Vagabond é um mangá sem adaptação para anime, criado por Inoue Takehiko, e também uma adaptação do livro Musashi, de Yoshikawa Eiji, considerado uma das obras-primas do gênero.

A história do mangá gira em torno da vida de um dos mais icônicos samurais da história do Japão, conhecido como Miyamoto Musashi.

Vagabond e suas raízes

Ambientado durante o período Azuchi-Momoyama (1568-1600), Vagabond conta a história de Musashi e de suas viagens pelo Japão em busca de oponentes a altura e de seus feitos durante esse tempo.

O período Azuchi-Momoyama foi marcado por intensas mudanças sociais e políticas no Japão. Depois de muitos anos de guerras civis, o Japão estava perto de ser unificado sob o comando de líderes poderosos, como Oda Nobunaga e Toyotomi Hideyoshi.

Esse período de incertezas e mudanças serviu como pano de fundo para a jornada de Musashi, que buscava se tornar um mestre em combate enquanto explorava os dilemas da vida e da morte que, para os samurais, era um assunto cotidiano.

A arte e a adaptação de Vagabond

Inoue Takehiko usa um estilo de arte aparentemente mais voltado para o realismo ou semirrealismo para retratar a essência da era de Musashi. Além disso, um filme ou série com pessoas reais seriam canais mais eficazes para adaptar o mangá de Vagabond do que um anime jamais seria.

Os detalhes meticulosos nas ilustrações e o cuidado com a transição da história do livro para o mangá, um gênero muito visual, retrata os combates de forma vívida e mostra bem a beleza e a brutalidade da vida cotidiana dos samurais.

No entanto, a vida de um samurai não se limita às guerras e combates. Em Vagabond, Musashi nos mostra a disciplina rígida e o código de honra que os samurais seguiam, assim como também as incertezas e os apertos emocionais que enfrentavam em um mundo em constante instabilidade.

Miyamoto Musashi e sua filosofia

Em Vagabond, Musashi não é apenas um samurai habilidoso que vaga por aí, mas também é um pensador e um filósofo. Um exemplo real disso é o chamado O Livro dos Cinco Anéis, uma obra real escrita pelo verdadeiro Musashi.

Através de suas experiências, ele refletiu sobre temas como a natureza da violência, a busca pela verdade e o significado da vida.

Em suas interações com outras pessoas, como seu rival Sasaki Kojirō, Musashi não apenas luta com espadas, mas também com suas próprias inseguranças e dúvidas existenciais, não se restringindo apenas a combates.

Sobre o mangá de Inoue Takehiko

Um dos pontos mais fascinantes de Vagabond é a representação do processo de aprendizagem de Musashi. Em vez de simplesmente buscar a força física, ele entende que a verdadeira maestria vem da mente e do coração.

A busca pelo conhecimento, tanto na arte do combate quanto na filosofia da vida, é uma constante tanto no mangá quanto na obra de Yoshikawa Eiji, servindo como orientação para também para muitos leitores que estão em suas próprias jornadas de autodescoberta e crescimento.

Além disso, Inoue aborda a questão da solidão. Musashi é um vagabundo que viaja de cidade em cidade, em busca de desafios e conhecimento. Essa solidão é um tema muito repetido no enredo de Vagabond que reflete a luta interna do samurai, que, embora rodeado por rivais e amigos, muitas vezes se sente isolado em suas convicções e busca por propósito.

Conclusão

Por fim, Vagabond retrata muito bem os desafios e a vida de um samurai durante o período Azuchi-Momoyama e o começo do período Edo, mostrando a realidade da época por meio dessa figura fascinante que é Miyamoto Musashi, o samurai que nunca perdeu uma única batalha durante a sua vida.

Vagabond de Inoue Takehiko nos transporta para o passado do Japão e nos convida a refletir sobre nossas próprias jornadas. Para os amantes de mangá e da cultura japonesa, Vagabond é uma leitura essencial que certamente vai muito além do mero entretenimento.