Ooi, pessoal, aqui é a Mell. Mais um capítulo de Conquistar pra vocês!

Espero que gostem, e boa leitura :3


Por alguns bons minutos, Katarina não foi capaz de reagir. Da primeira vez que Geordo fez aquele tipo de proposta, ele apenas o fez por saber que a cicatriz que ficara em sua testa espantaria seus pretendentes no futuro. E por se sentir responsável pelo que aconteceu, o Príncipe a pediu em casamento na frente de todos mesmo que ele não nutrisse qualquer tipo de sentimento romântico por ela. 

E Katarina, naquela época, estava tão distraída por ter acabado de reencarnar no corpo da antiga vilã do jogo que não prestou atenção no que o loiro disse e aceitou sem questionar. 

Mas agora era diferente. Katarina não tinha mais aquela cicatriz, logo Geordo não podia usar aquela desculpa para manter o casamento. Aliás, a razão por trás daquele pedido era muito diferente do que ela esperava. 

Katarina lá no fundo já desconfiava que ele estivesse apaixonado por ela; contudo, o medo de acabar se iludindo e sair profundamente magoada a impedia de acreditar nisso. E agora que ele mesmo confirmara, ela estava em choque. 

— Geordo… — Katarina engoliu em seco. Queria respondê-lo, só que as palavras não saíam. Não importava o quão feliz ela estivesse, aquele pedido fora muito repentino. Já estava sendo difícil digerir o fato de que o Príncipe estava interessado nela e ainda tinha que responder aquela proposta? Era demais para alguém tão molenga e avoada como Katarina — Eu preciso de um tempo para pensar…

— Oh… entendo… — a forma como os ombros do loiro caíram e a cabeça dele abaixou partiu o coração dela.

— Por favor, não pense que estou te rejeitando, eu só preciso processar tudo o que ouvi. Até agora, tudo o que você tem feito é me provocar e ignorar meus pedidos, então por mais que eu queira, é difícil acreditar que de uma hora pra outra você se apaixonou por mim, eu não sei o que fazer… — resolveu expressar sinceramente suas incertezas e sua confusão, não queria deixar o Príncipe tão cabisbaixo — Me perdoe, eu sei que você merece uma resposta, mas não estou apta para dá-la no momento, espero que me entenda…

Assentindo, o loiro ergueu a cabeça e mostrou a sombra de um sorriso forçado que aumentou ainda mais a angústia e a culpa de Katarina.

— Não precisa pedir desculpas, você está certa em desconfiar — fechando a caixinha e voltando a colocá-la em seu bolso, ele se levantou e prosseguiu — Leve o tempo que precisar, eu não tenho pressa — aquilo era mentira, mas Geordo não queria que ela ficasse triste por sua causa então acabou não dizendo a verdade.

— Certo, obrigada… — se levantando também, Katarina se esforçou para dar o seu melhor sorriso — Eu adorei o jantar de hoje, sua Alteza, mas estou cansada e gostaria de voltar para casa agora — até porque ela não suportava a ideia de passar mais tempo vendo Geordo tentar esconder sua tristeza somente para não preocupá-la.

Geordo assentiu, e ambos se retiraram do restaurante após ele pagar pela refeição.

A volta até a mansão de Katarina foi ainda mais estranha e constrangedora do que a ida. Geordo queria conversar, mas em sua cabeça as palavras da sua até então noiva ficavam ecoando, o fazendo se arrepender profundamente de não tê-la tratado melhor, de ter demorado tanto tempo para perceber o que sentia em relação a ela e por ter se precipitado ao pedi-la em casamento.

Ele não podia dizer que agiu por impulso, porque planejou muito bem tudo o que faria e diria naquela noite; entretanto, o loiro reconhecia que escolheu um mal momento pra fazer aquela proposta. Deveria ter somente se declarado e pensado em casamento em um futuro mais distante, quando já tivesse conseguido provar pra Katarina que realmente a amava e que as coisas seriam diferentes.

Já Katarina estava muito confusa, absorta em seus próprios devaneios.

A mulher de longos cabelos castanhos passou sua vida toda pensando somente em si mesma, em seu futuro e nunca se importou em prestar atenção no Príncipe, porque tinha a esperança de que um dia conseguiria se livrar daquele noivado. E ela estava certa, aquele dia havia chegado. 

Tudo o que ela precisava fazer era rejeitá-lo e estaria livre.

Mas… Por que a ideia de romper aquele noivado agora deixava seu coração tão apertado?

Sozinha, Katarina não conseguiria chegar a uma conclusão. Podia tanto ser porque estava com pena do Príncipe quanto porque estava apaixonada por ele. Essa segunda opção lhe parecia quase surreal de tão improvável que era, porém não deixava de ser uma possibilidade.

— Espere — ela pediu, segurando a manga do terno do Príncipe antes que ele fosse embora com uma despedida breve — Não é porque pedi um tempo para pensar que não quero vê-lo. Daqui a cinco dias eu ficaria grata se viesse me visitar na horta como você sempre fez, sua Alteza.

Os olhos azuis claros do Príncipe quase brilharam denunciando sua alegria e sua esperança. Provavelmente ele pensava que Katarina sequer teria vontade de vê-lo, só que ele não poderia estar mais enganado.

Ela não podia negar que, embora ele sempre a irritasse com sua arrogância e suas provocações, ainda assim aprendera a apreciar sua companhia.

— Certo, eu virei. Então, até logo — ele acenou e entrou na carruagem.

Katarina ficou ali, na porta de sua mansão, esperando que ele sumisse de seu campo de visão e depois entrou, indo direto para seu quarto.

Ela passou alguns minutos deitada em sua cama, pensando no que fazer para resolver aquele dilema logo. 

Até que o rosto de alguém muito querido por ela passou por sua cabeça e a fez se levantar de supetão, caçando com pressa um papel e uma caneta. 

De forma clara e objetiva, ela escreveu uma carta e mandou que um de seus criados a entregasse ainda naquela noite e o mais rápido possível.

Ela sabia que a pessoa que a receberia ainda estaria acordada, então foi dormir com a consciência mais leve, esperando ansiosamente pelo dia de amanhã.