Inicialmente o que chamou minha atenção foi a beleza sombria da personagem principal e a proposta apresentada, deste gênero (cyberpunk) é o primeiro título que vi e achei bem interessante, Ergo Proxy é um título bom para refletir e pensar.

Enredo

A história inicia-se na cidade de Romdo, onde somos apresentados a uma sociedade futurística e utópica, em que os humanos e os androides vivem de maneira equilibrada entre mestre e servo.

Os androides recebem o nome de Autoreiv e podem ser de companhia ou entourage, e estes obedecem os seres humanos seguindo as leis da robótica, (leis criadas por Isaac Asimov que se complementam de forma perfeita) mas ao ser infectado por um vírus chamado de Cogito (tradução livre do latim que significa penso) ganham uma consciência ou uma alma.

 E ao ganharem essa alma lutam contra a opressão dos humanos, porém para manter o controle sobre as máquinas infectadas a sociedade, ou melhor o conselho (é uma autoridade que comanda toda a cidade) manda a polícia para a neutralização destes infectados.

A criação dos seres humanos é diferente da procriação normal, nas cidades-domo (incluindo Romdo), que usam um sistema de útero artificial, o uso destas máquinas deve-se ao fato que a superfície da terra estar inabitável e uma parcela da raça humana se isolou acima da atmosfera para a sobrevivência, porém após muito tempo a nave volta à superfície ainda inabitável, porém constroem cidades-domos e o propósito dos úteros artificiais muda.

Isso se reflete na busca do cidadão ideal e os cidadãos já possuem um papel pré-definido na sociedade, no desenvolvimento da história vemos com frequência a expressão raison d’être (do francês razão de ser) e esta é uma das propostas do anime.

Personagens

Em Ergo Proxy temos vários personagens que ao longo da obra ganham profundidade e características próprias e logo abaixo veja os personagens principais do anime:

Re-L Mayer: Neta do atual regente da cidade-domo de Romdo, ela é uma investigadora do departamento de inteligência, mesmo sendo neta do regente ela desenvolve um pensamento individualista e isso é repudiado pelo conselho da cidade.

Vincent Law: Imigrante da cidade-domo de Moscou, tenta se adaptar para ser um cidadão-modelo, contudo após a acusação de assassinato de um autoreiv e por ser seguido por um Proxy (ser superior do planeta perseguido por algumas pessoas), ele acaba por ser perseguido por seus colegas de trabalho.

Raul Creed: Recém-nomeado diretor de segurança de Romdo e vê sua família ser morta pelo Monad Proxy e por causa disso tenta encobrir as pistas e relatórios, no entanto deve entregar qualquer dado sobre o mesmo para o conselho.

Donov Mayer: Velho debilitado, atual regente da cidade de Romdo, comunica-se e é representado por quatro estátuas que também representam quatro grandes filósofos que são: Derrina, Lacan, Husserl e Berleley.

Daedalus Yumeno: Médico chefe do departamento de pesquisa do projeto proxy, diretor de divisão de saúde e bem estar, é médico particular de Re-L e tem uma fixação por ela.

Iggy: Autoreiv do tipo entourage, que segue fielmente as ordens de Re-L, no início ele servia de espião pelo conselho para investigar as ações de Re-L e após a suspeitas de que ela estaria desenvolvendo um pensamento individualista, ele volta ao estado normal até ser infectado.

Pino: Autoreiv do tipo companhia, que pertencia à Raul Creed, ela cuidava do filho recém-nascido e da esposa de Raul, após ser infectada pelo vírus cogito acaba por seguir os passos de Vincent e saem de Romdo.

Ficha técnica

Ergo Proxy é um anime do gênero seinen e tem como subgênero o cyberpunk, suspense e Sci-Fi, mas há também um pouco de romance.

Ele teve sua exibição feito pelo canal WoWoW do dia 25 de fevereiro ao dia 12 de agosto de 2006, a animação conta com 22 episódios de duração média de 25 minutos e um 23º de 29 minutos.

O estúdio Manglobe fez a produção da animação e, que também produziu Samurai Champloo e Deadman Wonderland, conta com a direção de Shuko Murase (mesmo diretor de Witch Hunter ROBIN) e com o roteiro de Dai Saitou.

Ergo Proxy possui uma adaptação para mangá, que é ilustrado por Yumiko Harao, que possui 2 volumes encadernados no Japão e com o total de 10 capítulos, e teve seu primeiro capítulo lançado no dia 18 de agosto de 2006 e terminou em fevereiro de 2007.

Indo para a parte musical, o anime tem como tema de abertura à música “Kiri”, que é interpretada por MONORAL, também possui a música de encerramento “Paranoid Android” da banda inglesa Radiohead e possui ao longo da trama os temas desenvolvidos de forma exemplar por Ike Yoshino.

Partindo para o lado gráfico, Ergo Proxy tem a mistura de modelagem 3D em elementos 2D, tornando-se um dos pontos fortes do anime e isso faz com que seja mais realista e mantenha uma fluidez, porém a qualidade gráfica decaí em certos momentos, todavia isso não atrapalha o desenvolvimento da trama.

Cogito, ergo sum.

Nesta parte irei explicar alguns termos utilizados que não tiveram uma definição e de inicio começarei pela expressão acima, ela é do latim e ela reflete boa parte da essência da obra, a tradução da frase é “Penso, logo existo.”, ela foi originalmente dita por René Descartes (matemático e filósofo) que afirmava sua existência através dos cálculos matemáticos.

A parte dos autoreivs é um caso bem específico a ser analisado, pois há várias implicações que podem ser vistas, mas têm-se três pontos principais.

Primeira é a implicação do autoreivs ao serem infectados pelo vírus cogito e por consequência ganham uma “alma” começam a se ajoelhar como se estivessem agradecendo à um ser superior e isso mostra a passividade em acreditarmos incondicionalmente em um ser superior em algum momento da vida.

Outro ponto a ser destacado é a obrigatoriedade de servirmos a outra pessoa, na nossa sociedade pode ser vista em muitos casos na relação entre patrão e empregado, assim mostrando a passividade de nossos atos e por assim dizer a sua razão de ser.

O terceiro e último ponto relacionado aos autoreivs é ao ganharem consciência comecem a lutar contra o sistema e a revolução estoura, pondo abaixo a opressão feita pelo homem e deixando os autoreivs buscarem sua raison d’être.

Outro tema bem elaborado e bem desenvolvido foi a questão da história de Vincent e a sua busca por saber quem é? qual seu destino? de onde veio? quais as consequências de seus atos? Isso reflete numa corrente da filosofia intitulada de existencialista e boa parte do anime é baseado nesta corrente.

A última mas não a menos importante é a questão do eterno embate entre Criador-Criatura, onde é apresentado no último episódio a verdadeira origem dos seres humanos desta geração e qual o propósito do Proxy na terra, mas esse último deixo a questão em aberto para vocês mesmo refletirem e continuem ligados na Rádio J-Hero.

Confira abaixo a opening:

E abaixo a ending: