Olá, jovens gafanhotos! Tuzi de volta esta semana trazendo um pequeno conto para vocês! Hoje vamos conhecer a lenda d’A Lebre Branca de Inaba!
Oitenta e uma deidades
O jovem Okuninushi era um garoto bondoso, porém sofria com os maus tratos constantes infligidos por seus 80 irmãos mais velhos. Uma das razões para tal tormento era porque todas as 80 deidades desejavam se casar com a bela Yakami-Hime, princesa da Província de Inaba, e não toleram a ideia do jovem na disputa.
E assim, um dia, com o intento de cortejar a princesa, todos os irmãos foram juntos para Inaba, forçando Okuninushi, o mais jovem, carregar suas bagagens nas costas, o tratando como a um criado. Quando eles alcançaram a península de Keta, avistaram uma lebre toda esfolada que estava deitada e sofrendo com dores.
A lebre banhada em sofrimento pediu ajuda às deidades, no qual disseram à lebre: “Você deve banhar-se com água do mar e em seguida se deitar no cume de uma montanha alta para secar ao vento”.
A lebre, no desespero de aliviar seu sofrimento, seguiu o que foi falado pelas deidades. Mas, quando a água do mar secou, a pele do seu corpo rachou inteira pelo vento, de forma que a dor e sofrimento da lebre quase a levaram à morte.
Então, Okuninushi, que vinha por último de todos, pois carregava todas as pesadas malas dos irmãos, avistou a lebre se contorcendo, sofrendo muito e perguntou: “O que aconteceu?”
O animal, todo dolorido, contou sua história:
“Eu estava na ilha de Oki no Shima e sonhava atravessar para Inaba, mas eu não tinha nenhum meio de atravessar. Eu passava dias e dias na praia imaginando como poderia chegar ao outro lado do mar, onde tudo parecia maior e mais verdejante. Um dia, observando a enorme cabeça de um tubarão que sobressai das ondas, ocorreu-me uma ideia. Então chamei o habitante do mar e puxei conversa tentando ganhar sua confiança.
“Eu perguntei: ‘Qual espécie é mais numerosa, a sua ou a minha?’ Não entramos em um acordo sobre isso, então continuei dizendo: ‘Existe uma maneira de resolvermos essa questão. Você trará todos os membros de sua espécie e formará uma fila indiana desta ilha na Província. Então eu atravessarei contando e, assim, descobriremos qual espécie é a mais numerosa.’
“E dessa forma aconteceu, centenas de tubarões emergiram e formaram uma ponte. Logo comecei a cruzar o mar contando-os, estava muito empolgado em chegar do outro lado. Mas, quando eu quase estava alcançando a terra, eu disse: ‘Obrigado, amigos, eu somente queria atravessar o mar!’ Quando terminei a declaração, o tubarão que estava no fim da fila me agarrou e, como castigo, retirou toda minha pele.
“E por isso eu estou lamentando e aflito, pois as deidades que vieram antes de você me aconselharam verter água do mar e deitar ao vento. E assim eu fiz como foi aconselhado, mas meu corpo inteiro estava ferido e isso só piorou.”
Depois de ouvir toda sua triste história, Okuninushi falou para a pobre lebre:
“Vá rapidamente para o estuário e lave-se com a água fresca, leve o pólen de kama e esfregue-as no corpo. Se assim fizer, a ferida de sua pele certamente curará.”
Após ouvi-lo, mesmo desconfiado, a lebre fez como lhe foi falado, e o seu corpo rapidamente recuperou o seu estado original, revelando sua verdadeira forma: uma divindade. E, em agradecimento, à divindade então disse a Okuninushi no Kami profetizando:
“Essas oitenta deidades ímpias não conseguirão desposar Yakami-Hime. Por você carregar pesado fardo em suas costas, ser tratado dessa forma e, mesmo assim, manter-se puro de coração, conquistará a mão de Yakami-Hime e tudo o mais que é merecedor.”
E como a divina lebre afirmou, a princesa não escolheu nenhum dos 80 irmãos malvados e, sim, o 81º, por sua honra e benevolência, que mais tarde tornou-se um dos grandes mestres da nação japonesa.
Fonte: Caçadores de Lendas; Wikipedia; Ancient Japanese Mythology