E eis que, graças a Ho-Oh, Shen Long, Kami-sama, Madoka ou qualquer outro desses, 2015 está chegando ao fim. Um ano de altos e baixos, com muitas tragédias e poucas coisas positivas na mesma proporção para serem postas nessas retrospectivas que farão em quase todos os canais da TV aberta.
Porém, ainda assim, muita coisa boa rolou no meio musical oriental. Desde bandas já consagradas retornando ao holofote até debuts geniais e dignos de serem recordados. Por isso, a partir de hoje, irei listar alguns dos lançamentos mais memoráveis desses ano, começando hoje, com os melhores álbuns orientais de 2015.
Evidentemente, essas serão listas bem pessoais, baseadas no que escutei dos últimos 12 meses e gostei. Não pretendo fazer um panorama com todos os lançamentos asiáticos, pois isso seria impossível, já que está cada vez mais difícil escutar o que sai de música lá do Japão e, claro, não tem como eu ter tempo para tudo, visto aqui ainda sou um ser humano normal… Ainda.
Optei por expor aqui trabalhos que tenham como serem ouvidos via streaming oficial ou que já estejam completos no Youtube.
Enfim, seguem aqui, sem ordem alguma de preferência, os meus 10 álbuns orientais – LPs ou EPs – favoritos de 2015. Caso tenham vontade, compartilhem também os seus.
Vamos lá…
4Minute – Crazy
A grande sacada em Crazy foi colocar as meninas do 4Minute em uma postura mais séria que os seus demais trabalhos. O mini-álbum explora diferentes referências, indo da agressividade do Hip Hop na faixa título, abrindo os trabalhos já com uma mensagem social extraordinária em forma de dedo do meio, passando por Jazz e Soul nos instrumentais que receberam letras repletas de boas sacadas e duplos sentidos, encerrando numa balada R&B extremamente competente com Cold Rain.
Se antes eu curtia o grupo apenas pela sacanagem Pop, agora 4Minute passou para a lista de grupos que eu indico para os amigos que não conhecem K-Pop…
Brown Eyed Girls – Basic
Em uma nova gravadora, as meninas do BEG entregaram o melhor álbum de suas vidas. Basic é espetaculoso em muitos sentidos. O conceito “física quântica” adotado aparece não só em seu encarte, mas no nomes das faixas, metáforas e analogias nas letras, estética visual nos MVs. Cada uma das faixas é um soco no estômago de tão inesperadas, mesclando Disco, Dance, Rock, Jazz latino num liquidificador que até poderia ser confuso no papel, mas que soa genial em sua execução.
Foi meu trabalho favorito de uma girl band da era de ouro esse ano…
The Gazette – Dogma
É difícil esperar qualquer trabalho ruim de uma banda como o The Gazette. Os caras, mesmo após tantos anos em evidência na cena de Visual Kei/Heavy Metal ainda soam competentes em toda a sua teatralidade sonora, com camadas pesadíssimas e mensagens triunfantes.
É como se eles sentassem nas carteiras de trás, bagunçando com tudo dentro de um estilo que acaba parecendo repetitivo dentro de si…
Wonder Girls – Reboot
Tinha tudo para dar merda. A JYP resolveu trazer de volta a Sunmi – que estava indo muito bem em carreira solo -, retirou duas outras meninas da formação original, restando apenas a Yenny – que também estava indo bem em sua carreira solo -, continuou com a Yubin e a Lim, fazendo com que, pela primeira vez, as Wonder Girls fossem um quarteto.
Ai, montaram uma faixa retrô que serviria de lead single, a deliciosa I Feel You, diferente de absolutamente tudo o que estava sendo feito na época, fazendo com que todo o conceito do álbum e as composições das meninas girassem em torno daquela sonoridade. Para piorar, elas teriam que tocar instrumentos.
Só que isso deu certo pra caralho.
Reboot se apropria da sonoridade feita entre o final dos anos 70 e início dos 80, com uma porrada de sintetizadores eletrônicos que parecem fliperamas, tudo muito futurista, mas ainda roqueiro. Tem Duran Duran, tem Depeche Mode, tem Madonna, tem Paula Abdul. Pra melhorar, as garotas estão cantando muito, tocando ao vivo de maneira competente e, bom, escutem essa delícia…
miss A – Colors
Também da JYP, o miss A lançou esse ano um EP bem agradável e repleto de canções que nos dão aquele frescor Pop que tanto falta nos trabalhos atuais aqui do ocidente. Sem abrir mão de sua estranheza na mudança de ritmos em Only You, um drum’n’bass delicioso, outros estaques estão também na contenção vocal sob um instrumental fabuloso em One Step e Meeting, além da eficácia em misturar Dance com ritmos mediterrâneos na espetacular Love Song.
Um trabalho ideal para fãs de música Pop em todas as partes do mundo…
Suiyoubi no Campanella – Zipangu
Eu já havia confessado em outro post a minha paixão pela música Pop-Estranha-Asiática. Aqui, temos uma ótima representação disso.
O álbum desse grupo pode causar uma certa estranheza quando escutado pela primeira vez, visto não seguir exatamente o que é estipulado como EDM por DJs conhecidos mundialmente, como David Guetta e Calvin Harris, indo justamente contra isso ao fugir do comum e nos atacar com experiências sônicas bem divertidas. Ainda é Dance, mas há psicodelia, noise e música folclórica japonesa.
Álbum nota 10…
IU – Chat-Shire
Ainda fortemente influenciada pela nossa Bossa Nova, a IU retornou esse ano com toda a sua delicadeza e eficácia vocal por cima de arranjos muito bem trabalhados. As canções fogem das métricas convencionais do Pop coreano mainstream e ainda demonstram uma imensa riqueza poética em cada uma das letras.
Zeze é totalmente inspirada no livro O Meu Pé de Laranja Lima, Twenty-Three e Glasses brincam geniosamente com a opinião negativa da audiência online a respeito do comportamento feminino, as demais faixas também são maravilhosas…
Young Juvenile Youth – Animation
Esse duo estreou esse ano e já é um dos troços mais legais que escutei na cena eletrônica japa em toda a minha vida. Cada faixa do álbum, assim como sua construção visual no videoclipe abaixo, são verdadeiramente futuristas e devidamente difíceis para a apreciação.
É ótimo escutar música eletrônica que realmente abusa das possibilidades sonoras em sua confecção…
F(x) – 4 Walls
Se ano passado o álbum oriental que mais escutei foi o Red Light, tamanha a sua ousadia e violência, o F(x) fez um retorno ainda competente esse ano. 4 Walls traz um F(x) bem mais comercial e acessivo que nos trabalhos anteriores, mas não é como se isso fosse feito de uma maneira ruim. É como se elas pegassem o que de melhor há no mercado atual e melhorassem.
Há desde Dances como Catch Me Out, Papi e Déjà Vu, popões como Glitter e X, amalgamas de Hip Hop com Pop como Diamond e Traveller, com o rapper Zico, que ficariam péssimos com outros artistas, mas que funcionam perfeitamente aqui visto a riqueza com que foram produzidas e a “sujeira” característica da banda. As minhas favoritas são When I’m Alone, Rude Love e o single que dá nome ao álbum, Deep Houses sensacionais e ainda melhores que as lançadas aqui no ocidente por grupos como o Disclosure.
Quem dera se todos no mainstream fosse assim…
Red Velvet – The Red
O Red Velvet foi o melhor investimento da SM Entertainment em 2015. A construção dos tais estilos opostos com isso de lado red e lado velvet, os videoclipes fumados, as músicas cheias de mensagens malucas que geram interpretações bizarras por ai… Enfim, nada a reclamar.
O ápice esteve com o lançamento do álbum The Red, que ressalta a face divertida, agitada e creepy do quinteto. A maioria das canções dão margem a interpretações que envolvem o uso de drogas, posições sexuais e críticas a sociedade puritana sul coreana. Isso tudo imerso a letras que falsamente aparentam inocência em jogos de palavras com duplo sentido. Além disso, os instrumentais carregados no funk dos anos 70, no Hip Hop dos anos 90 e sobrando espaço até para os teclados futuristas são apenas a cereja de qualidade do CD.
O Spotify disse que, lá do oriente, esse foi o álbum que mais escutei em 2015, sendo a faixa Red Dress a segunda que mais escutei de todas as partes do planeta. Logo, vocês já podem imaginar o quanto essa porra é viciante…
Amanhã pretendo postar a lista com as 20 melhores faixas japas desse ano e na quarta a tão aguardada lista com os 30 melhores K-Pops de 2015. Até lá!