Oi, gente! Aqui é a Mell, e hoje trago uma fanfic de Boruto, mas com algumas alterações em sua personalidade e em seu passado. Espero que gostem!
Boa leitura!
Boruto – Esclarecer
Boruto estava cansado de se sentir excluído pelo seu pai.
Ele não aguentava mais chegar em casa e ver Hinata tendo de se virar sozinha para cuidar dele, da sua irmã e da casa.
Naruto nunca estava presente quando ele mais precisava e ninguém parecia compreendê-lo, sentia de longe os olhares maldosos lhe acusando de ser mimado e ingrato, afinal, ao contrário dele, seu pai cresceu sem família e sem amigos. Mas o simples fato de saber isso não fazia com que a tristeza dele simplesmente desaparecesse.
Então, decidido a tomar um tempo para si mesmo, Boruto mudou de caminho. Ao invés de seguir pelo trajeto que lhe levaria a casa, ele escolheu aquele que daria no morro dos hokages onde costumava ir quando queria a atenção de seu pai (sim, o loiro era consciente disso, mas isso não significava que admitiria para alguém além dele mesmo).
Sentando-se sobre a estátua do rosto de seu querido avô, Minato, Boruto observou Konoha, com uma inusual expressão séria em seu rosto. Perguntava-se até quando se sentiria tão incompreendido e solitário. E, principalmente, quando pararia de ser comparado com seu pai. Ao que parecia, Naruto mostrou ter um destino promissor desde o início e, mesmo que com dificuldades, provava vez ou outra seu valor e sua determinação para virar hokage e proteger a vila que ele tanto amava. Já Boruto sempre estava insatisfeito com suas habilidades, não conseguia ver qualquer evolução em seus treinamentos na academia nem nos que fazia em algum local isolado da cidade nos finais de semana.
Perdido nas memórias angustiantes de falhas e inseguranças, ele não percebeu a aproximação do motivo de toda a sua dor.
— Imaginei que estivesse aqui.
Assustando-se, Boruto se levantou de supetão e se virou, encontrando seu pai com seu sorriso idiota habitual e um olhar mais sério do que o filho se acostumara a ver.
— Não fique indo por aí sem avisar sua mãe, Boruto. Hinata já estava desesperada quando me contatou, seu desaparecimento repentino a deixou tão preocupada que ele nem pensou em te procurar no lugar mais óbvio.
— Eu já vou voltar então, pode mandar seu clone desaparecer, pai — a última palavra foi pronunciada com mais desgosto do que ele pretendia, mas isso não moveu sequer um milímetro da expressão indecifrável no rosto de seu progenitor. Irritando-se mais e mais, Boruto ergueu uma kunai e a apontou para o rosto de Naruto — Quer saber? Não precisa, eu mesmo faço esse favor para nós dois — estava tão alterado que sua mão tremia, algo que dificultou no lançamento da kunai.
A consequência disso foi que ele acertou de raspão a bochecha esquerda de Naruto e não o centro de sua testa, que foi onde ele mirara anteriormente.
Porém, o que ele esperava não aconteceu.
Seu pai não tinha desaparecido, e agora um pequeno filete de sangue escorria do corte superficial feito pela kunai.
Boruto ficou pálido ao se dar conta de que tinha ferido seu próprio pai, e a raiva cresceu ainda mais, agora com a culpa somada a ela.
— Por que você não desviou?! — questionou quase gritando.
— Caso o tivesse feito, você não teria acreditado que sou um clone.
Naruto chegou lhe repreendendo justamente para irar seu filho, e ele, como um tolo, fez exatamente o que seu pai queria que fizesse.
— Não quero que voltemos para casa ainda. Se você estiver de acordo, gostaria que conversássemos um pouco. Sinto que algumas coisas não ficaram esclarecidas, e é meu dever, como pai, te deixar ciente delas.
— Não quero ficar aqui para ouvir você falando que só anda ausente pela segurança de todos da vila.
— Não é pra isso que vim atrás de você, acredite.
Cético, Boruto sentou-se exatamente onde estava e Naruto sorriu, entendendo aquilo com um “prossiga” da parte de seu filho.
Sentando-se em sua frente, Naruto respirou fundo, pensando bem em cada frase que diria. Uma palavra mal colocada e Boruto distorceria tudo o que ele disse, como já fizera outra vezes.
— Gostaria que soubesse que tenho orgulho de você. Que me considero sortudo por ter você como filho e com certeza entregaria Konoha em suas mãos, se você assim o quisesse.
A confissão que traria felicidades para muitos filhos por ali trouxe apenas culpa e mais dor para Boruto.
— Como pode ter tanta certeza disso? Você nunca está presente!
— Posso não estar, mas não esqueça que tenho pessoas muito confiáveis cuidando de você. Hinata, Shino, Sasuke… Todos eles estão sempre prestando atenção em cada um de seus passos e falam deles para mim com muito orgulho.
— Então…
— Eu sempre acabo sabendo o que acontece com você e, mesmo não estando fisicamente ao seu lado, estou sempre pensando em você torcendo pelo seu sucesso.
Algumas lágrimas escorreram pelo rosto de Boruto. Tanto tempo sentindo-se desamparado, sozinho… E era tudo coisa de sua cabeça.
— E-eu não sei porque você veio pra me dizer isso, eu nunca fiz nada que pudesse ser considerado corajoso ou forte, como acontecia com você quando tinha minha idade.
— E eu nunca esperei nenhum feito memorável de você. E, ainda assim, você mostrou ser um excelente filho, sempre se preocupando com sua mãe e um exemplo de irmão ao proteger Himawari. São coisas que eu não consigo fazer com tanta facilidade estando longe, mas você nunca deixou a desejar, ao contrário de mim — Naruto inclinou a cabeça em uma pequena referência — Obrigado por ser meu filho, Boruto. Eu não poderia pedir alguém melhor para criar e sei que muitas vezes não sou digno de ser seu pai.
Naquele ponto, Boruto já tinha chorado tanto que sua vista estava embaçada; contudo, ele foi capaz de pular em cima de Naruto, o surpreendendo tanto que quase caiu no chão ao ter o corpo do filho colidindo contra o seu.
— Eu sinto muito! Eu tenho sido tão mimado e exigido tanto de você, que nunca percebi que também estava zelando por mim, mesmo tendo inúmeros cidadãos de Konoha para proteger. Sinto muito por ter sido tão ingrato… Eu quem não mereço ser seu filho — proferia, soluçando em meio as lágrimas.
— Basta, não se desculpe mais — abraçando seu filho com força, Naruto beijou sua testa — Nós dois precisamos encontrar uma forma de passar mais tempo juntos e superar nossas diferenças. Não quero que fiquei se lamentando pelo que já passou, foquemos no futuro a partir de agora — ele se levantou e estendeu a mão, sorrindo de orelha a orelha para o filho — Vamos voltar pra casa? Estou curioso para ver o que Hinata preparou para o jantar.
Os olhos de Boruto brilharam e ele segurou a mão de seu pai, dando um sorriso tão grande quanto o dele.
— Você vai jantar com a gente??? — perguntou, com uma empolgação explícita.
— Sim, consegui terminar a papelada mais cedo, e Shikamaru concordou em assumir meu lugar caso algo aconteça essa noite.
O caminho de volta para casa nunca foi tão divertido para Boruto.