Ooi, gente! Aqui é a Mell.

Esta fanfic será uma longfic, ou seja, terá mais de um capítulo e será sobre o anime My Next Life as a Villainess: All Routes Lead to Doom. Já adianto que contém spoilers também.

Espero que gostem, boa leitura!


Katarina saiu de sua casa trajada com seu macacão de jardinagem verde favorito e carregando sua tão amada enxada sobre um de seus ombros.

Já fazia meses que ela tinha se dado conta de que cuidar de uma horta definitivamente não ajudava a evoluir seus poderes que tinham como base o elemento terra, mas acabou pegando gosto pelo cultivo de legumes. Plantar as sementes, adubar a terra e regá-las até que crescessem havia se tornado seu passatempo preferido e era algo que lhe trazia uma estranha satisfação, a fazia se sentir realizada e orgulhosa de si mesma.

O que ela não esperava era encontrar seu noivo, o sádico e manipulador Príncipe Geordo, sentado um pouco à frente da cerca que ela mesma construiu envolta de sua tão querida horta.

O que ele estava fazendo ali? E por que ele estava usando roupas casuais?

Katarina tinha seus palpites, mas era difícil para ela acreditar neles. Pareciam-lhe muito distantes da realidade.

Porém, como ela não era o tipo de pessoa que gostava de guardar suas incertezas somente para si mesma, ela o questionou assim que parou ao seu lado, sem ao menos se abaixar para encarar seu lindo rosto de perto:

— O que você está fazendo aqui?

— Bom dia para você também, Katarina — ele se levantou, com seu sorriso tão belo que chegava a ser irritante, pegou a mão livre dela e se inclinou até que seus lábios encostassem no dorso dela, deixando um beijo breve ali antes de endireitar sua postura e prosseguir — Resolvi ajudá-la a cuidar de sua horta hoje, espero que não se importe.

Katarina estreitou seus olhos, desconfiada.

Aquele maldito Príncipe ainda acreditava que conseguiria enganá-la, mesmo depois de anos sendo obrigada a conviver com ele por causa de seu futuro casamento.

Ela tinha aceitado o fato de que ele não romperia o noivado e nem se apaixonaria por Maria Campbell, como aconteceu no jogo que ela costumava passar horas jogando em sua vida passada, então tudo que lhe restava era conhecer e aprender o máximo que pudesse sobre ele, para evitar que sua aparência angelical e pura a deixasse cega e ignorante quanto às verdadeiras intenções dele.

— Não — ela deu um sorriso tão brilhante e estúpido quanto o dele, sabendo que ele também percebia quando estava escondendo suas verdadeiras emoções — É sempre bom ter mais alguém junto para ajudar, facilita muito meu trabalho e me deixa muito grata, principalmente se for você, Alteza — a forma adorável e exagerada que usou ao pronunciar a última palavra revelou seu sarcasmo, deixando o Príncipe sem graça.

Mas ele não tirou aquele sorriso odioso de seus lábios e isso irritou ainda mais Katarina.

Nenhum dos dois sabe dizer ao certo quando isso começou, mas com o passar do tempo um estranho jogo surgiu entre eles. Neste jogo, vencia aquele que conseguisse enfurecer primeiro o seu oponente com suas palavras ou ações nada condizentes com o que pensavam. E, mais uma vez, Geordo saiu vitorioso, pois Katarina ficou tão irada e frustrada por não ter desconsertado o loiro que ela simplesmente seguiu seu caminho até o meio da horta, procurando um local vazio para começar a carpir.

Naquele dia, ela estava determinada a plantar abóboras laranja, que mais tarde seriam usadas para fazer o doce de abóbora que ela tanto gostava.

E Geordo, rindo baixo com o mau humor de sua noiva, começou a regar as plantas que ele sabia que precisavam de mais água. Como estão juntos há anos, inevitavelmente ele acabou aprendendo com ela como cuidar de determinadas plantas, então não precisava mais que ficasse monitorando o que ela fazia e a mesma também já confiava o suficiente nele para não pensar que ele as destruiria. Bom, ao menos nisso ela parecia lhe dar algum crédito, pois vivia com sua guarda erguida quando estavam sozinhos ou acompanhados em qualquer outro local que não fosse aquela bendita horta.

Em silêncio, ele se aproximou dela quando ficou desocupado e dedicou seu tempo ocioso para observá-la. A frustração de outrora já não estava mais em seu rosto, provando o quão concentrada e entretida estava no que fazia.

Aquele era um dos únicos momentos que Geordo não gostava de importuná-la, pois ele sabia o quanto ela adorava cultivar e admitia que gostava do sorriso orgulhoso que dava quando via seu esforço resultar em belos e saudáveis legumes.

— O que você vai plantar desta vez? — ele perguntou.

— Abóboras laranja — sua resposta foi suave apesar de ter sido curta.

— Hm, interessante… e por que você escolheu abóboras? — como alguém que também já tinha aprendido as manias da noiva, Geordo sabia que Katarina nunca escolhia de forma aleatória o que iria plantar, sempre havia um motivo por trás.

— Quero usá-las para fazer doce de abóbora.

Tendo suas sinceras dúvidas saciadas, ele assentiu mostrando que tinha compreendido, mesmo sabendo que ela estava tão focada que não veria tal gesto.

Resolvendo deixá-la em paz, ele saiu, cruzou as mãos atrás das costas e a observou plantar as mudas sem dizer mais nada.

E quanto mais tempo passava, mais nervoso o loiro ficava. Ele tinha ido até ali determinado a chamá-la para um encontro. Claro, eles já tinham saído outras vezes, mas depois de se dar conta do quão apaixonado e rendido ele estava por Katarina, aquela seria a primeira vez que ele a convidava para um jantar com a intenção de conquistá-la, pois antes, ele não queria saber se tinha ou não coração da morena, se contentava em saber que ela não estava interessada em ninguém e não o trairia. Agora, as coisas tinham mudado, ele queria que aquele amor que sentia fosse recíproco e não estava disposto a dar o braço a torcer, mesmo sabendo o quão difícil isso seria.

— Eu já acabei. Você vai me acompanhar até minha casa ou já vai embora? — ela perguntou, com uma visível pressa de voltar para casa e se banhar.

— Voltarei com você — ele respondeu, prometendo para si mesmo que assim que ela viesse vê-lo de novo depois de se limpar e se trocar, ele faria o tão esperado convite.

— Okay.

Caminhando lado a lado, o loiro percebeu que o simples fato de estar perto dela era o suficiente para mexer com seus sentimentos. E ele se martirizou ainda mais por isso. Não gostava da sensação de ter estar nas mãos de alguém, porém não era tão tolo para ignorar e oprimir suas próprias emoções em uma negação estúpida que só lhe daria mais dores de cabeça.

Quando chegaram na casa de Katarina, ela o deixou na sala de visitantes com uma despedida rápida e uma promessa de que não demoraria muito para voltar.

Ele aproveitou aquele tempo a sós para se sentar no sofá e relaxar bebendo um pouco do chá de ervas que uma empregada trouxe para ele. Precisava se acalmar, pois uma palavra errada bastava para que Katarina desconfiasse dele e levantasse inúmeras barreiras invisíveis que a deixariam inalcançável.

— Estou de volta. Sinto muito por deixá-lo esperando aqui — Katarina disse ao retornar e se sentou no sofá logo a frente dele — Como ainda está aqui, imagino que tenha algum assunto para tratar comigo…

Esta foi a deixa que ele disse o que pretendia, mas um nó idiota em sua garganta não lhe permitia ser honesto.

— Não é nada importante, apenas quero passar um tempo com minha noiva — sem querer, acabou por dizer o contrário do que queria e ainda por cima a chamou de algo que sabia que irritava a mulher. Em sua mente, inúmeros xingamentos passaram, ofendendo e repreendendo a si mesmo por ser tão babaca até quando tinha algo sério para tratar com ela.

— Entendo — e lá estava a familiar frieza dela, mostrando que nada do que Geordo dissesse a partir dali teria qualquer relevância para ela — Então você já pode se retirar — ela se levantou e um desespero enorme preencheu o peito e olhar do loiro, mas ela nem estava mais lhe encarando e até se já tinha se virado, mostrando que sua conversa tinha sido encerrada e ele não tinha mais motivos para ficar ali — Já passamos muito tempo juntos na horta e creio que foi o suficiente para você, então adeus e até um outro dia.

Enquanto ela falava, vê-la se afastando mais e mais até a saída fez o coração do Príncipe disparar. Ele sentia que, se a deixasse ir, a pequena chance que tinha de conquistá-la iria desaparecer e ele não suportaria isso, então se levantou e correu até ela, segurando com delicadeza um de seus braços para que ela parasse.

Para seu alívio, a mulher parou de caminhar, mas não se virou.

— Me desculpe — os olhos de Katarina se arregalaram e ela se virou para olhar em seu rosto com rapidez. Desculpar-se não era do feitio do orgulhoso e arrogante Príncipe que ela conhecia — Eu me expressei mal. Realmente quero passar mais tempo com você, mas não para deixá-la desconfortável ou enfurecida. Eu quero saber mais de você, quero estar mais perto de ti e adoraria se você aceitasse jantar comigo no próximo fim de semana. Pode deixar a escolha do horário e do local ao meu critério, então só preciso… — ele engoliu em seco, sendo sua voz vacilar — E-eu só preciso que você aceite.

O pouco que restava de sua dignidade sumiu quando ele gaguejou, mas lidaria com isso depois.

— Certo, eu aceito ir jantar com você — Katarina percebeu que ele estava estranho e sua curiosidade não lhe permitiu negar o convite. O brilho genuíno que passou nos olhos do loiro a deixou ainda mais desconfiada.

— Então até lá! Ao longo dessa semana te enviarei uma carta informando o local e o horário, mas não preocupe com o transporte, eu mesmo virei buscá-la.

Em um reverência curta e nada usual dele, Geordo se despediu com pressa. A visível ansiedade e alegria dele confundiram tanto Katarina que ela passou o resto do dia se perguntando o que o Príncipe tinha.

E ela não encontrou nenhuma resposta que a livrasse de suas incertezas.