Saudações, amantes da cultura pop oriental. A um dia da estreia da Seleção Canarinho no Mundial do Catar, vamos dar sequência ao nosso Especial da Copa do Mundo falando um pouco sobre a conexão entre nosso futebol e alguns países do leste asiático, inclusive algumas referências ao futebol brasileiro em animes. Se você é apaixonado por futebol (como eu), este é o lugar certo para você. Se você é daqueles que só se importam com futebol na época da Copa do Mundo, você também vai amar o texto de hoje. Se você é daqueles que não ligam para o futebol, tenho certeza que você também irá adorar nosso papo desta semana. Então, sem mais delongas, bora para o artigo futebolístico de hoje.

A influência brasileira no futebol asiático

Vamos começar pelo “berço” dos animes, o Japão. O futebol é um dos esportes mais populares na Terra do Sol Nascente, levando dezenas de milhares de pessoas aos estádios todos os anos e fazendo com que milhões de corações vibrem a cada chute, apito e gol. Apesar desse amor do povo japonês pelo esporte, o futebol profissional no Japão é relativamente recente, tendo tido seu “pontapé inicial” apenas em 1992, com a criação da J.League. Antes da liga profissional de futebol surgir, o país já possuía outra liga de futebol, a Japanese Soccer League. A JSL, como também era chamada, porém, não era profissional, sendo formada por times de grandes empresas japonesas, como Mitsubishi e Nissan, em que os jogadores eram funcionários dessas companhias.

No início da década de 90, porém, as coisas mudaram com a criação da J.League. Composta inicialmente por 12 clubes, a liga trouxe o profissionalismo para o futebol japonês, melhorando desde a estrutura das equipes até a qualidade do jogo em si. E é aí que os caminhos do futebol nipônico começam a se cruzar com os nossos. Como o Brasil é referência mundial em termos de futebol, os japoneses levaram, desde os primeiros anos da J.League, jogadores do nosso país para desfilarem em seus gramados (além de contratarem estrangeiros de outras partes do mundo, mas os brasileiros tiveram um impacto singular por lá).

Um dos primeiros clubes participantes da J.League foi o Kashima Antlers, da região de Ibaraki, e eles contrataram nada mais, nada menos, que Arthur Antunes Coimbra, o Zico. Caso você não conheça o Zico, saiba que ele foi um dos melhores jogadores de todos os tempos (tendo como único defeito não ter jogado no Palmeiras hehe). Se o Zico fosse um anime, ele seria Naruto ou Bleach, ou seja, independente se você gosta ou não, você tem de reconhecer que se trata de algo (ou alguém) de imensa importância no seu meio. Ah, e antes que alguém confunda: não, nós não estamos falando do Zico do k-pop, ok (se bem que ele também é ótimo)?

Vos apresento Zico e Zico.

A importância de Zico para o futebol japonês é gigantesca. Como jogador, ele nunca ganhou o Campeonato Japonês, mas, devido à sua importância e qualidade, fez com que o esporte crescesse exponencialmente por lá, fazendo com que os olhos do mundo do futebol se virassem para o Japão. Desde então, Zico é idolatrado pelos torcedores do Kashima Antlers, tendo ganhado desde uma estátua de bronze na entrada do estádio do time, o Estádio Kashima, até um minimuseu dedicado aos seus feitos pelo Kashima e pelo futebol nipônico como um todo. Além de Zico, outros grandes jogadores brasileiros, como Dunga (que não é aquele da Branca de Neve) e Toninho Cerezo (que tem um belo bigodão), também marcaram época no esporte do Japão.

Outro “ponto de contato” entre Brasil e Japão no campo do futebol é o Shimizu S-Pulse. A equipe da cidade de Shizuoka não foge à regra e apresenta grande influência do futebol brasileiro, possuindo um hino oficial cantado em português e entoado em ritmo de samba por sua torcida durante os jogos. Além disso, o time possui, atualmente, nada menos do que um treinador e seis atletas brasileiros, incluindo um chamado… Yago Pikachu!

O Japão não é o único país asiático a ter recebido grande influência brasileira no futebol. Coreia do Sul e China, que tiveram suas primeiras ligas profissionais de futebol em 1983 e 2004, respectivamente, também têm grandes ligações com nosso país através da bola. Um dos nossos jogadores de maior destaque na Coreia do Sul atualmente é Gustavo Henrique, conhecido como “Gustagol”. O atleta joga em um time chamado Jeonbuk, com sede na cidade de Jeonju, e já ganhou duas vezes o campeonato sul-coreano (Jeonju, inclusive, é a cidade natal da Kim Tae-yeon, do Girls’ Generation). A China, por sua vez, também contou com vários brasileiros em seus times nos últimos anos. Um dos principais brasileiros jogando por lá atualmente é Oscar, que veste a camisa do Shanghai Port. Caso não estejam lembrando quem é Oscar, ele foi o responsável pelo único gol que o Brasil marcou contra a Alemanha na derrota por 7×1 na Copa de 2014 (enquanto eu escrevia isso, aposto que saiu mais um gol da Alemanha).

Referências ao futebol brasileiro nos animes

O futebol brasileiro também chegou nos animes. No parágrafo anterior, eu mencionei a goleada que o Brasil tomou da Alemanha em plena Copa do Mundo, então vamos começar pela referência que o anime de Assassination Classroom fez ao episódio, quando nosso queridíssimo Korosensei, durante passagem por nosso país, acabou lembrando, sem querer querendo, do fatídico episódio, o que fez com que as pessoas que estavam perto ficassem realmente bravas com ele (essa cena é ótima).

Outro anime que faz várias referências ao futebol brasileiro é Super Campeões, clássico anime futebolístico dos anos 90, começando por Roberto Hongō, mentor do protagonista Tsubasa Ōzora. Na obra, Hongō é um ex-jogador de futebol brasileiro que se aposentou após sofrer um descolamento de retina e passa a orientar Tsubasa em sua jornada ao topo do futebol mundial. O problema ocular que fez o personagem se aposentar na história é inspirado no que aconteceu ao jogador Tostão, famoso nos anos 70 e que teve de se aposentar antes dos 30 anos justamente por causa de um descolamento de retina no olho esquerdo após levar uma bolada no rosto durante uma partida. Além de Tostão, Roberto Hongō também foi inspirado no ex-jogador Sócrates, que jogou no Corinthians e na Seleção Brasileira (a barbicha de Hongō também lembra o estilo da barba do brasileiro). E não para por aí. Além de Sócrates e Tostão, o anime também homenageou Rivaldo, um dos melhores jogadores do mundo nos anos 90, com um personagem chamado Rivaul, sendo que o personagem jogava no mesmo time onde o astro brasileiro atuava na virada do século: o Barcelona, da Espanha.

Sócrates (à esquerda) foi uma das fontes de inspiração para o personagem de Super Campeões, Roberto Hongō (à direita).

Por hoje é só, pessoal. Espero que tenham gostado do conteúdo. Vamos apoiar a nossa Seleção na busca pelo título. Nos vemos na próxima semana, nesta mesma coluna e nesta mesma rádio, que é do seu jeito, do seu gosto. Vai, Brasil!