Olá, jovens gafanhotos! Tuzi de volta, não tão breve como esperado, porém, com o conto do Coelho da Lua prontinho para vocês, afinal, promessa é promessa!

O Coelho de Jade que vive na Lua

O conto do Coelho da Lua possui duas versões conhecidas. Pouca coisa muda de uma para outra, o personagem central ainda é o mesmo: um ansioso e dedicado coelho branco. Sendo assim, o que realmente muda é a divindade que o encontra.

Na versão budista

Em Jataka — compilado de contos budistas —, conta-se sobre quatro animais que encontram um pobre velhinho.

Diz-se que, em uma noite de Lua cheia, um velhinho muito cansado estava fazendo uma peregrinação. Quando suas pernas e pés doeram a ponto de não mais conseguir andar, ele sentou-se à beira de um rio para descansar.

Neste momento, um macaco, uma lontra, um chacal e um coelho apareceram, uma vez que ficaram curiosos com a figura. Percebendo que o velhinho mal conseguia mover-se, mas ainda se esforçava para juntar folhas e galhos secos com intuito de criar uma fogueira, os quatro animais viram uma chance de praticar a caridade. Por conta disso, aproximaram-se do velhinho e ofereceram ajuda.

Agradecido, o velho os disse que tinha fome, pois já não comia há alguns dias. Ouvindo o pedido do idoso, os quatro saíram em busca de algo que poderia alimentá-lo; o macaco subiu pelas árvores procurando frutas e voltou com algumas delas em suas mãos.

A lontra voltou-se para o rio, nadando em busca de peixes e retornando com um em sua boca. O chacal partiu pelo meio da floresta e, após um tempo, voltou com um pote de coalhada de leite. Já o coelho, ansioso por ajudar, vagou entre arbustos próximos, até perceber que o que normalmente comia não serviria de alimento para o velhinho.

Ao voltar, percebeu que o velhinho já havia feito a fogueira e todos os outros ajudaram de alguma forma a encontrar comida para saciar a fome do idoso; todos menos ele. Sendo assim, sentindo-se culpado, ele decidiu atirar-se na fogueira, se oferecendo em sacrifício para terminar de alimentar o velho.

No entanto, o coelho não foi queimado pelas chamas. O velhinho deixou seu disfarce de lado e apresentou-se como Śakra — uma deidade, ou deva, budista —, ele tirou o coelhinho da fogueira tomando-o em seus braços.

Śakra agradeceu aos animais pela doação de seu tempo, boa vontade e caridade. E olhando para o coelho, ele disse que se sentiu tocado por sua virtude e vontade de levar a caridade até o fim. Dessa forma, como agradecimento, ele desenhou a imagem do coelho na Lua cheia daquela noite e disse a ele que daquele momento em diante todos lembrarão do que ele fez. Alguns acreditam que o coelho seja um bodhisattva — um ser predestinado a se tornar um buda.

Já na versão chinesa e japonesa

O conto é basicamente o mesmo, todavia, a divindade presente nesta versão é o Velho Sábio da Lua.

Conta-se que o Velho Sábio da Lua uma noite resolveu caminhar pelo mundo mortal com a intenção de encontrar animais caridosos e generosos. Por conta disso, percorreu caminhos que o levaram até um rio ladeado de árvores.

Disfarçando-se de peregrino dos deuses, ele encontrou uma raposa, um macaco e um coelho. Os três animais sensibilizados pelo cansaço e fome que o velhinho demonstrava ajudaram-no a colher galhos secos para fazer uma fogueira e se aquecer no frio da noite.

A Lua cheia já estava alta no céu, quando o velhinho contou-lhes que não se alimentava há vários dias. Os três animais prontamente decidiram ajudar; o macaco o trouxe frutas, a raposa pegou um peixe, mas o coelho não conseguiu encontrar nada que pudesse alimentar o velho homem.

Sentindo-se mal por não poder ser útil em ajudá-lo, o coelho decidiu saltar para dentro da fogueira recém-feita pelo velhinho, oferecendo-se como refeição para o homem faminto. No mesmo instante, o Sábio da Lua deixou seu disfarce de lado e tirou o animal do meio do fogo, impedindo-o de se ferir.

Ele agradece aos animais pela boa vontade em ajudá-lo, mas foi diretamente ao coelho e disse: “Foi uma atitude muito generosa, gentil coelho, mas ao ajudar os outros, você não deve fazer nada para prejudicar a si mesmo. Como agora o considero o mais gentil de todos, irei levá-lo comigo para que viva entre as deidades no reino celeste.”

O Velho Sábio, com coelho em seus braços, despediu-se do macaco e da raposa, voltando assim para a Lua. Alguns contos dizem que o Velho Sábio ensinou o coelho a fazer o elixir da vida, assim como o mochi. Por isso, quando olhamos para a Lua cheia, podemos ver o pequeno e gentil coelho preparando-os em seu pilão celestial.

E por hoje é só, jovens gafanhotos! Espero que tenham gostado desses contos! O Coelho da Lua é o patrono da nossa coluna, e esta coelha ainda não aprendeu a fazer elixir da vida, muito menos mochi, mas um dia fará!