Ooi, gente! Aqui é a Mell.
Espero que gostem desta fanfic, pois tem muito de mim nela, afinal quem nunca ficou viajando no mundo da lua enquanto estava em um ônibus, não é mesmo?
É de Noragami, mas é um universo alternativo, então ninguém corre o risco de levar spoiler! Boa leitura :3
Hiyori se sentou no ponto de ônibus, assoprando as mãos enquanto as esfregava uma na outra para mantê-las aquecidas. Se tivesse dado ouvidos para sua intuição antes sair de casa, teria levado suas luvas roxas e não teria que sentir seus dedos congelando igual estavam agora.
Quando suas mãos pararam de implorar por calor, ela colocou seu fones de ouvido, procurando alguma música relaxante em sua playlist para se distrair enquanto esperava o ônibus chegar.
Com sua mente de escritora e desenhista aflorada, ela começou a olhar a sua volta, imaginando possíveis cenários com os casais mais queridos de seus livros.
A cafeteria de frente pra ela, no outro lado da rua, parecia uma local propício para um reencontro entre duas pessoas que namoraram no passado, mas que certas circunstâncias — como a distância ou o trabalho — obrigaram elas a terminar. Seria um reencontro inesquecível, com aquele frio congelante e a neve decorando as ruas e estabelecimentos de branco.
O restaurante japonês a sua esquerda seria o lugar perfeito para se comemorar um aniversário de casamento.
E enquanto ela procurava uma situação que se encaixasse na pequena loja de conveniência à direita, o ônibus finalmente chegou e ela se levantou.
Acomodando-se em um dos assentos localizados no fundo do transporte público, ela reparou que naquele dia não tinha quase ninguém ali. Fora ela, apenas uma mulher com sua filha (ou era o que aparentava ser), um senhor que parecia estar dormindo e um jovem que parecia ter a mesma idade que ela.
Como esse cara era o que estava mais próximo dela, então foi que nele que concentrou sua atenção.
Ele usava um moletom azul-escuro, uma espécie de pano azul-claro envolvia seu pescoço. Seu cabelo também era escuro, e com certeza ele era mais alto que ela. De onde estava, ela não conseguia ter sequer um vislumbre de seu rosto, e isso despertou sua criatividade. Era possível que ele tivesse aquela estatura, mas os traços de seu rosto fossem finos e sutis? Ou ele teria aquele maxilar marcado que sempre fazia suas amigas suspirarem quando viam um assim? Aliás, ela mal conseguia ver a cor de sua pele. As mãos estavam sendo aquecidas dentro de seus bolsos, e o pano azul-claro não revelava seu pescoço. Como será que ela era? Branca como a dela? Morena? Bronzeada?
Se ela tivesse que pintá-lo em um quadro agora mesmo, com certeza pintaria sua pele com algum tom suave, mas marcante. Um tom alaranjado, misturado ao salmão e ao amarelo combinaria perfeitamente com o seu traje azul e seu cabelo negro.
Viajando em sua mente com as possíveis cores que ela poderia pintar, ela se atentou a outro detalhe. Como seria a voz dele?
Aguda? Grave? Rouca?
Esses e outros pormenores irrelevantes para a maioria das pessoas invadiram a mente dela, fazendo-a ir parar em uma terra tão distante que ela não viu os minutos passarem.
Quando o ônibus parou, até mesmo os filhos daquele cara ela já tinha idealizado. E quando chegou a hora deles descerem do ônibus, ela finalmente pôde ver o rosto dele.
Os olhos azul-claros não chegaram nem perto das cores que ela imaginou e a pegaram de surpresa. Sua pele era alguns tons mais escuros que a dela, e seu rosto não tinha muitos traços demarcados, porém era difícil de esquecer.
As bochechas dela ficaram vermelhas ao pensar que ele parecia ser o tipo dela.
Descendo do ônibus, soltou um suspiro desanimado ao ver se dar conta de que não poderia mais se perder em seus devaneios enquanto o observava.
— Se ao menos eu tivesse tido coragem para cumprimentá-lo, descobriria como era sua voz… — pensou em voz alta, visivelmente abatida.
— A voz de quem? — Hiyori congelou.
Poderia ser quem ela estava pensando?
Virando-se, ela encontrou aquele mesmo cara parado ali, logo atrás dela. Uma expressão serena adornava seu rosto e suas mãos ainda estavam escondidas em seus bolsos.
— D-de ninguém — riu, dando um sorriso amarelo. Hiyori podia viver com a cabeça no mundo da lua, mas sabia disfarçar quando estava reparando em alguém, não esperava ser descoberta tão rápido.
— Estava me sentindo observado e me perguntei por quem seria — ele a olhou de cima a baixo — Não estou decepcionado com a resposta.
O meio sorriso dele a pegou desprevenida e derreteu seu coração, além de ter deixado seu rosto queimando de tão vermelho que ficou.
— E o que pretende fazer agora que descobriu quem era? — perguntou, lutando para não deixar sua voz falhar.
— Está livre para tomar um café? Conheço uma cafeteria muito boa que fica aqui perto.
Pelo jeito, ele era bem direto e sincero quanto ao que queria. Hiyori gostou disso e assentiu.
— Sim — conseguiu sorrir, apesar de sua timidez a deixar quase paralisada — Aliás, qual é o seu nome?
— Yato. E o seu?
— Hiyori — ela mordeu o lábio inferior, se perguntando se deveria mesmo compartilhar com ele o que estava passando em sua mente.
Ela chegou à conclusão de que era melhor se arrepender de ter dito a não tê-lo feito e ainda assim ficar arrependida no futuro.
— Muitos já devem ter te dito isso, mas seus olhos são lindos.
— Essa é a primeira vez que ouço isso de alguém que possui olhos ainda mais belos que os meus.
Ela abaixou a cabeça, escondendo seu rubor e o sorriso bobo que teimou em sair.
Parece que Hiyori ainda teria muito tempo para olhar Yato e se distrair com suas fantasias malucas envolvendo ele.