Oii, gente, aqui é a Mell, com mais um capítulo de Conquistar para vocês. Espero que gostem e boa leitura!


Como prometido, Geordo mandou uma carta informando que o jantar seria em um dos restaurantes mais exóticos da cidade, onde desfrutariam de um jantar ao ar livre com uma bela visão da cidade noturna como cenário. Pela forma como ele se expressou na carta, a mulher de longos cabelos castanhos soube que foi o próprio Príncipe que a elaborou ao invés de simplesmente dizer para um de seus criados escrevê-la. Aliás, outro ponto que chamou sua atenção foi a observação no final dela, em que ele explicava que pretendia entregar aquela carta pessoalmente, mas teve alguns contratempos que o impediram de vê-la e até se desculpou por isso, prometendo fazer o possível para que aquilo não se repetisse.

Katarina estava incrédula. Precisou ir deitar mais cedo naquele dia, porém seu sono demorou para vir. Ela ficou deitada por um par de horas, encarando o teto iluminado pela luz da lua de seu quarto.

Desde quando Geordo era tão atencioso?

E quando foi que ele começou a deixar seu orgulho de lado para se desculpar tão honestamente? Não fazia nem dois dias que tinham se visto, e aquele já era o segundo pedido de desculpas que ela tinha visto vir dele naquela mesma semana.

Sua cabeça estava quase explodindo de tantas suposições que passavam por ela e nenhuma delas parecia aceitável. Antes de ler a tal carta, Katarina tinha se convencido de que ele só agiu daquela forma porque estava prestes a pedir algo muito complicado para ela e, por isso, estava tentando agradá-la e, consequentemente, reduzindo suas chances de ouvir um “não”.

Mas agora ele já tinha ido longe demais para alguém que estava agindo com algum interesse obscuro por trás. Quer dizer, por que se dar ao trabalho de levá-la para um restaurante tão chique e claro? E pior, com um dos ambientes mais românticos daquele local!

Uma voz traiçoeira no fundo de sua mente insistia em dizer que era porque ele tinha se apaixonado por ela e estava tentando se aproximar mais da mesma. Contudo, Katarina duvidava muito que fosse isso. Desde que eram crianças, Geordo já havia demonstrado que não se importava com amor e não era capaz de senti-lo.

Em sua vida passada, ao jogar o jogo, isso só havia mudado quando ele conheceu Maria Campbell, a protagonista. Só que agora, com Katarina se recusando a assumir seu papel de vilã para evitar a própria destruição, isso e muitas outras coisas tinham mudado. Maria não estava apaixonada pelo Príncipe, e ele continuava não se interessando por ninguém.

Ou ao menos foi nisso que ela resolveu acreditar até o tão aguardado dia do jantar chegar.

Escolheu colocar um vestido azul-escuro que havia comprado alguns dias e também vestiu um casaco de pele branco que o próprio havia lhe dado em seu último aniversário, alguns meses atrás. Seu cabelo permaneceu solto, com apenas duas presilhas brancas prendendo uma parte de sua franja.

Custava para Katarina acreditar que estava ansiosa. Mesmo achando que Geordo estava planejando algo terrível, não conseguia impedir seu coração de disparar sempre que imaginava Geordo chegando com sua carruagem para vir buscá-la e mal conseguia controlar suas mãos, que tremiam de nervosismo e ansiedade.

Ela tinha vergonha de olhar para si mesma agora. Considerava lamentável o fato de estar criando expectativas quando sabia muito bem da má índole de seu noivo.

— Espero não ter te feito esperar por muito tempo — a voz de Geordo chamou sua atenção, despertando-a de seus devaneios.

O Príncipe estava igualmente deslumbrante naquele terno branco com detalhes azuis e cinzas na gravata. Ele também parecia ter escolhido o que vestiria com bastante cuidado.

Katarina estava ficando cada vez mais incrédula e desconfiada.

— Oh, não se preocupe com isso, sua Alteza, acabei chegar aqui. — É certo que ela não gostaria de ficar muito tempo parada e em pé na sala de recepção enquanto o esperava, mas esse não foi o caso já que Geordo foi pontual. Ele sempre chegava na hora combinada? Ela nunca tinha se preocupado em prestar atenção nisso antes e então não sabia dizer se aquilo era mais um detalhe inusual dele ou se já fazia parte da personalidade do Príncipe.

— Fico feliz em saber disso — por conhecê-lo bem, Katarina soube que o sorriso que ele deu naquele momento era sincero, e isso aqueceu seu peito de uma forma um tanto estúpida na opinião dela — Venha, o horário que reservei para nós já está próximo, e eu gostaria que chegássemos com alguns minutos de antecedência.

Ignorando as batidas cada vez mais aceleradas de seu coração, Katarina pegou a mão que Geordo estendeu e juntos eles foram até a carruagem, onde se sentaram lado a lado, e um silêncio um tanto constrangedor se instalou. Pelo canto de um dos olhos, Katarina percebeu que seu noivo estava imóvel, com a cabeça baixa e os punhos cerrados. A boca levemente aberta demonstrava que ele pretendia dizer algo e por alguma razão estava hesitando.

Era possível que ele estivesse tão nervoso ao ponto de não conseguir puxar assunto?

Katarina balançou a cabeça, ignorando prontamente esta hipótese e virou o rosto para olhar a janela, onde podia ver inúmeros estabelecimentos e postes de luz passando por eles.

— Katarina… — ao ouvi-lo chamar por ela, a mulher de longos cabelos castanhos virou o rosto para encará-lo e encontrou Geordo a olhando com um carinho nada usual e suas bochechas estavam avermelhadas — Você… está linda.

O rosto de Katarina esquentou, e seu coração disparou. Ela tinha mesmo ouvido aquele elogio?

— Obrigado… Você também está… — não conseguindo manter contato visual, ela abaixou a cabeça enquanto falava, se esforçando para não gaguejar.

— O-obrigado! — ele tapou a própria boca ao perceber que tinha falado um pouco alto demais devido ao constrangimento.

Katarina estava tão absorta em seus próprios pensamentos que sequer reparou naquela reação estranha de Geordo e ele deu graças aos céus por isso.

Não demorou muito para que chegassem no bendito restaurante e eles finalmente saíssem daquela carruagem. O clima um tanto tenso logo se dissipou quando se acomodaram em suas cadeiras e olharam ao seu redor. De fato, era como os boatos diziam: a vista da cidade noturna por ali era maravilhosa e criava um ambiente aconchegante e romântico.

Geordo desviou seu olhar pra encarar Katarina, que estava encantada demais com a aquela bela visão para perceber que estava sendo observada.

— O que você achou daqui? — o Príncipe perguntou, pegando uma das taças de vinho que já sido colocadas ali e enchidas assim que chegaram. Ele esperava que com a bebida suas inseguranças parassem de lhe fazer hesitar.

— Eu adorei — ela virou o rosto para encará-lo, fazendo o coração do loiro falhar em uma de suas batidas quando aqueles lindos e brilhantes olhos azuis se voltaram para ele e o sorriso que ela deu o deixou mais embasbacado do que já estava antes — Muito obrigada por ter me trazido aqui, sua Alteza.

Katarina planejou não dar o braço a torcer naquela noite e permanecer firme não importando quais fossem as investidas de Geordo. Entretanto, até agora seu noivo não havia feito ou dito nada que indicasse perigo, só havia lhe elogiado e levado a um lugar magnífico. Como ela poderia ser indiferente naquela situação? E ela percebeu que sua resposta alegrou o Príncipe, mesmo que ele não tenha dito nada.

Quando um dos garçons apareceram, eles fizeram seus pedidos e conversaram banalidades do seu dia a dia até que o jantar chegasse. A comida estava deliciosa, e Katarina não conseguia esconder o quão satisfeita ela estava por provar algo tão divino. A sobremesa estava igualmente saborosa, e somente depois de ambos usaram os guardanapos para limpar ao redor de seus bocas que Geordo criou coragem para dizer o que queria desde que chegaram ali:

— Tem algo que preciso lhe contar, Katarina — a expressão séria e indecifrável do Príncipe fez o corpo da mulher de longos cabelos castanhos ficar tenso. Ela apenas assentiu com a cabeça, indicando que ele podia prosseguir — Já faz algumas semanas que me dei conta disso, mas eu não fazia a mínima ideia de como me expressar, afinal é algo que nunca senti antes e ainda é difícil acreditar que isso realmente aconteceu comigo… — ele respirou fundo e olhou nos olhos de sua noiva — Eu não sei te dizer ao certo quando, mas ao longo desses anos em que convivemos juntos, eu pude conhecer e apreciar muitas manias, defeitos e qualidades suas, além de ver você ficando mais bela e mais madura a cada dia que passava, eu me apaixonei por você. Me apaixonei ao ponto de passar o dia todo pensando em você e ansiando para vê-la, para ouvir a sua voz. E em algum momento, também passei a sonhar com o dia que eu acordaria e teria você deitada ao meu lado todas as manhãs, então eu pedirei novamente e te adianto que se ainda quiser acabar com o nosso noivado, o momento é agora — ela assistiu perplexa a forma como ele se levantou, foi até ela e pegou uma caixinha delicada, abrindo-a para revelar um belo e não tão simples par de anéis de prata, ajoelhando-se graciosamente a seu lado — Katarina Claes, você quer casar comigo?