A literatura oriental foi por anos difundida no Brasil através de quadrinhos (mangá e manhwa) e de livros pontuais que foram sucesso no mundo todo, como é o caso de Pachinko (que, inclusive, é um dos livros favoritos de Barack Obama), da autora Min Jin Lee.

Mas, com a disseminação da cultura coreana através do k-pop e dos doramas, as obras literárias têm ganhado mais espaço, como é o caso da “literatura de cura ocidental” em livros como Amêndoas e Bem-vindos à Livraria Hyunam-dong.

Entretanto, apesar do forte apelo da onda hallyu no nosso país e com o crescente interesse na cultura coreana, ainda existe muita resistência na publicação de livros originalmente coreanos no Brasil, e essa dificuldade aumenta quando se trata de poesias (um estilo literário que não costuma ser visto com tanta admiração pela maior parte dos leitores brasileiros).

A questão se estende quando avaliamos que, por mais que exista essa crescente no país, grande parcela do público em geral nunca teve contato com a cultura, criando assim um obstáculo a mais para que entendam o contexto histórico e cultural das obras.

Professora e coordenadora do curso de Letras com habilitação em coreano na USP, Yun Jung Im foi a responsável por traduzir para o português o livro Céu, Vento, Estrelas e Poesia (하늘과 바람과 별과 시 Haneulgwa Balamgwa Byeolgwa Si), lançado em 2023 e originalmente escrito por Yun Dong-ju, no século passado.

Recentemente, a tradutora participou do 22º episódio do Sarangbang Podcast, um podcast brasileiro focado em literatura coreana, em que fez revelações sobre os desafios em publicar livros coreanos no Brasil, principalmente os livros de poesia, tão estigmatizados.

Foi mirando no público seleto, mas apaixonado e ávido por conhecer mais a Coreia, que Yun Jung Im decidiu iniciar uma jornada diplomática para conseguir autorização da Fundação Yun Dong-ju na Yonsei University para ter acesso partes do livro original, pois acreditava que publicar um material que conta tão profundamente a história da Coreia seria um presente para os leitores brasileiros.

O livro inclui digitalizações dos poemas originais do autor com sua própria letra em hangul, que tornam suas páginas ainda mais emocionantes e transportam o leitor para o período em que os versos foram escritos.

É um bate-papo perfeito para quem ama cultura coreana, pois além de contar um pouco sobre os bastidores da produção do livro, a convidada nos conduz a uma conversa agradável sobre os doces e complexos poemas do autor. Vale a pena escutar!

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