Olá, habitantes deste imenso planetinha redondo!
Parasita ainda está fresquinho nas telas e já recebeu propostas de adaptação americana. Os EUA têm essa mania de querer se apropriar de tudo que reluz neste planeta, não é mesmo? Como se não bastasse, americanos estão dando notas baixas nas avaliações do filme em grandes sites pelo simples fato de o filme não ser dublado.
Hoje eu vim trazer pra vocês títulos originalmente asiáticos que foram adaptados para versões americanas!
Depois que conheci o mundo dos doramas, me aprofundei em produções de séries e filmes asiáticos, e eu gosto muito de recomendar e falar sobre isso, porque é um mundo que merece total reconhecimento por ter produções incríveis e muitas vezes desvalorizadas pelo ocidente ou então versões americanas elogiadas que muitos não sabem que são refilmagens.
O problema das refilmagens é que muito da essência do roteiro original acaba se perdendo na transição das culturas: aspectos socioculturais necessários para o roteiro fazer sentido que a América não possui são deixados de fora e muitas das produções acabam ficando com um roteiro enfraquecido, sem sentido ou totalmente diferente da proposta original (não é mesmo, Dragon Ball Evolution e The King of Fighters?). Isso tudo quando era muito mais fácil apenas adicionar legendas — ou vozes, para os mais chatos — e manter as produções originais.
E para quem gosta de terror, fica a indicação, já que, apesar de os efeitos especiais às vezes deixarem a desejar, muitos fãs de terror dão preferência para produções asiáticas em questão de roteiro, ambientação e abordagem.
Sem mais delongas, vou deixar aqui alguns nomes que foram adaptados na Terrinha do Tio Sam.
Oldboy (2003), Coreia do Sul, Park Chan-wook vs. OldBoy (2013), Spike Lee
O filme original é um marco no cinema coreano, lançado numa época de ascensão da indústria cinematográfica coreana e vencedor do Grand Prix de Cannes.
O filme segue a história de um indivíduo chamado Oh Dae-su, que fica trancado num quarto de hotel por 15 anos sem saber o motivo de seus captores. Quando finalmente é libertado, Dae-su se vê preso numa rede de conspiração e violência. Sua busca por vingança acaba se entrelaçando com um romance quando se apaixona por uma atraente chef de sushis.
A adaptação foi criticada tanto por fãs da obra original como por quem desconhecia a origem, pois muita coisa na migração da cultura asiática para americana acabou se perdendo e muitas cenas ficaram sem sentido. As cenas de luta icônicas do filme original, por exemplo, passaram a não fazer sentido no remake uma vez que, nos EUA, até a Tia do Pão conseguiria resolver a briga com uma bala. Porém, na Coreia isso tudo envolve os aspectos socioculturais do país devido à política rígida do desarmamento, em que apenas 1% da população possui armas de fogo.
Il Mare/Siworae (2000), Coreia do Sul vs. The Lake House (2006)
Eun-joo está se mudando de Il Mare, sua casa. Ela deixa um cartão para o novo inquilino, pedindo que lhe mande eventuais cartas que chegarem em Il Mare. Sung-hyun é um estudante de arquitetura que recebe o cartão, mas não compreende como Eun-joo morou antes dele na casa se ele é o primeiro inquilino do local. E estranha ainda mais o ano que Eun-joo coloca no cartão: 1999. Sung-hyun responde o cartão esperando reparar o mal-entendido, perguntando o porquê da brincadeira de colocar 1999 se eles estão no ano de 1997. A partir daí, os dois descobrem que a caixa do correio de Il Mare faz com que os dois se correspondam independente dos dois anos que os separam. E nesse meio tempo de correspondências e outros acontecimentos na vida dos dois, eles vão se apaixonando.
My Sassy Girl (2001), Coreia do Sul vs. My Sassy Girl (2008)
Kyun-woo, o narrador, volta ao lugar onde, há dois anos, foi enterrada uma “cápsula do tempo”. Ele combinou se encontrar ali com “Ela”. No metropolitano, dois anos antes, ao fim do dia, o jovem estudante universitário se cruza com uma jovem num estado de embriaguez lamentável. As circunstâncias vão levar a que passem muito tempo juntos, apesar da personalidade dominadora e abusiva dela, tornando-se “uma espécie de” namorados. A início, Kyong-woo, quer apenas ajudá-la a curar a mágoa que julga ver nela, libertando-a das memórias de um passado doloroso, mas a relação entre os dois parece fortalecer-se gradualmente.
Shichinin no Samurai (1954), Japão, Akira Kurosawa vs. The Magnificent Seven (1960), John Sturges
No século XVI, durante a era Sengoku, quando os poderosos samurais de outrora estavam com os dias contados pois eram agora desprezados pelos seus aristocráticos senhores, Kambei, um guerreiro veterano sem dinheiro, chega em uma aldeia indefesa que foi saqueada repetidamente por ladrões assassinos. Os moradores do vilarejo pedem sua ajuda, fazendo com que Kambei recrute seis outros rōnins, que concordam em ensinar os habitantes como devem se defender em troca de comida. Os aldeões dão boas-vindas aos guerreiros e algumas relações começam. Katsushirō se apaixona por uma das mulheres locais, embora os outros rōnins mantenham distância dos camponeses. O último dos guerreiros que chega é Kikuchiyo, que finge estar qualificado, mas na realidade é o filho de um camponês que almeja aceitação.
Aqui temos outro exemplo de “detalhes” em que, no original, temos lutas de espadas, aldeias e samurais, e no remake, pistolas e Velho Oeste na fronteira mexicana.
A Tale of Two Sisters (2003), Coreia do Sul vs. The Uninvited (2009)
A Tale of Two Sisters é um terror psicológico baseado num conto folclórico da Dinastia Joseon; é um drama-horror psicológico e inteligente, considerado pelo ponto de vista técnico. Uma coisa que eu gosto muito dos filmes (e dos jogos) de terror asiáticos é que eles são baseados no folclore e nas lendas da cultura, histórias impactantes que rendem roteiros produtivos e interessantes. E na opinião de quem se assusta com a própria sombra, o remake foi bem fraco.
A história gira em torno de duas irmãs que regressam a casa, após terem estado numa instituição mental. Em casa encontram o pai e uma madrasta cruel. A relação entre as três começa a deteriorar-se ao ponto de a irmã mais forte (brilhante Im Su-jeong) tentar proteger a mais fraca (Mun Keun-yeong) das investidas da madrasta que sentem como uma enorme ameaça para ambas. Aos poucos, acontecimentos perturbadores vão deixar os nervos à flor da pele. Todos escondem um mistério horripilante. Há outras almas presentes no ar. Almas que não estão em paz.
Na onda do terror, temos também:
- Into the Mirror/Geoul Sokeuro (2003), Coreia do Sul vs. Mirrors (2008)
- Ringu (1998), Japão vs. The Ring (2002)
- Ju-On (2000), Japão vs. The Grudge (2004)
Good Doctor (2013), Coreia do Sul vs. The Good Doctor (2017)
E, para finalizar, a série Good Doctor (2013), de muito sucesso e que conquistou altos prêmios na Coreia do Sul e cuja versão americana homônima que estreou em 2017 também está fazendo sucesso!
Park Shi-on (Joo Won) é um sábio autista que foi enviado para um centro de atendimento especializado quando era criança, onde foi descoberto que ele tinha uma memória em nível de gênio e habilidades espaciais afiadas. Ele finalmente entra no campo da cirurgia pediátrica como residente, onde são dados seis meses para provar-se capaz. No entanto, devido à sua condição mental e emocional atípica, Shi-on enfrenta conflitos de seus pares e pacientes, que o veem como infantil e não confiável. O mais crítico é o célebre cirurgião Kim Do-han (Joo Sang-wook), que o rotula como um robô sem alma de um médico que só pode confiar pesadamente em sua memória fotográfica em vez de sentir o que o paciente precisa. Apesar da ajuda de colegas justos e compreensivos como Cha Yoon-seo (Moon Chae-won) e Han Jin-wook (Kim Young-kwang), o hospital é um mundo feroz e competitivo, e os desafios enfrentados por Shi-on só se tornam maiores quando ele se apaixona por Yoon-seo.
Por hoje é só, galerinha. Desta lista, vocês já assistiram alguma das versões? Eu recomendo ver ambas para ter parâmetros de comparação! E recomendo muito Oldboy e A Tale of Two Sisters, se você gosta de bons roteiros! E Good Doctor para quem gosta de séries! Até mais.