Olá, jovens gafanhotos! Como passaram o ano novo? Esta coelha deseja a todos um 2021 muito melhor que 2020 a todos vocês! E, para iniciar o ano bem, nada como um conto folclórico para alegrar o dia, não é? Então, hoje nós vamos embarcar em uma aventura para conhecer um dos pescadores mais famosos da mitologia japonesa: Urashima Tarō!

Urashima Tarō, o conto

Há muito tempo, no norte de Honshū, onde agora está Kyōto — e muito antes de a própria Kyōto existir —, havia a província de Tango, e tanto quanto antes disso ela foi chamada de Tanshū.

Em uma aldeia no litoral dessa província mora Urashima Tarō, um jovem nomeado pelo seu povo como o pescador mais habilidoso daquela região e que, assim como todos os seus familiares anteriores, vivia da pesca e de dividir o que conseguia com aqueles que achava precisar.

Um dia, caminhando pela praia, ele se deparou com alguns jovens maltratando uma pequena tartaruga. Tomado de revolta, ele os espantou e tomou a pequena tartaruga nos braços, decidido a protegê-la. Urashima limpou seu casco e cuidou de qualquer ferimento que pudesse existir; quando se deu por satisfeito, o jovem pescador devolveu a tartaruga para o mar.

No dia seguinte, enquanto se preparava para voltar a pesca, ele ouviu sua voz sendo chamada distante e, ao olhar para o mar, encontrou uma grande tartaruga encarando-o. Esta tartaruga disse-lhe que foi enviada pelo Imperador do Mar, Ryūjin, para convidar o pescador a encontrar-se com ele, pois a pequena tartaruga que o jovem havia salvado era sua filha.

Intrigado, Urashima aceitou subir na enorme tartaruga e ir encontrar Ryūjin no fundo do mar. Após encantar o homem com uma magia capaz de fazê-lo respirar embaixo d’água, ambos submergiram, e a grande tartaruga pôde levá-lo a uma viagem para conhecer o fundo do mar e o palácio do rei-dragão: Ryūgū-jō.

Neste reino sob as águas, Tarō se encontrou com o imperador e com a filha deste: a pequena tartaruga, que agora estava transformada em uma bonita princesa. Em sua homenagem, por ter salvo Otohime, muitas festividades foram feitas e Urashima viu-se cativado pelo dia-a-dia sob as águas claras do mar.

Conforme o tempo passou, seus laços com Otohime se estreitaram, e ambos se viram apaixonados. O Imperador do Mar sentiu-se feliz com tal união, e mais festividades foram preparadas para o casamento.

Entretanto, mesmo com tantos dias felizes, a saudade de sua terra natal, amigos e família começou a enredar o coração de Urashima. Por conta disso, ele pediu para que tanto sua esposa quanto o imperador o permitissem voltar à superfície.

Ryūjin e Otohime aceitaram seu pedido com tristeza, e antes de sua partida a princesa entregou a Tarō um presente de despedida: uma linda caixa enfeitada com corais, conchas e pérolas. A princesa não impediu seu amado de voltar para seu povo, mas ao entregar a pequena caixa fez a ele um único pedido:

“Amado, esta é Tamatebako. Dentro dela, há algo muito precioso que você só deve abrir quando sua velhice chegar e todo seu cabelo estiver branco. Apenas quando isso acontecer, Urashima, você poderá abrir, assim então virei te encontrar”.

Vendo o rosto sério de sua esposa ao fazer tal pedido, Tarō prometeu e se despediu do reino no fundo do mar, sendo levado de volta para a superfície novamente pela grande tartaruga.

Todavia, ao retornar para sua aldeia, Urashima não encontrou nenhum conhecido. As coisas pareciam diferentes de quando ele morava ali, e as pessoas não eram mais as mesmas. Perguntando sobre os conhecidos e até mesmo se alguém se lembrava de seu nome, somente encontrou relatos sobre um conhecido pescador chamado Urashima Tarō que havia desaparecido no mar há muitos anos.

Angustiado ao perceber que o tempo no reino do mar passava diferente do da superfície, o pescador voltou para a praia e chamou por Otohime. Contudo, apesar de saber que seus chamados chegariam até o reino submerso em breve, Urashima tornou-se apressado e desesperado. Por conta de seu desalento, dessa forma sua atenção voltou-se para a pequena caixa em suas mãos.

Imaginando ter perdido tudo, o pescador abriu a caixa e, num sopro de magia, sentiu-se mais cansado. Olhos ávidos olharam para o pequeno espelho preso no tampo da parte de dentro da caixa e assim pode ver cabelos e barba branca emoldurando seu rosto envelhecido. Seu corpo estava dolorido sentindo o peso de tantos anos, seu peito falhou aos poucos sem ar.

Urashima sentiu os joelhos encontrando com a areia e, em seguida, seu corpo. Em seu último suspiro antes que a morte o levasse por sua vida longínqua, ele ainda vislumbrou o rosto entristecido de Otohime quando a princesa submergiu atendendo ao seu chamado.

Sobre o conto

Segundo a Wikipedia:

O nome Urashima Tarō é mencionado pela primeira vez durante o Período Muromachi (século XV), no livro Otogizōshi. Mas, a história é muito mais antiga, datando do Período Nara (século VIII). Em livros antigos, tais como Nihon Shoki, Man’yōshū e Tango Kuni Fudoki (丹後国風土記), Urashima Taro é referido como Urashimako, embora a lenda seja a mesma.

Sendo um dos contos folclóricos mais conhecidos do Japão, há diversas versões antigas e modernas, e dentre essas também há várias adaptações para mídias diferentes.

Podemos encontrar uma dessas referências em One Piece, em que a tamatebako aparece e é uma caixa que dizem conter o poder de fazer alguém envelhecer.

No Brasil, temos duas adaptações conhecidas:

  • Turma da Mônica: Lendas Japonesas.
  • Urashima Tarō: a história de um pescador. Um livro de Lúcia Hiratsuka.

Comentário da coelha

Alguns historiadores ocidentais fazem uma correlação entre a lenda de Urashima Tarō com o mito da Caixa de Pandora. Afinal, tanto o conto japonês quanto o grego trazem algo lamentável ou um infortúnio preso em um objeto e que, por uma fraqueza humana, acaba sendo liberado.

Então, por hoje é só jovens gafanhotos! Espero que tenham gostado, e agora, aventurem-se pelas outras matérias supimpas! Ah, claro! Não se esqueçam de acompanhar a programação da Rádio J-Hero! Esta que é sempre do seu jeito, do seu gosto!