Olá, pessoal. A Copa do Mundo começa no próximo domingo, e nós não poderíamos deixar isso passar em branco. Estão animados? Eu estou! Se tem uma coisa que eu gosto (além de animes e frango frito), são esportes. Nada melhor do que ver 22 pessoas correndo, durante uma hora e meia, atrás de uma… bola! Ou ver dez pessoas percorrendo uma quadra durante cerca de 50 minutos enquanto arremessam uma… bola! Ou mesmo ver duas pessoas segurando uma raquete em uma quadra separada por uma rede não muito alta enquanto rebatem uma… bola! Seres humanos são realmente apaixonados por bolas, não é? Enfim, não estamos aqui para discutir o amor de nossa espécie por objetos esféricos destinados à prática esportiva, mas, sim, para falar um pouco das características de um anime, mangá, dorama etc. de esportes. Então pegue as suas chuteiras e brota com a gente na primeira parte do nosso Especial da Copa do Mundo.
O azarão é quem manda
Vamos ser diretos: um dos elementos mais importantes (talvez o mais importante) em uma obra esportiva é o personagem azarão. Ok, personagens desacreditados não são exclusividade de produções de esportes. Shōnens são cheios disso (não à toa, o gênero esporte encontra grande espaço em obras dessa demografia). A questão é que, se estamos falando de obras esportivas, é quase uma “obrigação” colocar um personagem fraco, desmoralizado, aparentemente sem talento e/ou confiança na trama, sendo que um personagem assim não precisa, necessariamente, estar presente em um shōnen. Lembram, por exemplo, de Hokuto no Ken ou de Death Note? Nem Kenshirō nem Light Yagami são personagens que a gente olha e fala: “poxa vida, tadinho desse fracote desacreditado”. Nas histórias esportivas, contudo, a ocorrência desse tipo de personagem é altíssima.
A gente poderia listar dezenas de personagens (que, usualmente, são protagonistas) que se encaixam nesta categoria. Hinata, de Haikyū!!; Yuri Katsuki, de Yuri on Ice; Kuroko, de Kuroko no Basket; Tsubasa, de Super Campeões… Os exemplos são muitos. Um bom protagonista esportivo raramente será alguém forte, habilidoso ou confiante. Colocar um protagonista com fraquezas e limitações evidentes é a base das produções esportivas, de onde partem outras várias características do gênero.
Os esportes são apenas um meio
Em produções de esporte… o esporte é só um detalhe. Ok, “detalhe” é um exagero, mas, de fato, os esportes ficam em segundo plano em obras esportivas, ainda que os espectadores possam aprender algo sobre o esporte que está sendo mostrado na história e até mesmo se sentir inspirado a praticá-lo. Por exemplo: ainda que coisas assim possam ser mencionadas, não é a intenção principal de Haikyū!! falar sobre grandes nomes da história do vôlei, como Serginho ou o americano Karch Kiraly, nem é o objetivo primário de Blue Lock (um dos animes mais hypados desta temporada) ensinar sobre as formações táticas do futebol. Todo o cenário esportivo esta lá para criar o contexto de desenvolvimento dos personagens e de suas histórias. É como dizem: o mais importante é a jornada, não o destino.
Da mesma forma, o “grande jogo” ou a “apresentação final” são apenas o ápice da jornada. O mais importante não é sobre qual time ou escola vencerá a partida e a competição, mas a trajetória da equipe e/ou atletas até aquele momento e como eles usarão todas as lições aprendidas durante o caminho no momento de maior tensão e dificuldade. Os maiores prêmios não são troféus feitos de ouro e prata, a fama ou o dinheiro, mas, sim, as amizades construídas, os obstaculos superados e a satisfação de ter se tornado, dia após dia, uma versão melhor de si mesmo (mas se isso tudo vier acompanhado de troféus, fama e grana, melhor ainda! haha).
Conflitos e rivais
É indispensável, em uma história sobre esportes, que haja um forte conflito relacionado ao protagonista. O conflito pode ser algo pessoal e interno, como falta de confiança (Yuri Katsuki), pessoal e externo (Hinata e sua baixa estatura para os padrões do vôlei) ou pode ser algo externo, como um atleta rival ou equipe adversária (ou mesmo uma mistura desses e de outros tipos de conflito). Na minha opinião, todos os tipos de conflito são bem-vindos, desde que bem elaborados, mas a rivalidade contra outros personagens torna as coisas mais interessantes e empolgantes. Afinal, quem não curte uma treta, né?
Quanto ao rival, é interessante fazer com que ele esteja um passo a frente do protagonista durante quase toda a história, além de fazer com que ele seja muito bom na prática daquele esporte e que seja alguém arrogante. Pronto! Essas características, somadas à fraqueza inicial do protagonista e seu grande desejo de superação, fazem com que todo mundo torça a favor do protagonista (e queira mandar o rival dele para o inferno).
Por hoje é só, pessoal. Espero que tenham gostado. Na próxima quarta-feira, um dia antes da estreia do Brasil no mundial, teremos a segunda parte do nosso Especial da Copa do Mundo, desta vez trazendo maior destaque para o futebol em si e para a forte conexão que existe entre o Brasil e o leste asiático “dentro das quatro linhas”. Nos vemos na próxima semana, nesta mesma coluna e nesta mesma rádio, que é do seu jeito, do seu gosto. Bye bye.