Olá, aqui é a Vicky! Hoje eu vou falar para vocês sobre um termo que é bastante utilizado e que, ao longo do tempo, teve diferentes significados: otaku.
A palavra otaku tem o significado literal de a tua casa, podendo ser uma opção formal à segunda pessoa do singular, tu — sendo utilizada como forma de impessoalidade. Mas, para além de sua tradução literal, otaku serve como adjetivo para as pessoas que tem grande paixão por algum tema específico, sendo conhecedoras profundas sobre determinado assunto.
A palavra, aqui no ocidente, é mais utilizada para a descrição de fãs da cultura japonesa: anime, mangá, light novel, web novel, cosplay, Dorama etc.
Para contextualizarmos a evolução da palavra otaku, é importante frisar que a mesma teve pesos diferenciados, tendo em alguns momentos uma conotação extremamente negativa. Em 1983, Akio Nakamori, colunista e editor da revista Manga Burikko, usou a palavra para descrever os visitantes das convenções de cultura pop japonesa:
Os rapazes ou eram só pele e osso no limiar da subnutrição ou tinham as caras tão gordas que as hastes dos óculos corriam perigo de se afundarem nas têmporas; as moças exibiam um bobbed hair (tipo de corte de cabelo curto), na sua maioria obesas, com as suas pernas gordinhas a preencher as meias brancas. Estes modestos humanos, normalmente habitantes dos cantos das salas de aula, com as perpétuas expressões cabisbaixas, abandonaram o seu habitat para totalizar DEZ MIL PESSOAS… Independentemente da razão, parece que uma expressão para abrigar estas pessoas, bem como o fenômeno em geral, ainda não foi formalmente estabelecido. Por esta razão, decidimos designá-los por otaku, e é assim que os vamos designar daqui em diante.
Todavia, é entre 1988 e 1989 que o significado de otaku é encarado de forma completamente depreciativa, pois é quando um homem chamado Tsutomu Miyazaki assassina quatro jovens em Saitama. A mídia focou no fato do Miyazaki ter uma enorme coleção de animes e mangás, ficando conhecido como o “otaku murder“, marginalizando assim uma comunidade inteira e fazendo com que as pessoas se recusassem a ser descritas como otaku.
Isso nos leva ao seguinte questionamento: de que forma essa palavra perdeu o estigma que carregava e se tornou como a conhecemos hoje? Sem dúvida, o tempo contribuiu com essa ressignificação, e os tais otaku provaram o seu valor culturalmente, socialmente e economicamente.
Isso se deu através do advento da globalização e crescimento da cultura japonesa, que passa a encarar com orgulho a denominação, reconhecendo o potencial lucrativo do que hoje podemos denominar de indústria.
Nos dia atuais, a definição da palavra otaku é vista de forma positiva, embora aqui no Brasil muitas vezes surjam piadas relacionadas a se reconhecer como um. Recentemente foi lançada uma música que vocês podem conferir a seguir e que diz: “Mano, eu não sou otaku; não, não, não. Eu só assisto anime, se denominar é cringe! Não me chame de otaku! Não, não, não… Sou apreciadora de arte japonesa”.
E vocês, se reconhecem como otaku? Ou apenas apreciadores da arte japonesa? E por hoje ficamos por aqui! Semana que vem nos vemos novamente, por aqui, na Rádio que é do seu jeito, do seu gosto!