Tuzi, da Lua, diz: Jovens gafanhotos, vocês já se perguntaram o porquê de existir cinco elementos na Ásia?
Olá, jovens gafanhotos! A coelha da Lua inicia este artigo perguntando: vocês conhecem o símbolo da harmonia e caos e, por acaso, sabem o que ele tem em comum com os cinco elementos chineses?
I Ching e o ciclo natural da ação e reação
Ao observar a natureza, chineses antigos adquiriram o hábito de relacioná-la a todos os ciclos que reagem no ambiente a sua volta. Aos poucos, essa observação foi condensada em um livro conhecido por I Ching, a base do pensamento taoísta.
Como vimos na matéria anterior, as religiões filosóficas da China originaram-se de um amontoado de crenças ancestrais. A que mais adaptou-se aos mitos regionais, explicando as ações naturais a sua volta, assim como espalhando os ensinamentos da compostura e mora, é chamada de dào.
Dào, com sua forma aportuguesada tao, significa caminho ou algo que leva a algum lugar, que parte de um início. De acordo com o I Ching, este caminho tem um significado mais profundo e complexo, o qual muitos tendem a simplificar resumindo em um sentido de apenas agir não ativamente e seguir o fluxo natural das coisas.
Escolas da filosofia natural
O taoísmo é uma filosofia natural; sendo assim, suas ideias-bases também seguem este princípio. A natureza completa-se e anula-se ao mesmo tempo constantemente, sendo assim chamada de caos ordenado, e através disso as primeiras escolas de pensamento científico apareceram.
O Yīn Yáng e Wǔ Xíng são escolas taoístas que se aplicam em compreender a natureza através da filosofia, ciência e medicina, assim como o estudo do ciclo de ação da energia e compensação natural: o qì.
Yīn Yáng
O Yīn Yáng (yīn de passivo, e yáng de ativo) é muito conhecido pela sua representação de energias opostas em equilíbrio, o tei-gi. Sendo o taoismo uma filosofia que busca o conhecimento e harmonização com a natureza como um todo, o Yīn Yáng traz essa compreensão da mutação e equilíbrio entre espírito, mente e físico.
Cada ser, objeto ou pensamento possui um complemento do qual depende para a sua existência. Esse complemento existe dentro de si. Assim, se deduz que nada existe no estado puro: nem na atividade absoluta, nem na passividade absoluta, mas sim em transformação contínua.
Wǔ Xíng
O Wǔ Xíng (wǔ de cinco e Xíng de movimento), também conhecido como os cinco Yīn Yáng chineses, está profundamente relacionado aos conceitos do YinYang.
Assim como a dualidade e constância das duas energias, acredita-se que estes elementos estão relacionados ao ciclo natural que reage ao qì; por conta disso, é aplicado nas mais diversas formas dentro da cultura chinesa.
生 shēng, o ciclo que alimenta os elementos: a madeira alimenta o fogo; o fogo através das cinzas gera a terra; a terra une o metal; o metal dimana água; água traz vida novamente à madeira.
剋, kè, o ciclo que se contrapõe, ou domina, os elementos: o fogo que funde o metal; metal que inibe a madeira; madeira que une-se a terra; terra que retém a água; água que anula o fogo.
O encontro com a mitologia
Nós podemos observar a aplicação de ambas as escolas filosóficas através do zodíaco chinês, os mitos da criação, ascensão imortal, dualidade divina e as crenças que originaram muitos dos deuses e seres mitológicos. Por conta disso, também há uma influência de vários níveis nos animes e mangás que acompanhamos.
Às vezes, pode estar na ideologia do protagonista; outras vezes, no contexto ou poderes que circundam o enredo proposto, mas, em sua maioria, as obras tratam direta ou indiretamente sobre esta crença.
A medicina oriental chinesa também tem um laço estreito com as bases taoístas, compartilhando do mesmo preceito na ideia de reação por ação tomada e do mesmo princípio de harmonizar a energia pessoal com mundo a sua volta. Ela estabelece, através do Yīn Yáng e da aplicação do qì de acordo com os elementos, sua própria forma de tratamento medicinal.
Entretanto, caros gafanhotos, deixaremos para falar mais sobre o imenso universo mitológico do taoísmo e a medicina oriental chinesa e sua relação com a mitologia numa próxima vez!
Tuzi, da Lua, diz: Por agora, me despeço! Cambio, desligo.