Costumo qualificar a ONE OK ROCK como “uma banda para quem quer aparentar escutar J-Rock sem escutar J-Rock”. Se comparássemos com a cena musical ocidental, é certo que estariam no mesmo patamar de grupos como Panic! At The Disco, Fall Out Boy, 30 Seconds to Mars, Avril Lavigne e, aqui no Brasil, Fresno, NXZero e derivados. Não que não seja Rock, pelo contrário, mas envolvem-se em uma sonoridade Pop que deixa todo o trabalho “acessível” ao grande público, mas que causa certa repulsa aos fãs mais xiitas do gênero.
Especificamente no caso dos caras do OOR isso nunca quis dizer muita coisa. Gosto bastante do repertório apresentado por eles desde o início da carreira, cujas faixas ainda tocam bastante em diversas rádios online de gênero por aqui. Entretanto, o grupo deu uma derrapada monstruosa em qualidade ao lançar o horroroso JINSEI X BOKU – que rendeu bons comentários raivosos quando o resenhei na época -, onde eles apenas se repetiram em faixas exatamente iguais a tudo já lançado anteriormente.
Os anos passaram e eis que novamente a banda retorna a cena musical com um novo CD de inéditas chamado 35xxv. E, olha só, parece que dessa vez eles fizeram a lição de casa, simulando uma reinvenção sonora que talvez possa conquistar aquele público que realmente entende de rock’n’roll.
Take me to The Top possui rifes bem mais pesados e uma levada bem menos óbvia das que a banda está acostumada a trazer, sendo que, quando escutada após a intro que leva o nome do álbum, tornasse ainda mais interessante para quem quiser pular em rodinhas nos shows.
Cry Out é um grande ponto alto, repleta de elementos que a tornam grandiosa de forma que exploda num refrão arrepiante.
Outras boas são Suddenly, com um ótimo uso do baixo e da guitarra, Mighty Long Fall, que tem uma dinâmica de tempos diferente e acréscimo de sintetizadores eletrônicos e Stuck in the Middle, que quase beira ao J-Metal.
Já Good Goodbye e One By One mostram o quão diferentes podem ser os caminhos sonoros adotados pelo grupo. A primeira detêm uma aura intimista sensacional, já a seguinte vai num caminho completamente violento. Ambas ótimas.
E a melhor coisa de tudo é Paper Planes, parceria com o Kellin, que é vocalista da banda Sleping With Sirens. É uma bagunça sonora tão organizada e divertida que remete muito a trilha sonora de desenhos animados. Adorei.
Entretanto, como nada nessa vida é perfeito, novamente existem canções totalmente desnecessárias e que não acrescentam em nada ao trabalho como um todo. Heartache é só uma baladinha sem sal que segue o ciclo violão no início + banda completa no final. Memories até tem uns acréscimos eletrônicos, mas em nada a salvam de parecer com um cover ou plágio de algo já feito antes por eles mesmos, assim como a chatíssima Decision.
Por fim, Fight the Night que deveria fechar o álbum de maneira épica, na verdade se mostra a pior de todo ele. Pensem em como seria a Katy Perry gravando algo em japonês e que essa seria a demo enviada.
Enfim, é notável que eles tenham a consciência de que para durar nesse meio, precisam se reinventar até que consigam soar de maneira única e satisfatória. O que nos resta é curtir as boas músicas do álbum e ignorar os graves erros cometidos.