(O mundo fantástico de Disboard!)
Sucesso de público e crítica em 2014, "No Game No Life" – o seriado em animação – é uma adaptação da light novel homônina de autoria do brasileiro Thiago Lucas Furukawa, popularmente conhecido por seu nome artístico: Yuu Kamiya. Desde pequeno cheio de vontade de apresentar sua arte à terra natal, teve no ano passado a oportunidade através da produção japonesa MadHouse, e já no finzinho de 2014 pela editora nacional NewPOP.
O anúncio das publicações da light novel e do mangá (terceira mídia oriunda dos trabalhos de Kamiya) mexeu mais uma vez com o imaginário dos otakus brasileiros. Fazia muito tempo que uma light novel de grande sucesso no Japão, e no resto do mundo, ganhava destaque em solo tupiniquim. Em 2013 muitos esperaram pelo anúncio de Sword Art Online (fóruns, fanpages, whatsapp groups etc.), mas não aconteceu. Quem quer consumir as aventuras do autor Reki Kawahara tem que se contentar em ler pelas fã-traduções ou comprar os três primeiros volumes da light novel já comercializados pela Amazon (EUA) e pagar um bom frete. No Game No Life veio para, quem sabe, reascender o mercado das light novels no Brasil.
(O mangá e o light novel de NGNL publicados pela NewPOP no final de 2014)
A Hikari, como não podia deixar de falar, adiquiriu sua edição da light novel (pela pré-venda) e deixou a poeira do entusiamo de janeiro passar para comentar. Se quem assistiu o anime adorou o enredo amarradinho dos irmãos Kuuhaku, pode dizer com todas as letras que a leitura é bem mais "apetitosa". As jogadas, pensamentos e chantagens de Sora e Shiro ficam bem mais explícitas na leitura da light novel. Yuu Kamiya se preocupa em ensinar de forma bem explicativa suas ações.
Ele revela também que sua vida não é apenas desenhar e jogar vídeo-game (como ele insisti em dizer na orelha do pocket e no prefácio dedicado aos leitores). Leituras como "O Príncipe – Maquiavel" e "A Arte da Guerra – Sun Tzu" estão anexadas às citações feitas pelos protagonistas durante todo o volume 01. A filosofia grega e o Renascimento se misturam ao pensamento oriental sobre o olhar de um latino-americano, que consegue transformar um mundo de fantasia em um espaço de discussões sociais.
O fato de Kamiya fazer seus personagens serem um NEET (Não Estuda, Estagia e/ou Trabalha) e uma Hikikomori (sem vida social) é justamente o seu questionamento a condições atuais da nossa sociedade. Sora e Shiro são reflexos de muitos jovens como nós que se apegam a um mundo por não se sentir pertencer a realidade.
Para os irmãos Kuuhaku a solução veio do sobrenatural. Ser desafiado por um deus e ir a um mundo onde tudo se resolve na base de jogos é uma metáfora.
(Sora 'o NEET' e sua irmãzinha Shiro 'uma Hikikomori')
Metáfora que os próprios irmãos fazem questão de distorcer ao citarem outra: a de que a realidade é um jogo sem graça! Bom, se é um jogo sem graça, por que ele não o animam? O fato é que os Kuuhaku não sabem é como jogar este jogo chamado vida real.
Essa é a crítica que Yuu Kamiya faz a seus próprios leitores. O autor espera que seus seguidores não se espelhem em seus personagens. Quer que eles se identifiquem e enxerguem o que é necessário para viver a juventude no mundo como ele é hoje: um mundo cheio de pressão, pessoas distintas e opressivas.
Nem preciso falar das outras duas persoagens do volume 01 né? Stepahnie Dola e Kuramy são outras duas antíteses da realidade. A primeira é o exemplo da falta de senso crítico. A adolescente (vale para os meninos também) que é fútil, mas que não se enxerga de tal forma.
Um alguém que até tenta ser relevante na sociedade, mas que para si mesmo não consegue construir algo de valor. Já Kuramy é uma falsa altruísta. Diz fazer o que faz pelo bem do próximo, mas acima de tudo pensa em si. É a personificação da arrogância. Vai me dizer que não conhece alguém assim?
(As antíteses Stephanie Dola e Kuramy)
O certo é que o volume 01 de No Game No Life, no Brasil, se mostrou bem recebido. Que isso se reflita na busca por mais light novels no mercado editorial braisleiro. São tantas que desejamos! Sem contar a arte do próprio Yuu Kamiya. Quesitos como cores, erotismo, e perspicácia no humor fazem da leitura uma diversão à parte. Contudo, antes as editoras (e nesse caso a NewPOP) deve reavaliar sua equipe e propostas.
Esta foi a primeira vez que li uma light novels tão cheia de erros ortográficos. Aonde esteve a equipe de revisão? Fã-traduções são muito mais detalhadas e comprometidas do que o que percebi em NGNL v.01. Conheço a editora, tanto que mandei uma carta criticando os detalhes da obra que foram desegradáveis. Não desaconselho ninguém a deixar de adquirir o título. Contudo espero pacientemente que erros como este não se repitam nas próximas edições!
(NewPOP sem erros da próxima vez viu!)
A todos vocês: HIKARI!