(Uma cabine não foi capaz de separar os sentimentos de Charles e Fana)

 

Feliz Ano Novo! Feliz 2017!

Essa é a nossa primeira participação com a coluna Hikari no novo ano. Esperamos um 2017 muito melhor do que o ano que se foi. E, para comerçarmos com o pé direito, nada melhor do que uma análise de narrativa. A peça escolhida é o filme To Aru Hikushi e no Tsuioku, ou como ficou conhecido pelas bandas daqui: A Princesa e o Piloto.

Falaremos do filme produzido em conjunto por dois estúdios muito famosos entre nós otaku: o Madhouse e o TMS Enterteiment. A película foi dirigida por Jun Shishido e é uma adaptação da light novel homônima de autoria de Koroku Inumura.

Não é tão novo assim, pois estreou no Japão em 19 de maio de 2011, mas somente no ano passado veio oficialmente ao Brasil onde ganhou uma versão dublada para DVD pelo Estúdio Focus Filmes.

A história conta sobre o encontro entre o piloto mercernário Charles Karino, e Fana del Moral, a futura princesa do Império Levamme. Os dois se reúnem em uma missão ousada: atravessar o grande Oceano Central sem ser pegos pelas tropas inimigas do Império Amatsukami com quem Levamme trava uma guerra por vários anos. O teor da missão: Fana foi prometida ao príncipe herdeiro de seu reino e será levada até a capital do reino para se casar. Na contrapartida, Charles é escolhido por ser o melhor piloto de sua geração e abordo do Santa Cruz, um hidroavião de primeira classe, os dois se aventuram.

Tudo parece bem monótomo a primeira vista quando passo essas informações, mas a narrativa ganha em elementos atrativos como o caráter e personalidade dos dois protagonistas. O piloto Charles é um mestiço nascido da união de uma mulher de Levamme com um homem de Amatsukami. Ele é odiado, humilhado e por muitas vezes espancados pelos cidadãos de Levamme de sangue puro. Isso desde sua infância, quando perdeu a mãe.

A futura princesa por outro lado, vivia como uma dama da mais alta classe nobre cercada de bens e serviçais, mas deixada de lado quando se trata de sentimentos maternos. Apena uma empregada lhe dava o afeto que queria, mas por uma razão frívola foi expulsa da convivência de Fana.

(Capa da versão em DVD lançada no Brasil em 2016)

 

Sobre o filme…

Como já disse, ao analisarmos esse resumo de quem são nossos personagens podemos ver que temos duas pessoas não compreendidas e até mesmo ignoradas por seus pares que se reúnem por uma razão ainda mais distinta. Fana iria se casar. Charles é como se fosse o cara que conduz a limosine com a noiva só que em um hidroavião durante uma guerra. É claro que ia rolar um sentimento né? Óbvio!

Esse sentimento que parecer ser uma afinidade de pensamento e o respeito mútuo é o que eu considero a base de um relacionamento forte. Sim, pode não parecer, mas A Princesa e o Piloto tem como uma das suas maiores mensagens a forma supreendente como o amor funciona. Ele não precisa ser buscado, trabalhado elaborado… Não, ele é! Nasce assim do nada. Basta que duas pessoas se sintam atraídas (e não estou entrando no mérito de gêneros) para que ele seja configurado. Agora, se ele será possível, se será correspondido, se é de conhecimento mútuo… Bom isso já não se pode dizer em nenhuma ocasião.

Mas é como você já deve ter imaginado: Fana se apaixona por Charles e Charles se apoixona por Fana. Isso não é dito por nenhum deles durante a missão até porque ela estava indo consumar um matrimônio com outro, e ele era um alguém odiado por seus conterrâneos. Sem contar que a história toda se passa dentro de uma pequena aeronave em fuga de frotas enormes de navios voadores e aviões de última geração das forças inimigas, que descobriram sobre o plano e pretendiam matar a futura princesa para abalar o país inimigo.

Uma pausa aqui no romance para destacar o belo trabalho do estúdio Madhouse, que desde a década de 1970 se mostr como uma das grandes potenciais em produções de animes de TV e Cinema na indústria japonesa. Afinal de contas estamos falando do estúdio de Cardcaptor Sakura, Blaybade, Chobits, Claymore, Tenjho Tenge, BECK, Death Note, Paprika… e One Puch Man (não dá para falar todos!). E nem podemos deixar de lado o TMS Enterteiment, que da década de 1940 carregando na bagagem títulos como a primeira versão de Doreamon, Versailles no Bara, Ashita no Joe, Anpanman, Guerreiras Mágicas de RayEarth, Bakugan e D.Gray-man entre outros.

A animação dessa forma ganha com a experiência dos dois estúdios e não peca e nada quanto a sua parte técnica. O character design é marcado pela alta qualidade da animação em congruência com um traço classcista e cheio de detalhes. O background design da mesma forma, mas com uma vivacidade de cores estimulantes. Digo isso porque em seus 90 mintos de filme, cerca de 75% dele é composto de cenários vazios onde apenas o céu com nuvens contrasta com o mar azulado predominantemente frio em tons e cores, mas que ainda assim se acentua em iluminação. Ficou difícil entender? É mais assim: uma predominância de cores frias, mas uma iluminação quente de forma que a narrativa não fique pesada aos olhos e muito menos enfadonha. 

Nas cenas de ação, com os aviões em manobras e perseguições, temos os ponto de mais atração entre público e filme. bem mais até do que nos momentos romântios, que por serem subentendidos só atraem que realmente se envolve com os dois protagonistas (como eu!).

(Uma das poucas cenas sem predominância de azul, que por coincidência é uma das mais bonitas do filme) 

 

A trilha sonora não a mais forte do que se pode esperar, mas casa bem com o aspecto pedido do filme. O mesmo vale para os efeitos sonoros, que mesmo minimalistas são um elemento a parte da composição fílmica.

Para encerrar deixo aqui em poucas linhas minha insatisfação com o desfecho romântico da narrativa. Somente uma cena realmente carrega a carga dramática desta categoria estética que é o romântico. Movida por uma situação engraçada, mas não cômica, após um discurso triste no diálogo dos propenso casal. Mas não se engane quem pensa que a história tem final feliz. Não tem um final triste, mas não é um Happy End.

Com essa me despeço indicando esse filme para começar o ano de 2017. De já digo que a Hikari e a Rádio J-Hero estará de olho em muitos filmes neste ano, em especial o sucesso Kimi no Na Wa, que com certeza estará entre os finalistas do Oscar 2017.

Caso você seja como eu, um apreciador do Cinema de Animação japonesa, vou poupar-lhe do trabalho de procurar o filme deixando ele aqui na matéria para você assistir. Contudo deixo a sugestão: compre o DVD monte aquela sessão com o seu(a) Kareshi/Kanojo e aproveite o clima ao final.

 

(A Princesa e o Piloto – Legendado PT/BR, mas dublado também ficou bom!)

 

 

Sayonara!