Kagaku Ninja Tai Gatchman (Esquadrão de Ciências Ninja Gatchman) foi um animê que apareceu em meados de 1972 sendo considerado por muitos como um Super Sentai em Animê. Aliás, arrisco a dizer que os Super Sentai que conhecemos hoje foram inspirados por ele. Ah, não sabe o que são Super Sentai? Eu explico: a grosso modo, Super Sentai é um esquadrão formado normalmente por cinco guerreiros de cores distintas que juntos defendem o universo das mais diversas ameaças. São considerados Super Sentai séries tokusatsus como Flashman e Changeman. E acreditem amiguinhos, quando analisarmos a fundo o Esquadrão Gatchman nós temos de concordar com essa afirmação.
Gatchman, que quase foi batizado como Birdman, é um grupo de cinco jovens guerreiros que vestiam um uniforme bem extravagante que eram claramente inspirados em pássaros (Alguém discorda? Saca o uniforme!) que combatem alienígenas que desejam dominar o mundo. Destaque aqui para o vilão Gallactor… Sintam a figura…
Hummm…Batom… Lu-xo!!! Mas enfim, a série fez um enorme sucesso na terra do sol nascente em 1972 com um animê original e ainda foi agraciada com mais duas temporadas que na época foram batizadas de sequências diretas: Gatchaman II, em 1978, com um total de 104 episodios (as 2 séries), e em 1979 mais 65 episódios na sequência Gatchaman Fighter. Todas com um sucesso tremendo. Tanto que em 1993, eles ganharam um remake turbinado que na verdade se tratou de um OVA com três partes. Nesse OVA os personagens aparecem com um visual mais moderno e adulto. Talvez você se lembre mais deste OVA do que da série clássica.
Falando sobre o animê original de 1972, os 5 guerreiros são: Ken (Ken Eagle), Joe (Joe Condor), Jinpei (Jinpei Swallow), Ryu (Ryu Horned Owl) e Jun (Jun Swan). Eles recebem do Dr. Nanbu Kozaburo a missão de proteger nosso planeta do vilão espacial Gallactor (lu-xo só esse vilão!!!) que, pra variar, quer dominar o mundo. Só isso, ele quer apenas dominar o mundo. Coisa básica de todo vilão. E, é claro, os episódios seguiam essa premissa, como um verdadeiro Tokusatsu com direito a um monstro derrotado por episódio. Mas calma pessoal. Evidente que haviam arcos entre as histórias, como a busca pelo pai de Ken e ainda… ATENÇÃO AO SPOILER DE LEVE… A Morte de Joe Condor. Isso mesmo pessoal. O cara simplesmente morre. E nos anos 70 isso traumatizou muitos japinhas.
GATCHAMAN PELO MUNDO AFORA…
Pessoal, fora do Japão, este animê ganhou não uma e nem duas, mas sim três versões diferentes que causaram uma certa bagunça que vou tentar explicar agora pra vocês não se perderem no meio do caminho e acabarem desistindo de assistir este clássico e excelente animê.
No final dos anos 70, com o sucesso tremendo de um filme de um certo George Lucas onde víamos batalhas espaciais insanas (estou falando de Star Wars que se você não conhece é porque morou durante todos estes anos dentro de uma caverna gelada no extremo do Himalaia). Bom, com esse sucesso todo, os Gatchaman acabaram sendo importados para os E.U.A, pela Sandy Frank Productions que primeiramente rebatizou a série com o nome de Batlle of the Planets (Batalha dos Planetas) e como todos sabemos, tudo que passa pelas mãos dos gringos sofre a síndrome do "Coxinha". Não entendeu a referência… a "Tesoura comeu" em poucas palavras… tudo foi cortado. E o corte foi tanto que tem alguns episódios que ficaram com menos de 20 minutos de duração.
E para tapar o buraco deixado por estes cortes eis que surge 7-Zark-7, um robozinho pra lá de estranho que narrava a história, resolvendo assim, o problema com o tempo.
Bom pessoal, os 105 episódios que compõe a primeira série foram simplesmente reduzidos para 85 devido ao número de cortes. Dentre as tesouradas, claro, tiraram a parte onde Joe Condor é morto, o climax do animê diga-se de passagem.
Apesar disso, Battle of the Planets repetiu o êxito que Speed Racer fez anos antes na terra do Tio Sam. E no início dos anos 80, a Sandy Frank não estava andando bem e acabou vendendo seu acervo para a Turner que, vendo a bagunça feita em Gatchaman, resolveu fazer sua versão. Então eles pegaram a série de 1972 e depois de algumas adaptações (olha a tesourada aí…) deram vida aos mundialmente conhecidos G-Force (que deve ser como os mais novinhos conhecem) e mesmo com os cortes, esta versão conseguiu ser um pouco menos intragável do que a anterior. Só que nem tudo são flores… É que a Sandy Frank não vendeu a trilha sonora para a Turner e qual foi a solução encontrada? Improvisar meus queridos! E assim surgiu um bate-estaca insuportável que irrita qualquer um.
Por fim pessoal, nos anos 90, a gloriosa Saban fez um acordo com a Tatsunoko (Produtora responsável pela criação dos Gatchaman) para trazer algumas de suas séries para o ocidente. E no pacote estavam dentre outras séries Gatchaman II e Gatchaman Fighter. Bom, não podendo usar o nome de G-Force, a Saban em uma tacada de mestre resolveu o problema unindo Gatchman II e Gatchman Fighter em um esquema parecido com o que aconteceu com Robotech. Então, a Saban fez um verdadeiro milagre reduzindo os 102 episódios para apenas 65 sendo lançada no ocidente com o nome de Eagle Riders.
E NO BRASIL?
Pessoal, por aqui a bagunça não foi diferente. G-Force chegou em meados dos anos 80 através primeiramente das fitas VHS sendo lançadas até 1995. Foi quando o Cartoon Network passou a exibir a série em sua programação, mas com o nome de G-Force, os Defensores do Espaço. Pouco tempo depois, a série passou a ocupar a programação do extinto TeleUno e de seu sucessor AXN. Por fim, o animê teve uma passagem meteórica pela Locomotion, sendo jogado às moscas nas madrugadas de sábado para domingo do Cartoon e, finalmente chegou ao Boomerang.
E em 2003, a versão original de 1972, Batalha dos Planetas, chegou ao Brasil pela Band que o colocou em horário nobre, tapando buraco deixado por Slayers. Claro que todos ficaram chocados ao ver a qualidade do animê de 1972 e tão mal adaptado com direito a presença do genérico R2-D2, sendo logo tirado do ar.
Já a versão editada pela Saban foi exibida por um longo período na Tox Kidis (com "T") e mais tarde migrou para a Globo com o nome de Esquadrão Pássaro sendo exibido ao meio dia para quem tinha parabólica.
Enfim pessoal, apesar de tudo isso que relatei aqui, arrisco a dizer que se não houvesse os Gatchman, e muito provável que os Super Sentai não seriam o que são hoje. Fico por aqui, espero que tenham gostado desta nossa viagem de hoje e até nosso próximo encontro aqui no Tsukasa Space, na nossa Rádio Jhero.