Olá, meninas, meninos, aqueles que estão no meio desses dois, aqueles que estão além desses dois, extraterrestres, digimons e pessoas que não gostam de brigadeiro. Como estão? Espero que bem.
Espero também que estejam curtindo nossas matérias especiais nessa semana de aniversário da Rádio J-Hero, que irá completar finíssimos 7 anos de vida nessa sexta, dia 13 de novembro. Caso ainda não tenham conferido nenhuma das nossas delícias cabalísticas usando o número 7, podem olhar aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
E, claro, vamos continuar nessa vibe, dando um pulinho lá na Coréia do Sul, um dos países mais bacanas da Ásia e um dos que mais agracia o ocidente com boa música Pop.
Comecei a ter um contato mais aprofundado com o K-Pop há alguns anos, quando fui com amigos em uma das edições do Anime Family, um evento otaku aqui do Rio de Janeiro. Já conhecia o estilo por meio de outras rádios online parecidas com a desse nosso amado site, que tocavam várias faixas de bandas daquela que – vim descobrir isso esse ano – foi considerada a era de ouro do K-Pop: I My Me Mine, do 4minute, Gee, do SNSD, Lucifer, do SHINee, Bonamana, do Super Junior, I am The Best, do 2NE1, Abracadabra, o Brown Eyed Girls, Nobody, do Wonder Girls…
Mas, voltando ao evento, lá tinha uma sala com pessoas dançando as coreografias da maioria desses videoclipes COM. UMA. PUTA. EMPOLGAÇÃO. E essa empolgação foi tão contagiante que, no final, uma das amigas que havia me levado lá até me puxou para dançar essa que, agora, é uma das minhas faixas orientais favoritas de todos os tempos:
Foi ridículo, pois sou aquele estereótipo de tio sacana que só dança o "dois pra lá, dois pra cá" em festas após um ou catorze drinques, mas The Boys, do Girls’ Generation foi forte o suficiente para, mais tarde, em casa, me dar vontade de procurar mais sobre todo aquele universo que, para mim, até então, servia só de lado B nas playlists otakus.
Curiosamente, enquanto escrevo isso, me lembrei que, no meu primeiríssimo contato com a Rádio J-Hero, essa foi justamente a música que pedi para o DJ que estava online no momento.
Enfim, histórias de vida à parte, resolvi nessa minha contribuição ao aniversário do site trazer 7 atos do K-Pop ótimos para iniciar a descoberta de vocês nesse nicho. Ou, caso vocês já estejam inseridos neles, 7 atos para que vocês convençam seus amigos a fazerem parte desse clube que, parecido com o que foi a Disco Music nos anos 70, é um movimento mundial que consegue atingir e divertir todos aqueles que também fazem parte de minorias e se recusam a ficar presos em bolhas imaginadas por hipócritas e ignorantes.
Começando pela minha maior relação de amor e ódio…
2NE1
Esse quarteto delicioso – e que é um dos mais conhecidos ao redor do globo – composto pela Mindy, pela Dara, Park Bom e liderado pela vesga mais malvada do oriente, CL, é uma montanha-russa divertidíssima de acompanhar.
A imagem passada delas exala modernidade, futurismo, se mostram sempre descoladas. Infelizmente, quando isso é passado para as músicas, pérolas horrorosas são montadas, resultando em alguns lançamentos estupidíssimos – tipo o álbum Crush, do ano passado.
Entretanto, quando elas acertam, é sempre algo doentiamente bom. Ugly, do segundo mini-álbum delas, por exemplo, é um ótimo Pop/Rock com uma letra excelente e bem acima da média se considerarmos a cena Pop mundial em si…
Já Hate You, presente nesse mesmo EP, é um Dance/Pop sensacional que cresce ainda mais pelo videoclipe feito em animação…
Por fim, o single I Love You traz o que de mais óbvio poderia ter na cena eletrônica europeia, mas ainda assim soando Pop e pegajoso. É a minha favorita delas…
Cumprindo a cota de boy bands, vamos para o segundo ato dessa lista…
EXO
Confesso não ser tão fã de grupos masculinos, muito pela grande maioria deles apostar e sonoridades R&B inofensivas e chorosas que em nada me agradam. Mas, com o EXO isso é diferente. Talvez seja algo nos ótimos arranjos escolhidos para as canções que ganham MVs, ou pelo bom desempenho vocal dos caras, ou mesmo pelas ótimas coreografias. É o grupo masculino ideal para se começar nesse mundo.
Essa competência pode ser notada em Growl, um Pop/Hip Hop ótimo que ainda usa samples de Soul…
Ou em Love Me Right, uma das melhores faixas lançadas esse ano, que pega todo esse estilo funkeado que voltou para as rádios e, ainda assim, soa fresco…
Overdose é uma das melhores, tanto musicalmente, quanto em vídeo. Vejam essa dança com esse jogo de câmeras e digam se não é realmente impressionante…
O terceiro ato é polêmico, mas quem não gosta de uma polêmica?
After School
Essas gatas são um grupo rotativo que tá sempre sofrendo com a má aceitação da sociedade conservadora coreana por tratarem de sexo de uma maneira bem mais aberta e satírica em seu trabalho. Por conta disso, já rolaram ataques contra as meninas via internet, até proibição de aparecerem em alguns programas de TV.
A hipocrisia é grande, mas, felizmente, não impede que elas lancem hinos como First Love, que tem uma das letras mais tocantes que já ouvi em todo o K-Pop, além de um dos vídeos musicais mais sexys que já assisti na vida…
E a delícia não para apenas aí, pois três das componentes tem ainda uma sub-unidade absurda chamada Orange Caramel, em que a maioria das músicas falam sobre taras sexuais utilizando metáforas sensacionais e muita metalinguagem nos videoclipes. Catallena é o melhor exemplo, onde elas cantam sobre um relacionamento sexual lésbico enquanto interpretam sereias canibais em um restaurante japonês…
Falando em Japão, elas também tem um trabalho bem sólido por lá, com faixas exclusivas e produzidas pensando naquele nicho. Shh foi um dos singles do álbum Dress To Kill, sendo um EDM sombrio e cheio de influências Techno…
O quarto ato rouba o meu coração todos os anos…
Hyuna
Vulgar, superficial, vagabunda, puta, mau exemplo… Esses são apenas alguns dos adjetivos que vivem sendo usados para qualificar a Hyuna por ai. Porém, como levar isso a sério?
Olhando daqui do ocidente, ela poderia ser só mais uma dessas garotas rebeldes que rebolam a bunda na música, como a Miley Cyrus ou a Anitta, mas isso é muito mais representativo na Coréia. A cultura de lá precisa de mulheres que mostrem estar no poder e conquistem o respeito dos outros por isso.
A melhor faixa para conhecer essa deusa é Red, repleta de duplos sentidos e sátiras aos pensamentos misóginos de lá, fazendo inclusive uma versão porno de um ditado infantil…
Ela começou sua carreira na banda Wonder Girls em sua formação original. Depois, mudou de gravadora e retornou no grupo 4minute, que também tem todo esse estilo que coloca o dedo na ferida através do bom humor. Nesse ano, elas decidiram ir por um rumo mais adulto, com outra das grandes faixas de 2015, Crazy…
Além disso, ela também tem um duo chamado Trouble Maker, cuja minha música favorita é Now…
No quinto ato, vamos invadir a cena alternativa…
Lim Kim
Essa cantora tem um dos timbres de voz mais reconhecíveis de lá. Também faz parte de um duo. Esse é chamado de Togeworld, onde ela e o amigo interpretam várias faixas que mesclam o Pop com Folk e, vejam só, Bossa Nova…
Number 1 é um bom exemplo da sonoridade boa praça deles…
Já em carreira solo, recentemente ela resolveu optar por uma pegada mais eletrônica, só que com uma ousadia e profundidade bem maior que a maioria das suas colegas. Em Love Game, há toda uma série de camadas que vão se sobrepondo, indo de palmas, trap e instrumentos de sopro, até explodir em algo que parece trilha sonora de videogame.
O MV também já chama atenção por si só. É uma história duma mulher que vive sendo assediada por caras, mas, acidentalmente, acaba destruindo cada um deles. É uma piada com todo o mercado de grupos que usam da inocência para agradar um mercado que, por vezes, pode até culminar em pedofilia…
Só que a sua melhor faceta aparece quando ela se inspira no cancioneiro brasileiro e entrega produções espetaculares como esse samba em Drunken Shrimp. Tenho certeza que Vinícius de Moraes e Tom Jobim devem estar lá de cima orgulhosos de terem levado nossa cultura para o mundo, recebendo seguidoras assim…
Quase no fim, vamos ao meu grupo favorito…
F(X)
É inegável o quanto F(X), hoje em dia, é uma das bandas de garotas mais influentes e respeitadas do mundo. Isso, com certeza, se deve ao fato delas terem uma das discografias mais bacanas do cenário, sempre experimentando a cada novo comeback e nos surpreendendo com faixas que demonstram o quão ousada a música Pop ainda pode ser.
Também usando de influências brasucas, Rum Pum Pum Pum narra ao som de baterias de escola de samba o quanto o amor pode ser irritante quanto um dente siso…
O que também chama a atenção na banda é a sua formação, com duas coreanas, duas americanas e uma chinesa. Além disso, uma delas, a Amber, se traveste com homem, sendo um ícone da luta contra o preconceito por lá. Em sua carreira solo, ela debutou com um EP surpreendente, mostrando que pode ir muito além dos raps feitos no grupo e entregando baladas tocantes e sinceras como Beautiful…
Opa, corrigindo uma informação, não são mais cinco gatas no grupo, sim quatro. Após uma série de polêmicas e acusações de preguiça, desinteresse e falta de profissinalismo, uma delas foi demitida. Com a sua saída, foi-se também o apelo mais infantil do grupo, permitindo que elas seguissem por uma estrada mais madura em 4 Walls.
Está ai uma faixa perfeita para conquistar todos aqueles que curtem o House e o EDM britânico feito pelo Calvin Harris ou pelo Disclosure…
Para o número 7 da lista, nenhum grupo melhor que o responsável por tudo isso…
Girls’ Generation
Não há como não admitir que, hoje, o SNSD é o grupo feminino mais influente do mundo. Não tem Little Mix nem Fifth Harmony que possa competir. Elas são – sempre – as com mais vendas nas paradas musicais, com mais visualizações nos videoclipes, com mais estádios lotados, com mais audiência em programas de TV…
E isso acaba não se resumindo só em faturamento. É questão de ditar estilo. As GG foram, por anos, aquelas que lançavam algo novo, requalificando o que é Pop no mercado.
Por exemplo, quantas cantoras Pop americanas vocês conseguem lembrar aí, por alto, que apostaram num conceito mais adocicado, teen, usando Drum'n'Bass? Muito disso foi inspirado em Gee…
Ou, quem sabe, faixas que apostassem na mistura de diferentes andamentos, paracendo que são várias em uma só? Me vieram na mente Dark Horse, da Katy Perry, Aura, da Lady Gaga, West Coast, da Lana Del Rey, e olha que nem fiz muito esforço. Bom, parte disso se deve ao estouro que foi I Got a Boy…
O que vale disso tudo é ressaltar que o Girls' Generation tem – caso ignoremos a merda lançada após a saída da Jessica – uma discografia sensacional, muito bem trabalhada e reconhecível. Além disso, é difícil não associar a música Pop coreana a essa imagem de várias garotas, lindíssimas, que parecem bonecas, dançando sincronizadas…
E… É isso ai, galera.
Para essa lista, não me prendi aos atos que eu mais gosto, nem mesmo nas minhas músicas favoritas dos que citei. Sim no que acho que seja mais importante saber ao mergulhar nesse nicho musical. Portanto, se você tiverem algum amigo que não deixa os preconceitos de lado, mostrem essa playlist para ele. Ou mesmo se vocês são novos leitores aqui do site e tem qualquer tipo de receio com o K-Pop, deixem de lado e confiram essas dicas.
Um abraço do tio Lunei e vambora curtir essa semana de aniversário!