"Planeta Terra, Cidade Tóquio…"

Somente os mais nostálgicos entenderão este meu início, hehe… Mas pessoas, durante o meu "exílio da internet" aproveitei para rever (além dos animes), as minhas séries tokusatsus preferidas. (Tokusatsu a grosso modo, são as séries de super heróis japoneses em live-action) e gente, na boa, falar de tokusatsu no Brasil é impossível a meu ver, sem mencionar o ícone de todos eles por aqui. Estão pensando que estou falando de Jáspion ou dos Changeman ou mesmo do Gavan? Nada disso. Estou me referindo ao Spectreman, série criada pelo Tomio Sagisu que deu as caras oficialmente no dia 02 de janeiro de 1971 na Terra do Sol Nascente… Faz tempo!

 

Tudo começou na distante e psicodélica década de 70, quando os executivos de uma tal de P-Production tiveram a brilhante e inovadora para os padrões da época (tá nem tão nova assim, já havia Ultraman) de fazerem uma série de herói vindo de uma galáxia distante que chega ao nosso planeta para nos defender dos aliens malvados que querem a todo custo conquistar e escravisar os humanos (no geral sempre é isso que os aliens malvados fazem). Então para isso o protagonista (olha as ideia mano…) seria um robô que assumiria a identidade de um humano e se juntaria a um grupo de ativistas (que já existem a séculos no mundo, hehehe) para defender o planeta derrotando um monstro gigante em cada episódio. (Sim porque monstros gigantes não podiam faltar nestas produções). Aliás, nunca entendi o fascínio dos japoneses de um modo geral por monstros.

Assim surgiu Spectreman. A série estreou no Japão em 1971 pela TV Fuji, e no Brasil foi exibido primeiramente na TV RECORD sempre à noite e posteriormente veio pra a TVS (Hoje SBT), onde o nosso herói era a atração das noites de terça-feira no programa SESSÃO PREMIADA (na época apresentado pelo Wagner Montes e o Gugu, acho que Cristina Rocha também deu as caras por lá… Nossa… Eu tinha 6 anos na época!!! Estou "véio mermo"). Posteriormente se tornou um ícone no Programa do Bozo nas manhãs e nas tardes para alegria da garotada da época.

 

Um fato que sempre me chamou a atenção em relação a esta série é o seu título que passou por inúmeras mudanças. A série inicialmente tinha o nome de Uchú Enjin Gori (perdoem se o meu japonês tá enferrujado viu), traduzindo ficaria algo como MACACO DO ESPAÇO GORI. E temos que concordar que foi uma escolha estranha dos produtores em colocar o nome do vilão como grande chamariz não é mesmo? Depois de 21 episódios, optou-se por mudar o nome para Uchú Enjin Gori Tai Supekutoroman, que traduzido fica O Macaco do Espaço Gori versus Spectreman, e finalmente depois de 40 episódios a série ficou conhecida somente como Spectreman.

Naquela época produzir uma série como esta nao era nada fácil. Foi feito um piloto de oito minutos com o nome de Goujin Elementman (Homem Elemental) que teve como protagonista o ator Hideki Goh (lembrou do nome? Tá somente os mais antigos lembram, dou um desconto). O fato pessoal é que ainda bem que a série foi rejeitada e eles foram forçados a voltar para a prancheta de trabalho. E foi aí (agora tenho certeza que vocês irão lembrar independente da idade) que Hideki Goh foi parar em O Regresso do Ultraman dando a vaga de Spectreman para o querido Tetsuo Narikawa e foi aí que a série tomou a forma que conhecemos hoje.

 

A série hoje tem a fama de ser a mais bagaceira da Terra do Sol Nascente que tivemos o privilégio de assistir com os seus cenários de papelão, shurukens de isopor e zipper nas fantasias à mostra. No entanto, a falta de recurso enfrentada pela série não desmerece em nada o seu conteúdo. Roteiristas, diretores e atores contornavam esses problemas com ótimas histórias (visto que é até hoje a que possui o roteiro mais consistente), uma boa dose de drama, ação, comédia e mesmo as críticas sociais e um grande apelo ecológico ao longo dos seus 63 episódios.

São muitos os episódios antológicos (quase todos divididos em duas partes), com destaque principalmente no aspecto humano das histórias. Um dos mais interessantes pra mim foi o do Mercenário Meteoro, quando ele desafia Spectreman para um duelo ao estilo dos velhos faroestes com direito a um final inusitado. Por gostar muito de um garoto, Meteoro que era o mais destemido e honrado  dentre todos os mercenários espaciais, resolve tomar uma decisão inusitada e no mínimo emocionante ao deixar a honra de lado em prol do menino.

 

Outro episódio que me marcou muito na série foi o Operação Genocídio que para uma criança com menos de dez anos ainda impressiona até hoje pela interpretação dos atores e imaginem na época como isso foi assustador. Este episódio apresenta mortes em demasia e ainda o sacrifício de uma criança no final do episódio. Com certeza este episódio (não só esse como outros) não passaria nos dias de hoje.

Falando em Brasil, por aqui pouco mais de cinqüenta episódios foram ao ar, sendo que a maior parte deles (os inéditos principalmente) faziam parte da segunda temporada do programa e foram exibidos a noite na TV Record no início da década de 1980, migrando logo em seguida para o SBT, onde passou primeiramente na Sessão Premiada como já mencionei acima e depois no Programa do Bozo, com ressalva nestes episódios mais "adultos" digamos assim.

E é isso pessoal, com toda a certeza, o público de hoje não se impressionaria com um cara metido em uma fantasia de borracha, lutando contra um doido fantasiado de macaco e com cenas de ação sem nada de efeitos ou coisas do tipo. Mas, Spectreman tem uma magia só dele. E como muitas coisas de nossa infância devem ser lembradas e celebradas em ocasiões especiais de nossa vida.

Com tudo isso, posso afirmar que Spectreman é uma série cult como poucas. E por isso eu recomendo que você assista.

 

 

E com a mesma tristeza que acompanhamos os Dominantes levando Spectreman de volta aos seu planeta natal (sério que eu chorei na época gente!!!), em janeiro de 2010 recebemos a notícia da morte de Tetsuo Narikawa. O ator sofria de câncer no pulmão. E claro, fica aqui o meu registro e o nosso adeus, e obrigado pelos bons momentos que seus personagens, ao longo dos anos nos proporcionaram.

E isto é uma coisa pra uma resenha futura quem sabe.

E você que não conhecia Spectreman, ficou curioso? Então procure logo assistir este icone dos Tokusatsus que merece o nosso respeito.

Planeta: Terra. Cidade: Tóquio. Como todas as metrópoles do planeta, Tóquio se acha hoje em desvantagem em sua luta contra o maior inimigo do homem: a poluição. E apesar dos esforços de todo o mundo, pode chegar o dia em que a terra, o ar e as águas venham a se tornar letais para toda e qualquer forma de vida. Quem poderá intervir? ssssssssssssssSpectreman man man man!!!

Ufa! Finalmente acabei. Grande essa né? Bom é isso pessoal! Se gostaram desta minha resenha de hoje não deixem de dar aquela curtida e compartilhar em suas redes sociais. Um forte abraço e até o próximo Tsukasa Space!!!