Saudações, vorazes e sagazes fãs da cultura pop oriental. Como estão? Última quarta-feira do mês de julho, muita gente já voltou ou está para voltar para a escola, faculdade ou coisa que o valha. Logo, nada melhor para encerrar o mês do que uma boa leitura. Hoje nós vamos ver um pouquinho sobre como nossas séries, filmes e animes favoritos nos introduzem e apresentam ao seu próprio universo. Mas não se engane, pois, ao citar o “universo” de uma produção, não me refiro ao espaço sideral, mas, sim, ao mundo próprio daquela obra. Então, sem mais delongas, bora para o texto de hoje.

Apresentação de um universo

Antes de testemunharmos uma grande batalha final, acompanharmos o desfecho de uma vingança ou presenciarmos o desfecho do casal principal em uma obra audiovisual, precisamos ser situados naquele mundo específico e suas regras de funcionamento. Caso não tenhamos uma (boa) apresentação do universo próprio de uma obra, a audiência terá dificuldade não apenas de entender a trama, mas também de se conectar emocionalmente com a história e seus personagens. Dessa forma, desde o primeiro momento uma produção deve nos informar sobre o que está acontecendo e sobre o que nós devemos esperar em termos de personagens, ritmo, ameaças, contexto etc. Existem várias formas de apresentar ao espectador elementos do universo de uma obra, que vão desde eventos cataclísmicos como uma guerra entre o planeta Terra e alienígenas de outras dimensões até as roupas dos personagens, seu sotaque e suas conversas.

Um bom exemplo de como uma simples conversa no começo de um anime pode apresentar com eficácia tanto o carácter de um personagem quanto aspectos maiores da história é justamente em My Little Witch Academia, quando Akko Kagari se encontra com as bruxinhas Avery, Barbara Parker e Hannah England na estação de Leyline. Aqui vai um pequeno spoiler do primeiro episódio, mas não é nada tão grande assim. De qualquer forma, tome cuidado. Pensando bem, essa é a segunda semana consecutiva que eu uso My Little Witch Academia como exemplo aqui na coluna… Enfim, o anime é uma graça então acho que está tudo bem. Antes de virem Akko, as moças estão discutindo sobre a (segundo elas) indevida admissão de uma nova aluna sem linhagem mágica em Luna Nova e sobre as dificuldades financeiras da escola de magia que a levaram a fazer isso. Pronto. Em um diálogo que dura exatamente 34 segundos (sim, eu contei) nós temos um pouco sobre o caráter daquelas personagens e um pouco sobre um aspecto mais abrangente da história, as dificuldades financeiras de Luna Nova. Simples, mas efetivo.

My Little Witch Academia, meu exemplo semanal aqui na coluna.

Obras com um universo muito extenso e rico

Nessa vastidão de filmes, séries, animes, novels, mangás e coisas do tipo, naturalmente existem obras de vários tipo e gêneros, fazendo com que nem toda apresentação de universo seja a mesma. Quanto mais rico e variado é o universo de uma produção, mais difícil fica realizar uma apresentação. Por exemplo, doramas mais voltados para o slice of life como Holo, Meu Amor, Love Alarm ou Pousando no Amor, são um pouco mais simples de apresentar do que obras como Round 6 (o que não significa que são necessariamente piores ou mais fáceis de criar). Quando temos universos mais amplos e detalhados, uma boa opção é apresentar esse universo aos poucos ao longo da história. Com um mundo repleto de detalhes, tramas e traços específicos, apresentar tudo de uma vez logo nos primeiros momentos pode fazer com que os espectadores não consigam absorver toda a informação disponível, fazendo com que a compreensão da obra seja diminuída, comprometendo toda a experiência com aquela determinada produção.

Um último detalhe que eu gostaria de apontar é a necessidade de uma obra fazer sentido por si mesma, ainda que ela faça parte de algo maior como uma trilogia. Muitos filmes que fazem parte de um “universo maior” pecam justamente nisso, se ficando muito nas conexões com outros filmes e deixando a sua própria história em segundo plano. Um bom exemplo disso é o Homem de Ferro 2, que conecta bem elementos do UCM como a própria S.H.I.E.L.D., mas que se esquece de apresentar uma história própria de qualidade, vide a forma meia-boca como o Homem de Ferro e o Máquina de Combate vencem o vilão Chicote Negro. O único jeito de salvar aquele filme seria chamando a Yōko Kanno para compor a trilha sonora. Enfim…


E chegamos ao fim de mais um texto, pessoal. Espero que tenham gostado da nossa conversa sobre universos que não são espaciais (haha). Nos vemos na próxima semana nesta mesma coluna, nesta mesma rádio, que é do seu jeito, do seu gosto. Bye bye.