Depois de um tempo sem uma matéria decente, a World of Games volta com um assunto muito peculiar. Um jogo que envolve imaginação e sorte, muita imaginação e muita sorte. Não muito comentado, pois não há o que comentar… Simplesmente cada partida é diferente, não importa se é o mesmo grupo ou grupos diferentes: Nada nunca será igual.

O tema dessa matéria é: RPG de mesa. Uma forma muito interessante de jogar naquele dia de apagão na cidade toda e que você só tem velas e papéis para se entreter com seus amigos que acabaram presos em sua casa. Porém não é só por isso que acabamos jogando, mas também pelo prazer da aventura imaginária.

Confesso que sou uma entre esses jogadores e que, como muitos, não utilizamos dos livros originais para nossas partidas, tudo sai da cabeça de nosso narrador e, óbvio, das nossas. Para que vocês entendam mais, vamos explicar sobre esse jogo.

O RPG

A sigla nada mais é do que Role Playing Game, e significa: Jogo de Interpretação de Papéis. Consiste em ser um jogo com uma mistura de teatro com as regras de um RPG online. Nele os jogadores controlam personagens criados por si próprios, com base nas classes ditadas pelo narrador (ou “mestre” como chamam alguns).

As partidas podem ser melhoradas com livros próprios e famosos como: D&D, uma das obras mais conhecidas e, freqüentemente, citada na série americana “The Big Bang Theory”. O resto vai dependendo da sorte de cada um… “Que rolem os dados!”.

Durante a partida são usados dados (peças fundamentais para o jogo) de diversas faces: D4, D6, D8, D10, D12 e D20. Em seguida, cada jogador pega sua ficha e preenche de acordo com as regras ditas pelo narrador no começo da partida. Nessa ficha estão contidas, principalmente, características como: Força, Resistência, Inteligência, Habilidades, etc.

A partir daí que começa o jogo e o narrador dita uma introdução da história para os jogadores pensarem em como seguir e jogarem nos dados. Basicamente é isso: Narração e jogar nos dados. É preciso muita imaginação, como dito inicialmente, e muita sorte.

Como se joga?

Bem, o jogo é simples: após a introdução feita pelo narrador, os jogadores começam a ditar o enredo. Se for preciso que o jogador tome alguma atitude, ele terá que solicitar ao narrador, ou seja, terá que avisar antes. Exemplo: Vocês estão em uma floresta escura, seus amigos de grupo estão desacordados e você percebe um estranho barulho.

Sua classe é Mago e você possui a habilidade de iluminar o local, mesmo que rapidamente, o que irá fazer? Agora tudo irá depender da sua imaginação. Vai correr? Vai tentar acordar seus amigos para fugirem? Ou vai utilizar de seus poderes?

A resposta, no caso, seria clara: é preciso enxergar o que te espera, para se preparar para algum problema futuro. Porém você deverá falar ao narrador: “quero utilizar dessa minha habilidade para iluminar o local e ver o que me espera.”, assim o seu mestre irá decidir se essa decisão é boa ou não.

Mas, não é tão simples assim. Você conseguiu permissão do mestre, ok. Só que agora terá que jogar nos dados para saber se dará certo, ou não. E aí, meu querido(a), reze para que dê um número favorável, ou você se verá em uma situação estranha tendo que enfrentar animais selvagens famintos e enormes, completamente no escuro.

Lembrando que os dados citados acima são respectivamente: Dado de 4 lados, de 6 lados, de 8 lados, de 10 lados, de 12 lados e de 20 lados. E sim, eles existem.

E Quem vence?

Bom, como cada partida pode ser diferenciada, nem sempre há um único vencedor. O narrador pode fazê-los buscar por um único objetivo (para isso é preciso ter bastante tempo livre) ou fazê-los lutar uns contra os outros para um término mais rápido e com um único vencedor.

Existem salas online?

Sim, apesar de ser um jogo para se praticar pessoalmente, existem sites e programas especializados em juntar aqueles jogadores que desejam jogar com pessoas de outros lugares. Alguns exemplos são: RRPG (um programa feito para Windows, servindo de apoio para o mestre e os jogadores realizarem suas partidas online. Nele pode-se encontrar de tudo que um bom RPG de mesa precisa como base)e Taulukko (um site disponível para salas online de RPG. Site: http://www.taulukko.com.br/).

Para finalizar…

As explicações sobre RPG de mesa são muito extensas, principalmente para aqueles que gostam muito de praticar, por isso pensei em resumir bastante para vocês. Aqueles que vêem de fora, pensam que somos todos loucos por gritar o tempo todo: “vou te matar”, “posso utilizar de minha espada para cortar a garganta dele?”, “ahhhh, ogros estão nos perseguindo. Corram!”.

Para aqueles que se interessaram, podemos fazer outra matéria aprofundando mais, ou me procurem e eu explicarei um pouco a fundo tudo. Cada experiência de RPG torna-se única, todos temos acesso às modificações na história e nem o narrador consegue controlar. É como dizem: “Que rolem os dados e que a sorte esteja ao nosso lado.”.

E para finalizar, finalmente, deixo uma entrevista com meu amigo Caio Fábio dos Santos, o mais experiente que conheço nesse assunto.

Entrevista

J-Hero – Há quanto tempo você joga RPG?

Caio Fábio dos Santos  – Faz 11 anos. Eu vi pela primeira vez aos 6 anos e joguei aos 7. Quando tinha 6, via um pessoal do meu bairro jogar, só que era uma versão de Pokémon, aí, aos 7, consegui me juntar. Dos 10 aos 12 dei uma parada, quando mudei de cidade, então vim para Eunápolis, mas continuava pesquisando sobre o assunto e me aprimorando. Depois que entrei no IFBA, em 2009, voltei a jogar com um grupo que já existia.

J-Hero – Quais das funções mais exerce?

Caio Fábio dos Santos Até os 10 anos fui só jogador, aos 12, após minha volta, narrei para meus vizinhos. Em 2009 fui jogador no colégio, só que o grupo durou pouco, mas continuei mestrando pra meus vizinhos. Em 2010 juntei com um amigo, formamos um grupo no colégio, compramos os dados e a partir daí passei mais a mestrar.

J-Hero – No total, em quantos grupos você já participou? Quantas pessoas, em média?

Caio Fábio dos Santos 11 grupos. No mínimo eram 4 pessoas, contando narrador, por grupo.

J-Hero – Em qual(is) grupo(s) participa atualmente?

Caio Fábio dos Santos Tem os meus vizinhos de condomínio e tem vocês…ou melhor, tem o nosso grupo da escola.

J-Hero – Quais os principais Nicks que já utilizou?

Caio Fábio dos Santos Caio Fábio, rsrs.. é sério. Eu gosto do meu nome, ele rima. Kkkk Mas também uso bastante “Kurogane”, por causa da minha época de fanboy do Tsubasa.

J-Hero – Você está montando um livro de RPG, certo? Fale sobre ele.

Caio Fábio dos Santos  Bom, em questão de história, tudo está sendo criado por mim, baseado nos livros que já li, animes, histórias que já ouvi, principalmente nas que eu já narrei. Eu costumo usar meus grupos de RPG como laboratórios para eu testar minhas idéias, depois costumo olhar os resultados, procurando perguntar o que os jogadores acharam. Agora já devem ter 220 páginas, em média, além de ilustrações como: mapas, símbolos de cada facção, diagrama de classes, etc.

Por enquanto tenho a história, o universo, os npc’s, as classes, a ficha e os esquemas de fortalecimento do personagem (árvore de talentos).

J-Hero – Há uma previsão de lançamento? E pretende jogar na internet para downloads gratuitos ou vender?

Caio Fábio dos Santos Então, a principio pensei em lançar um livro aberto ao público para receber um retorno dos usuários sobre o livro: críticas, sugestões, etc. Para depois melhorar aos poucos e, quem sabe, em um futuro distante, se fizer sucesso, vender para uma editora.

Meu projeto é lançar a versão Beta do livro, com o apoio de algum site para a divulgação, porém ainda não há uma data específica. O livro precisa ser avaliado, preciso encontrar alguém para analisar o conteúdo em si. Quem sabe ele saia em breve.

J-Hero – Fale sobre os seus atuais grupos: Nicks, classes, etc.

Caio Fábio dos Santos No colégio tem: Jigoku Shoujo (a cavaleira negra), Leroy Kenpachi (o engenheiro), Gokudera Hayato (o espadachim), Lelouch (o arqueiro), Kamuro (o avatar) e tem um de fora, que nem no estado mora, Yukkiteru (o mercenário).

Já no condomínio tem: Sir Arthur (o espadachim), heineke, sim… é um nome de cerveja… (o arqueiro), Brad Pitt, kkk esse é bm… se chama assim porque conseguiu a aparência 12 no dado (o mercenário) e mais outros.

J-Hero – Qual foi o fato mais louco que aconteceu enquanto narrava? Há mais de um?

Caio Fábio dos Santos Imagine: Você está em um grupo que está foragido e que tem o rosto de cada membro estampado em um cartaz de procura-se, vivo ou morto, em cada canto do pais.

Escondidos em uma floresta densa que tem sua escuridão interrompida apenas por uma grande estrada movimentada, vigiada por torres com sentinelas dos dois lados, o grupo precisa atravessar a estrada e não possuem tempo.

Sendo que no grupo existe um espadachim de 2 metros, um cavaleiro negro com uma perna mecânica que serve de catapulta, um ninja que pode criar diversas ilusões e um arqueiro. O que você faria?

Simples, arremesse o ninja a 30 metros de altura com a perna mecânica, para que este se transforme no monstro do lago ness, criando uma distração para que o grupo atravesse e pegue o ninja do outro lado. Kkkkk essa é a que mais me divirto lembrando.

Além de outras como: Um minotauro, controlado por uma jogadora,usando leoas como armas pelas caudas; um jogador invoca um tubarão dentro de uma carruagem em uma correnteza, com dois aliados dentro, prestes a cair 30 metros abaixo. E por aí vai.

J-Hero – Para finalizar: o que é o RPG de mesa para você?

Caio Fábio dos Santos RPG é um jogo capaz de causar interação entre seus jogadores, desenvolvendo o espírito de trabalho em equipe e de liderança, para alguns. Além de elevar a criatividade dos participantes ao máximo, oferece ótimos níveis de estratégia e boas gargalhadas.