Bom dia/boa tarde/boa noite, pessoal. Chegamos hoje ao último texto especial sobre os quatro tipos de finais possíveis para uma produção audiovisual. Assim como na semana passada, quando falamos do final agridoce, hoje vamos ver um final que é um meio-termo entre os finais doces e amargos. Mas, ao contrário do que acontece no final agridoce, no final semidoce, nosso foco desta semana, o protagonista não consegue o que deseja, mas certamente se torna uma pessoa melhor. Quer saber mais sobre o quarto e último tipo de final? Então chega mais!

No capítulo anterior…

Antes de falarmos do tipo de final de hoje, vamos recapitular alguns conceitos importantes que nos ajudarão a compreendê-lo e que irão situar aqueles que não leram os textos anteriores:

  • Arco de personagem: É a trajetória do personagem, construída em cima do “atrito” causado entre o que o personagem quer e o que ele realmente precisa.
  • O que o personagem quer e o que o personagem precisa: Em todas as histórias (ou na maioria delas), o protagonista terá algo que ele quer conquistar (dinheiro, bens materiais, sexo etc.) e aquilo que ele precisa conquistar (aprender alguma lição, melhorar algum aspecto do seu caráter etc.), sendo que a história vai se desenvolver em torno da jornada do protagonista rumo a uma coisa ou outra ou até mesmo ambas ou nenhuma delas. O que o personagem quer e o que ele precisa não são necessariamente os mesmos durante toda a trama, eles podem ser substituídos a qualquer momento.
  • Verdade: A lição e/ou revelação que o protagonista precisa encarar em algum momento da história. Aceitar ou não essa verdade será determinante para o tipo de final que a obra terá.

Final Semidoce

Considerações iniciais concluídas, vamos falar do final semidoce em si. Como vimos no começo deste artigo, o final semidoce é parecido com o final agridoce, se colocando, assim como ele, no meio do caminho entre o final doce (em que o protagonista consegue tanto o que quer como o que precisa) e o final amargo (em que o protagonista não consegue nem o que quer nem o que precisa). A diferença entre o final agridoce e o final semidoce é que, no primeiro, o protagonista consegue o que quer, mas não o que precisa, gerando um final que, geralmente, é um pouco mais pesado e até trágico, enquanto que no segundo nós temos um protagonista que não consegue aquilo que ele quer, mas conquista o que precisa. Se, por exemplo, um personagem quer muito dinheiro, mas precisa aprender a ser humilde, com o final semidoce ele alcançará a humildade necessária. Vai ficar sem a grana, mas será uma pessoa melhor.

Uma grande parte dos filmes (especialmente os filmes familiares e infantis, ainda que esse tipo de final não se restrinja apenas a eles) se utiliza do final semidoce, uma vez que é um ótimo tipo de final para se ensinar uma lição para o público. Mostrando um personagem que, no início, tem algum problema de caráter e quer muito algo que, em várias ocasiões, está diretamente ligado a esse problema se transformando à medida ele encara e aceita sua verdade, as produções conseguem passar a mensagem (costumeiramente positiva e sobre algum tipo de amadurecimento) que os produtores e staff desejam.

Como nem sempre conseguimos o que queremos, mas inúmeras vezes devemos aprender alguma coisa e o fazemos ao passar por cenários adversos, o final semidoce acaba sendo mais “fiel” a algumas situações da vida humana do que o final doce, ainda que o final doce possa ser o mais desejado. Talvez seja possível afirmar que, olhando para os quatro tipos de finais, os fins “doce” e “agridoce” podem ser os que mais desejaríamos ter caso pudéssemos escolher como as mais variadas circunstâncias em nossas vidas terminariam, ao passo que os finais “semidoce” e “amargo” são os que, geralmente, acontecem de fato.


Com isso encerramos nossa série de artigos sobre os quatro tipos de finais, pessoal. Espero que tenham entendido todos os tipos e gostado do resultado final. Nos vemos na próxima semana, nesta mesma coluna e nesta mesma rádio, que é do seu jeito, do seu gosto. Bye bye.