaração de Geordo, mas ela não tinha escolha.
Aquele infeliz nunca tinha amado alguém antes, e era difícil acreditar que isso tivesse ocorrido agora.
Respirando fundo, ela pegou sua querida enxada e marchou para a horta, igual um soldado marcharia para o campo de batalha.
Geordo, assim que a viu caminhar daquele jeito bizarro e com uma expressão extremamente séria no rosto, não conseguiu conter o riso.
— O que você está achando engraçado?
— Por acaso está indo para uma guerra, Katarina? — ele debochou, ainda rindo.
Katarina sentiu vontade de acertar seu maldito rosto bonito com a enxada quando viu aquele sorriso irritante voltar para seu rosto quando as gargalhadas cessaram. Mas ela não o agrediu nem reclamou, pois antes estava temerosa que aquele clima tenso que ficou entre eles da última vez que se viram perpetuasse e deixasse ambos desconfortáveis. Felizmente, nada disso ocorreu e eles tiveram uma tarde tranquila.
Na verdade, a morena percebeu que o loiro estava muito mais leve e sorridente. Ele também não a irritou para se divertir às suas custas, igual ele adorava fazer antes.
A morena considerara a possibilidade de aquilo ser uma cilada cada vez mais da realidade. O jeito que o loiro agia e reagia era tão natural que era difícil crer que ele estava tentando ganhar sua confiança com más intenções.
— Finalmente terminamos — ela disse, satisfeita com a tarde produtiva que tiveram. Agora todas as abóboras estavam devidamente plantadas e cuidadas, bastava ser paciente que elas logo cresceriam bem saudáveis.
— Sim… — o loiro assentiu, com um desânimo repentino, que não passou despercebido pela noiva.
— Por que essa carinha desanimada veio de repente? Eu fiz alguma coisa? — perguntou com uma visível preocupação.
— Apenas lembrei que terei que ir embora e não sei quando nos veremos de novo… Gostaria de poder passar mais tempo com você.
Katarina sorriu, sentindo as bochechas ficarem quentes e seu coração disparar inquieto. Tentou ignorar o fato do quão feliz ela ficou com aquela resposta e focou na parte que mais interessava: ele acabara de facilitar seu plano.
— Então… O que acha de lancharmos juntos agora? Estou com uma fome que parece não caber em mim e você me ajudou muito hoje, merece ser recompensado com os melhores doces da casa.
Sim, ela descobriu que aquele Príncipe amargo e manipulador gostava de doces, uma das várias ironias que os anos de convivência permitiram que ela percebesse.
Com um semblante mais alegre, Geordo aceitou o convite, e assim que a morena se trocou quando chegaram em sua mansão, eles foram até o jardim, onde uma mesa cheia de guloseimas e sucos de variados sabores os aguardavam.
— Obrigada por hoje… — o loiro comentou após um longo momento confortavelmente silencioso entre eles enquanto comiam e bebiam — Eu estava com um certo receio, pensei que você sequer olharia para o meu rosto depois do que houve na última vez que nos encontramos. Mas você foi incrível e me surpreendeu mais uma vez, não me arrependo nem um pouco de ter me declarado e muito menos de ter lhe pedido em casamento, mesmo sabendo que foi tudo muito repentino.
O rosto da mulher de longos cabelos castanhos ficou tão quente que ela pensou que desmaiaria. Geordo fez tal afirmação com um sorriso tão brilhante que ela mal conseguiu controlar as batidas aceleradas de seu coração.
O resto da conversa seguiu um rumo diferente: falaram sobre assuntos mais banais e que não constrangeram tanto Katarina.
A despedida foi rápida e um tanto dolorosa, já que ambos adorariam passar mais tempo juntos e não queriam se separar, mas nenhum deles teve coragem o suficiente para expressar tal vontade com palavras.
Durante a noite, de madrugada, Katarina convocou Geordo através de uma carta urgente, e o Príncipe ficou tão preocupado que sequer trocou de roupa, apareceu em sua mansão usando pijama mesmo. Ela percebeu que ele ficou um tanto perplexo quando descobriu que a razão daquele chamado era a insônia da noiva. Mas ele não reclamou e passou o resto da noite lhe fazendo companhia na sala.
Houve outros momentos ainda mais inapropriados em que Katarina exigiu a presença da noivo, mas ele apareceu em todos eles e não a censurou sequer uma vez.
Um mês depois de fazer da vida do Príncipe um verdadeiro inferno, Katarina se convenceu de que ele realmente a amava. E ela já havia aceitado que o sentimento era recíproco, então, em uma bela tarde ensolarada, ela requisitou sua presença e como sempre, seu noivo chegou em poucos minutos.
— Precisa de mim? Aconteceu alguma coisa? — ele perguntou, com uma preocupação explícita em seu olhar assim que a viu.
— Sim, aconteceu — a passos hesitantes, Katarina encurtou a distância entre ambos e cruzou os braços ao redor do pescoço de Geordo, pegando o noivo desprevenido. Ela não costumava tocá-lo de forma tão casual e muito menos abraçá-lo daquela forma — Eu aceito casar com você.
Os belos olhos azuis de Geordo se arregalaram e ele ficou boquiaberto.
— Tem… Tem certeza? — ele questionou, incrédulo e sem saber como reagir.
— Tenho, eu amo você e quero passar o resto da minha vida ao seu lado — beijou seus lábios de forma breve após concluir sua resposta e o loiro estava quase brilhando de tanta alegria.
— Eu prometo que a farei feliz — o abraço caloroso de Katarina finalmente foi retribuído e ela descansou sua cabeça no peito do mais alto.
— Espero que o faça mesmo, porque se você algum dia voltar a ser um idiota comigo, eu acabo com você.
Ambos riram, sabendo muito bem que Katarina não seria capaz de cumprir aquela ameaça, mas Geordo não fez questão de respondê-la. Ele estava distraído, imaginando como seria uma vida ao lado da única mulher que ele verdadeiramente amou.