A Hikari comenta a seguir as diversas situações já previstas para o mercado nacional de mangás em 2018 após o primeiro mês do ano ter se encerrado. Prognósticos dos mais diversos são feitos com base no acompanhamento das redes sociais das editoras, sites especializados e comentários da comunidade fã.

Você confere em ordem aleatória e sem relevância cada uma das principais editoras e seus destaques e repercussões já para 2018. Lembrando que muita coisa é especulação e ao longo do tempo pode se concretizar ou não. Vamos lá!

 

Editora Abril (Abril Jovem)

Quando a Editora Abril – ainda em janeiro – decidiu anunciar uma nova publicação do seu mangá de maior sucesso, Kingdom Hearts, em novo formato sem nenhuma ideia de quanto volumes ao todo serão (o que é o cúmulo do rídiculo por parte de um grupo editorial), o que se esperava era que nada mais tão bizarro pudesse assustar os colecionadores de mangá brasileiros.

Mas mantenha a calma. Não há nada ruim que não possa piorar (diria o mais pessimista dos pessimistas). O autor da frase não está errado, contudo ele apenas se esquece de um detalhe: cada situação tem os seus pormenores. No caso da Abril se especula que sejam dez volumes reunindo assim as quatro fases do mangá de Shiro Amano que realiza uma adaptação do game homônimo da Square Enix / Disney. O que por si só já nos parece uma organização complicada. Observe:

O primeiro Kingdom Hearts foi publicado por aqui em 2013 e continha quatro volumes. A primeira edição dessa nova publicação – nomeada Edição Definitiva – parece que reunirá dois volumes em um só, dessa forma finalizando o primeiro arco em duas edições.

Já o segundo título, Kingdom Hearts: Chain of Memories, – publicado entre 2014 e 2017 – foi lançado em dois volumes (com um gigantesco intervalo de tempo de um para o outro!) e deve vir em uma única edição. Contabilizando assim o terceiro volume da edição definitiva.

 

(Capa do primeiro volume de Kingdom Heart: Edição Definitiva)

 

Para o terceiro título, Kingdom Hearts II, também publicado entre 2014 e 2017 – a editora seguiu a versão japonesa e lançou-o em dez volumes, que provavelmente serão reduzidos em cinco na versão definitiva. Contabizando então oito volumes dessa nova publicação.

Por último, e não menos importante, Kingdom Hearts 358/2 dias, – publicado entre 2014 e 2015 – a editora trouxe-o em cinco volumes e muito provavelmente irá encaderná-los em uma edição de compilação de 2 tomos e outra com 3 tomos para que assim finalizem-se os dez volumes da versão definitiva. 

A primeira edição está prevista para lançar entre fevereiro e março de 2018. Conhecendo a Editora Abirl é capaz que a periodicidade desse material seja instável e ele só chegue ao fim lá para 2020/2021. Aqui fica um comentário. É bem possível que a ideia de fazer esse relançamento de Kingdom Hearts seja para aproveitar um possível sucesso do mangá The Legend of Zelda: Perfect Edition que o grupo Panini lançou no fim do ano passado. O mangá irá reunir todas as publicações da adaptação do game da Nintendo feitas por Akira Himekawa em seis edições.

Muito precoce por parte da Abril fazer isso se considerar que dois meses é um tempo pequeno para avaliar o desempenho do rival. Isso sem falar que não faz um ano que ela finalizou sua última publicação envolvendo o título com Kingdom Hearts II e Kingdom Hearts: Chain of Memories. Isso meio que pega os colecionadores mais antigos – que esperaram horrores – como bobos que poderiam ter aguardado e investido seu dinheiro em outras publicações mais sazionais.

Para quem já publicou mangás como Digimon e Medabots (esse último cancelado após cinco volumes) a empresa se afastou muito do universo dos mangás e se focou na parceria com a Disney trazendo assim diversos tomos envolvendo personagens da empresa norte-americana em suas versões nos traços orientais, além de versões de Star Wars e de filmes da Pixar.

Kingdom Hearts se apresentou como o último renovo do grupo com o formato e se manterá assim por um bom tempo.

 

 

Panini Editora (Planet Mangás)

A casa de Beth Kodama vem trabalhando bem obrigado sem ter maiores problemas com páginas de mangás que se soltam (vide Lobo Solitário), mas mesmo assim continua sendo alvo de críticas. Não dá para escapar, afinal de contas mangá – assim como qualquer outro produto – é um item de mercado e requer que os seus responsáveis trabalhem seguindo comportamentos e situações impostas pelo fator financeiro. Não à toa outro dia desses a mesma Beth Kodama ironizou na web sobre a reclamação sobre preços de mangás que havia sidos reajustados em R$ 1,00 (um real). Ela chegou a dizer que não é com a empresa que se deve reclamar apenas e sim pensar de forma mais concreta sobre a política nacional.

Ela está errada? Não. Por muitas vezes em nossos universos de fãs e colecionadores queremos exigir sem olhar o que acontece a nossa volta. O mercado editorial brasileiro enfrenta uma crise (assim como outros setores de nossa economia) e tem que lhe dar com uma outra série de questões como distribuição, marketing e relações de direitos autorais. Talvez por isso outra editora no ano passado fez muito movimento contra os sites de scanlations que vinham conbrando por seus serviços.

No caso da Panini o assunto mesmo é reajuste de preços. Esse sempre vai ser o ponto chave das discussões envolvendo a editora e seus clientes. Quero crer que a Panini Brasil vive o dilema de fazer parte de um conglomerado editorial internacional, mas ser administrada e comercializada midiaticamente como um grupo pequeno. Se olharmos para "as outras Paninis" em países como Peru, México e Itália (sua sede) vemos que o que a filial brasileira faz é de muito descompromisso.

De que adianta anunciar tantos títulos se você não consegue dar conta de suas vendas? Não é feito a pesquisa de mercado? No mínimo, antes de se fechar negócio, não se deveria ter um levantamento que desse um número aproximado de possíveis vendas, desistência e planejamento de publicações para o caso de material ainda em andamento no Japão? Se a Panini continuar fazendo nas coxas ela vai se dar mal!

Talvez por isso até no universo das HQs muitos grupos virtuais de colecionadores estão fazendo um verdadeiro escarcéu contra a editora. Reajustar anualmente um mangá não é um problema (se for devidamente justificado), mas tornar isso uma rotina, fazer isso em mais de um título e ainda assim reunir mais e mais mangás a serem publicados é de uma ganância sem igual.

 

(Capa do volume 10 de High School DxD que retoma a polêmica do reajuste de preço na Panini)

 

Aí, quando realmente pensa e procura tomar uma atitude por parte de seus "títulos congelados" acaba recebendo críticas. É o que fez com High School DxD nessa semana. A editora anunciou a capa aberta do volume 10 um ano depois do lançamento do volume anterior. A sorte é que no Japão o mangá também anda a passos largos e não saiu disso. Entretanto, nesse intervalo de tempo de menos de um ano o manhá aumentou R$ 3,00 (três reais) e vai sair nas bancas às R$ 16,90 (dezesseis reais e noventa centavos) com a justificativa de que ele tem poucas vendas e essa é a única maneira de se evitar o congelamento do título. Isso não é outra coisa que falta de planejamento!

Sem falar que (embora a Panini não tenha grande culpa nisso, mas deve parar para refletir) é inexplicável porque algumas editoras brasileiras não conseguem enxergar a efervecência dos títulos oriundos de light novel. High School DxD, assim como Sword Art Online, são light novels que ficaram famosas e ganharam um media-mix completo com animês, games e mangás. O público consome de tudo um pouco, mas quando vem para o Brasil se espera que o mais próximo do original seja publicado. Os dois títulos – se talvez tivessem vindo em formato light novel – não estariam congelados ou dando prejuízo à editora.

 

 

Editora JBC

Critiquem a JBC o quanto quiserem, mas isso em nada vai abalar a casa de Cassius Medauar e Marcelo Del Greco. Foi o que se aprendeu em 2017. A editora vai muito bem obrigado, mesmo que o projeto Akira seja muito mais marketing que resultados. Além do mangá de Katsuhiro Otomo e o kazenbam de Os Cavaleiros do Zodíaco a empresa se aproveita dos respiros finais de Fairy Tail no Brasil e também de Santia Shô, que é o seu verdadeiro salvador.

 

(Por aqui o volume 8 ainda terá páginas coloridas graças à JBC)

 

O mangá é tão bem produzido que a distribuidora japonesa deu privilégios aos leitores tupiniquins. Na versão oriental o mangá de Chinaki Kouri deixa de ter páginas coloridas a partir da oitava edição. Contudo, por aqui isso ainda será possível até a edição nove (caso tenhamos mais negociações). O mangá conta atualmente com 11 volumes no Japão e a edição nacional está quase se aproximando assim como fez com Saint Seiya: Next Dimension.

As vendas das versões digitais devem ter dado um ânimo à equipe que respondeu com bom tempo a única grande reclamação existente nos últimos tempos: o marketing em cima de Your Name sendo que o volume 01 estava praticamente esgotado nas lojas. A equipe de distribuição resolveu esse problema e tudo corre bem. Resta saber até quando?

 

 

NewPOP

Completando 11 anos em 2018 a editora não realizou nada tão inovador a não ser uma promoção (que ainda deve ter resultados divulgados). Fora isso vem cumprindo suas obrigações e entregando os dois últimos checklists com apenas cinco títulos (agora para fevereiro tem até um sobre hentai). O que chama a atenção mesmo é a regularidade com as publicações de A Voz do Silêncio, GTO e Re:Zero. Esse último sendo entregue dois volumes maravilhosos.

Aqui um comentário significativo. Ao que parece a NewPOP entendeu que sendo ela a única publicadora de light novels na atualidade isso não a exime de manter qualidade em seus livros. Após uma série de fracassos em 2016/2017 com alguns volumes de No Game No Life e Fate Zero a editora se consertou e trouxe Re:Zero 01 e 02 e No Game No Life 09 com tanto amadurecimento na revisão que dá muito gosto de ler.

Por falar em No Game No Life a editora lançou o spin-off No Game No Life Desu, mas os fãs da franquia de Yuu Kamiya querem saber mesmo é de No Game No Life – Practical War Fame, um spin-off direto da light novel com seis histórias curtas lançadas em 2016 atecedendo o volume 10 que foi atrasado em dois anos graças ao nascimento do primeiro filho do autor.

(Capa convecional e edição limitada da light novel Practical War Game)

 

(Capa do volume 10 de No Game No Life previsto para 24 de fevereiro)

 

O spin-off é muito aguardado e deve ser a única publicação da light novel em 2018 (por isso a cobrança maior), pois o volume 10 só sai no próximo dia 28 de fevereiro em terras japonesas e teve sua capa divulga nesta semana. A NewPOP desconversa sempre que perguntada sobre Practical War Game, mas é quase garantido que esse volume deve ser publicado por aqui.

Por fim, a editora ainda tem para esse ano mais duas novels (Toradora e Shakugan no Shana) além de mangás como Shakugan no Shana e Clockwork Planet, que foram anunciados em 2017 e devem ser iniciados no segundo semestre deste ano.

 

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Bom, essas são algumas das repercussões que o mercado nacional de mangás tem para 2018. Muita coisa ainda tem para acontecer. O mais aguardado é o mês de julho quando elas devem trazer novidades durante o Anime Friends (sob nova direção).

Um comentário extra. A Livraria Cultura inaugurou recente em seu site um espaço exclusivo para mangás e light novels divido por editoras (Panini, JBC, NewPOP e Nova Sampa) para atender ao público otaku. Essa é a primeira grande livraria a fazer essa segmentação específica em sua página virtual. Confira aqui.

Até a próxima e… Sayonara!