
Om Shura Sowakaaaaaaaa! Shurato!
Bem, é verdade que Shurato e Os Cavaleiros do Zodíaco compartilham algumas semelhanças, mas também têm suas próprias peculiaridades.
No final dos anos 80, Saint Seiya, conhecido no Brasil como Os Cavaleiros do Zodíaco, dominava as telas no Japão, sendo um sucesso indiscutível. Aproveitando a popularidade da série, outras produtoras rivais da Toei Animation decidiram criar suas próprias versões. Em 1988, a Sunrise, responsável pela famosa franquia Gundam, lançou Samurai Troopers, que rapidamente se tornou um sucesso na televisão japonesa. Percebendo que essa fórmula estava garantindo ótimos resultados, a Tatsunoko Production, conhecida por clássicos como Speed Racer e Macross, também decidiu investir. A produtora animou um mangá de Kawamoto Hiroshi, que estreou em abril de 1989 na TV Tokyo sob o nome de Tenkū Senki Shurato. Essa foi a última série de um gênero que alguns chamam de spirit.
Enredo
Hidaka Shurato e Kuroki Gai são amigos de infância unidos pela paixão pelas artes marciais. O destino os colocou frente a frente em um torneio que lembra muito a Guerra Galáctica d’Os Cavaleiros do Zodíaco. Enquanto demonstravam suas habilidades, a luta é subitamente interrompida quando ambos desaparecem misteriosamente no meio do confronto.
Transportados pelo poder da deusa Vishnu, Shurato e Gai são levados ao Tenkū Kai, o Mundo Celestial. Shurato desperta em um campo florido, sendo saudado pelo beijo de uma enigmática garota de cabelos esverdeados, chamada Rakesh.
Confuso e atordoado com a situação e com as roupas estranhas que agora veste, Shurato mal tem tempo para ouvir as explicações de Rakesh sobre onde está e como chegou ali. De repente, um misterioso guerreiro em uma armadura negra surge e o ataca com uma espada.
Instintivamente, Shurato se defende com um pequeno objeto metálico preso à sua cintura: o Veda. Inesperadamente, o artefato se transforma em um veículo, que é na verdade o Baruda, o veículo sagrado usado pelos deuses e reis indianos. A voz misteriosa que Shurato ouviu durante a “transmigração” ecoa em sua mente, e ao gritar Om Shura Sowakaaaaaaaa!, o Baruda se transforma em uma armadura estranha que cobre seu corpo e ainda lhe concede uma arma peculiar, permitindo-lhe enfrentar seu adversário em condições iguais.
Shurato no Brasil
Era natural que os concorrentes diretos d’Os Cavaleiros do Zodíaco fossem lançados no Brasil, e Shurato não demorou a chegar. Em 1996, a série estreou na TV Manchete, cercada por boas expectativas, já que as edições da revista Herói da época discutiam o anime com opiniões diversas — alguns o elogiavam, enquanto outros eram mais críticos. Embora Shurato e seus 38 episódios não tenham se tornado um grande fenômeno, a série não passou despercebida.
O que realmente chamou a atenção foi a versão brasileira, realizada nos estúdios da Dubla Vídeo, em São Paulo. Apesar de utilizarem as mesmas vozes dos dubladores d’Os Cavaleiros do Zodíaco, a interpretação que cada dublador deu aos personagens fez com que Shurato se destacasse como um dos animes mais bem dublados no Brasil. Mérito para a direção competente. Marcelo Campos, Tânia Gaidarji, Letícia Quinto, Márcia Regina, Cassius Romero, entre outros grandes nomes da dublagem paulista, compuseram o elenco.
As versões das músicas de abertura e encerramento, embora não tenham sido tão marcantes, apresentaram alterações nas cenas, e, curiosamente, a segunda abertura e o segundo encerramento da série não foram exibidos. Pela primeira vez, houve a preocupação em traduzir os créditos de um anime para o português, prática que se repetiria posteriormente em Yū Yū Hakusho — outro anime trazido pela distribuidora Tikara Films na década de 90.