(Uma das últimas aparições públicas internacionais de Seiji Yokoyama registradas na Internet)

 

Nunca é legal anunciar a morte de ninguém, mas quando se é necessário não temos outra opção. No último sábado (08), em Hiroshima-Japão, o compositor e maestro Seiji Yokoyama, nascido naquela cidade em 1935 morreu aos 82 anos após uma agrave em sua pneumonia.

Seiji Yokoyama era dos mais respeitados compositores do audiovisual japonês nas gerações de 80 e 90. Trabalhando quase que com exclusividade para a Televisão fez sua carreira compondo para séries de TV e animês. Entre seus trabalhos estão as trilhas sonoras dos tokusatsus Metalder e Winspector, mas nada foi tão emblemático quanto a OST de Saint Seiya / Os Cavaleiros do Zodíaco.

Variando entre fanfarras animadas e típicas de grande clássicos do shonnen animado do século XX à sinfonias melódicas e cheias de sentimentos, Yokoyama-sensei compôs uma das trilhas sonoras de animês mais respeitadas pelo público rendendo um total de 11 álbuns completos assinados por ele.

A Saga do Santuário teve três CDs dedicados às canções de Seiji Yokoyama (os álbuns Saint Seiya – TV Original Soundtrack I, II e III). A Saga de Asgard teve um CD apenas (Saint Seiya – TV Original Soundtrack VI ~Golden Ring Chapter) e a Saga de Poseidon a mesma coisa (Saint Seiya – TV Original Soundtrack VII ~Poseidon Chapter).

Para a Saga de Hades compôs no álbum Saint Seiya ~HADES CHAPTER King of Underwood. Além disso compôs as OSTs dos OVAs: Original Soundtrack IV – Kamigani no Atsuki Tatakai (A Grande Batalha dos Deuses), Original Soundtrack V – Shinku no shonnen densetsu (A Lenda dos Defensores de Atena) e Original Soundtrack VIII – Armageddon no Senshi (Guerreiros do Armagedom).

Por fim ainda fez mais dois trabalhos para a franquia: Original Soundtrack IX – Tenkai Hen Joso Overture Original Soundtrack do filme Saint Seiya: O Prólogo do Céu. E Piano Fantasy que foi uma reunião das melhores canções existem até 1989 compiladas em um álbum executado somente no piano.

Falar sobre toda a musicografia de Seiji Yokoyama seria um trabalho árduo e muito entristecedor, pois as emoções são fortes. Então resolvi destacar aqui as cinco canções mais amadas por mim que compõe a OST de Saint Seiya e foram compostas por ele. Segue a lista:

5.  Abel no Thema

Essa é a canção tema do deus vilão Abel no OVA a Lenda dos Defensores de Atena, que chegou a ser exibido nos cinemas brasileiros nos anos 90. A harpa suave executada pela divindade do Sol é uma das boas canções marcadas pelo talento de Seiji Yokoyama ao compor cada nota. Depois foi só executar junto com uma orquestra acompanhada de outros instrumentos de fricção como violinos, violoncelos e contrabaixos.

 

 

4. Ginga Sensô – Galaxian Wars

Essa é a mais clássica dentre todas, afinal é a primeira a aparecer em toda a franquia. Ambientando a Guerra Galática e toda a fase do Santuário, Ginga Sensô – Galaxian Wars é uma fanfarra composta por violinos de ataque, um contrabaixo elétrico (mostrando as tendências modernas das trilhas sonoras da época), uma bateria com marcação de ritmo constante quase como um pop. Mas a deixa marcante mesmo são so metais trompete e saxofone que guiam a introdução e são o brilho durante toda melodia criando um ambiente lúdico ao redor dos signos mitológicos e do combate que são retratados na série.

 

3. Dead Trip Serenade

A Serenata da Viagem da Morte é de todas a que mais marca esse momento triste. Seiji Yokoyama partiu e nos deixa esse hino funebre cheio de um sentimento de leveza e desprendimento: o verdadeiro significado da morte. Mais uma vez acompanhado de instrumentos de corda ele se vale de uma lira – o instrumento de combate do Cavaleiro de Prata Orfeu da Constelação de Lira – para criar a cena sonora de um dos momentos mais emblemáticos do Capítulo Inferno da Saga de Hades.

Orfeu cumpre seu papel como um Santo de Atena e usa essa técnica oculta para adormecer os Três Juízes do Inferno e Pandora no salão principal de Judecca, a Morada de Hades no Submundo. Junto da Lira um piano faz o dueto perfeito com o compasso bem próximo de uma valsa. Mesmo sendo uma música fúnebre, Dead Trip Serenade é cheia de uma alegria que não consigo explicar com palavras, apenas sentir.

 

2. Dead End Symphony

Em pé de igualdade com a canção anterior a Simphonia Final da Morte do General Marina Sorrento de Sirene é outro grande sucesso de Seiji Yokoyama que conseguiu expressar com maestria a técnica do Guardião do Atlântico Sul retirada das páginas do mangá para a TV.

Usando de uma flauta – o instrumento de combate do ascecla de Poseidon – temos uma execução impecável de uma canção que consegue transmitir com exatidão o sentimento de agonia que os inimigos de Sorrento sentem ao terem as notas da flauta demoníaca soando diretamente em seu sistema nervoso central.

Mística e sedutora como a figura mitológica que dá nome às escamas do Marina, a canção é um monológo sinistro que com toda certeza prediz apenas terror e destruição através de uma enganosa melodia. Por meio de uma série de escalas ascendentes o executor da flauta musicaliza as estrofes de um poema fúnebre.

 

1. Pegasus Ryu Sei Ken

Não tem como essa não ser a n° 01 da lista. Levando o nome da técnica mais famosa de Seiya de Pégaso, a canção-tema de batalha é o ápice do trabalho de Seiji Yokoyama como maestro e compositor. A fanfarra é o símbolo do heroísmo e da vitória. Captura com riqueza de detalhes a melodia de Pegasus Fantasy – tema de abertura da série interpretado pela banda Make-Up – e a universaliza como o hino de combate mais marcante dos anos 80/90.

Em sua segunda parte, a canção troca de forma incrível de uma fanfarra para uma opereta lírica acompanhada pelas cordas e uma guitarra elétrica e bateria. Logo em seguida os metais dão o tom para um acompanhamento de violoncelos e violinos no ritmo melódico de Blue Forever – tema de encerramento da franquia – junto de uma banda musical que expressa uma breve sonoridade próxima ao New Wave. Simplesmente incrível!

Seiji Yokoyama mostra todo o seu talento na condução deste que é o HINO de toda uma geração.

 

Caberia aqui diversas menções honrosas como o Réquiem de Mime de Benetnasch ou a canção Ai-Suru Daichi no Tameni (For the Lovly Earth). Vale citar também Kagayake! Bronze Cloth!, e Elyssium,

Seiji Yikoyama só não participou das OST de Saint Seiya: The Lost Canvas (produzido pela TMS e ele era tinha contrato com a TOEI Animation),  Saint Seiya Omega, Saint Seya: A Legends of Sanctuary e Saint Seiya: Soul of Golds. Não se sabe o motivo (talvez a idade) que o impediram de participar destes projetos.

Nos mais fica só a lembrança e esse material riquíssimo para ser lembrado eternamente por todos nós, seja você fã ou não de CDZ.

Até a próxima e… Sayonara!