Tuzi, da Lua, diz: Olá, jovens gafanhotos! Não, você não está perdido, esta realmente é uma fanfic na coluna da coelha! Apesar de eu não ser tão boa nessas coisas quanto a Mell, eu quis compartilhar algo diferente que escrevi há algum tempo com vocês! Esta é uma fanfic sobre deuses do xintoísmo.

Nisshoku

Primeiro veio Izanagi, que criou as três nobres crianças juntas.

Izanagi um dia olhou para o vasto mundo recém-criado que estava perdido em sombras. Desde que seu grande amor, Izanami, havia descido ao submundo e se tornado parte dele por estar morta, o mundo a sua volta esteve assim.

Ao tentar trazê-la de volta e falhando no intento, o deus banhou-se em um rio para purificar seu corpo antes de retornar aos céus sozinho. Sentindo pesar por perder seu grande amor, ele chorou por ela, tão exposto e fraco como um mortal teria-o feito.

Entretanto, Izanagi ainda era um deus e, por conta disso, deixou-se derramar apenas duas lágrimas em seu rosto divino, uma de cada olho.

Antes de as lágrimas tocarem as águas do rio no qual estava, elas se transformaram em pontos de luz. Ambas se uniam e se separavam na frente de seus olhos, completando-se e se dividindo até que os pontos de luz tornaram-se sólidos na formas de duas belas crianças.

Levitando sobre as águas correntes estavam um menino e uma menina, que muito lembravam a ele e sua companheira. Eles eram uma mistura perfeita e ímpar que fez Izanagi sorrir ao perceber em sua onisciência que aqueles eram seus filhos. Um presente que Izanami havia enviado para lhe fazer companhia nos céus.

Esses dois filhos seriam completos quando unidos, assim como Izanagi somente era inteiro com Izanami consigo.

As belas crianças sorriram para o deus e o honraram como pai naquele momento beijando-lhe a ponta do nariz. Tal gesto de afeto acalentou o coração do ser divino, que sentiu o amor de seus filhos tomar forma em ponto de luz. Então, outra criança apareceu.

Foi assim que as três crianças nobres vieram ao mundo: Amaterasu, Tsukuyomi e Susanoo. Dessa forma, Izanagi sentiu-se feliz, acalentado pela presença jovem e de beleza transparente de seus filhos.

A Amaterasu, Izanagi legou o Sol e o universo. Ela parecia ser a personificação do astro quente, pois trazia em sua personalidade o sorriso caloroso, as palavras gentis, a euforia extasiante que queima e ilumina a todos a sua volta.

A deusa continha grandes mistérios em sua forma de agir e pensar, assim como era misterioso o universo indomado até então.

Tsukuyomi era belo, tranquilo e um tanto genioso às vezes. Por ser uma criança de grande apreciação e posteriormente, um adulto inteligente, fez com que lhe desse o reino sobre a Lua.

Tornando-o um guardião da noite, disse-lhe que era responsável por orientar o mundo. Assim como as colheitas, animais e águas, para que no tempo futuro houvesse prosperidade aos descendentes dele que habitariam aquela terra.

E a Susanoo deixou os mares e oceanos, as tempestades e a chuva que alimenta a terra com a água necessária para a vida renascer. Izanagi sabia que o filho mais novo era temperamental. Susanoo muitas vezes podia ser sereno, tão tranquilo quanto às águas rasas e doces que refrescam e aliviam corações.

Outras vezes tornava-se tempestuoso, agitado e agressivo, como as grandes tempestades em alto mar que geram furações e destroem o que vê pela frente.

Mesmo eles sendo três e distintos entre si em personalidades, Izanagi decidiu que o mundo somente funcionaria com eles trabalhando em conjunto. Seriam como um ciclo: o Sol aquece a terra molhada pela chuva e com a ajuda da Lua que faz florescer e crescer vida e alimentos.

Vendo seus filhos crescerem e cuidarem de seus legados, Izanagi percebeu que algo lhes faltava. Ciente do que seus atos poderiam causar ao futuro daquela terra, concedeu aos três deuses a capacidade de amar, que até então foi ventura sua e de sua companheira Izanami.

Quando o amor foi lançado e semeado no mundo, já fez suas sementes criarem raízes imediatas no coração de Tsukuyomi, que era um admirador devotado a Amaterasu. 

Para ele, a deusa era o próprio Sol personificado, seus dias eram mais alegres e quentes tendo-a ao seu lado. Juntos morando nas belas terras criadas por Izanagi, eram companheiros inseparáveis, e ao ver-se caído de amor por ela, desejou-a disposto a se declarar e tomá-la para si.

No entanto, Tsukuyomi estava alheio ao fato de que não foi somente apenas o seu coração que tomado pelo sentimento divino, mas os de Amaterasu e Susanoo também; todos haviam sido vitimados pelas sementes lançadas.

Susanoo, que teve profundas raízes formadas em seu coração fértil, também se apaixonou por Amaterasu. Pois, para si, nada era mais belo que o reflexo do sorriso dela nas águas, assim como o reflexo do Sol no mar.

O deus dos oceanos acreditava que o nascer do Sol rivalizava com o despertar de Amaterasu. Para ele, vê-la adormecer era tão profundamente belo quanto o pôr do sol no oceano. Susanoo estava tomado de amores e, assim como Tsukuyomi, porém inconsciente disso, também a desejou, decidindo declarar-se e Amaterasu para si.

Amaterasu amou a tudo que viu no momento que as sementes adentraram seu coração e queimaram. Isso fez com que a essência do amor espalhar por todo seu ser, unindo-se ao Sol.

Ela amou o céu azul sobre si e o universo extenso e ilimitado que vinha após ele. Amou a terra, os povos futuros que ainda não nasceram e os seres que ali já habitavam. Tal qual as flores, frutos, as águas e o verde que se estenderia. Amou aos seus iguais e a Susanoo e Tsukuyomi.

E, acima de tudo, amou a si mesma, pois era ciente de sua importância em todo aquele ciclo.

Amaterasu era a única entre os três que havia herdado a onisciência de Izanagi. Tal herança a fez ciente do amor de Susanoo e Tsukuyomi, e por essa razão temeu o que o futuro trazia. Afinal, ela apenas correspondia o amor de um deles da mesma forma.

Foi em uma manhã de sol que Susanoo chegou a Amaterasu primeiro, contando-lhe de seu amor recém descoberto, nascido da fascinação e carinho. Ele a presenteou com ukemochi, uma pequena deusa que viria a cuidar da agricultura dos povos que habitariam a terra.

Amaterasu aceitou ukemochi, dedicando o Sol e a chuva como companheiras para a pequena deusa. Deixando-a na terra, permitiu que iniciasse a criação das plantas e espalhasse o verde pelo mundo.

Tsukuyomi, quando chegou até Amaterasu e viu Susanoo a cortejando, sentiu-se ciumento e, assim como o outro, declarou seus sentimentos. Entretanto, não deu nenhum presente para a deusa, pois julgava não achar nada tão significativo ao ponto de poder o dedicar.

Amaterasu entendeu o coração e sentimentos de Tsukuyomi e a ele confessou seu amor também, deixando todos saberem que o correspondia. Entretanto, Susanoo sentiu-se traído, pois a Amaterasu dedicou seu amor e um presente, e esta o rejeitou aceitando o nada que era oferecido por Tsukuyomi.

Susanoo, então, de tão enraivecido que havia ficado, fez suas águas subirem e afogou todo o verde que ukemochi havia criado em homenagem a Amaterasu. Nisso, Tsukuyomi, disposto a mostrar seu poder diante do irmão, atacou Susanoo matando ukemochi no processo, terminando de destruir o que de verde havia restado.

Amaterasu, desgostosa e entristecida pela briga de ambos, virou as costas aos dois e partiu para os céus abandonando a terra, e indo morar ao lado de Izanagi nos reinos celestes.

Susanoo entristeceu e recolheu suas águas, dizendo para Amaterasu que não mais a importunaria, prometendo-a amar a distância. Já Tsukuyomi cobriu a terra com sua tristeza e sombra sem fim, e seguiu com Amaterasu para os céus; todavia, não mais pôde compartilhar de sua companhia, já que formaram assim o dia e a noite, Sol e Lua jamais se encontrando outra vez.

Para as ilhas, esta foi uma época triste, pois lembrava a separação de Izanagi e Izanami. Tudo permaneceu na escuridão até que Tsukuyomi, disposto a ter o perdão de Amaterasu, dedicou grandes anos a pensar numa forma de presenteá-la, trazer ukemochi de volta a vida e voltar a estar ao lado da deusa outra vez.

Foi assim que ele criou as estações do ano, para que pudessem através das fases da Lua, dividir o mesmo céu durante o dia com o Sol.

Todavia, ainda que Lua e Sol pudessem aparecer juntos durante o dia, não era o suficiente para ambos pudessem seguir juntos. Dessa forma, num ato de desespero, Tsukuyomi foi até Izanagi pedir por conselhos.

Izanagi, compadecido do filho, pois ele próprio já não podia ter Izanami junto a si, deu ao deus lunar alguns dias nos anos e eras futuras para que ele pudesse encontrar Amaterasu, porém a forma do encontro caberia a Tsukuyomi descobrir.

Desta permissão Tsukuyomi criou o eclipse solar, para ajudá-lo a correr o tempo todo pelo céu para encontrar Amaterasu, até que pudesse estar com ela novamente em seus braços.


Esta é uma fanfic de minha autoria adaptada de outra fanfic também minha publicada sob o user WeiTuzi em um site próprio para fanfics. Qualquer cópia ou reprodução sem meu consentimento é crime.

Tuzi, da Lua, diz: E é isto, jovens gafanhotos! Espero que tenham gostado dessa versão docinha do conto desses deuses! Não se esqueçam de passar pelas matérias e colunas do site e acompanhar a programação da Rádio J-Hero, esta que é sempre do seu jeito, do seu gosto!