Dorameiros de plantão, hoje falaremos de um dorama já citado nesta coluna, mas hoje separaremos esta maravilhosa e triste saga e falaremos a respeito. Confesso que o motivo desta nota é somente para desabafar algo que está grudado na garganta, portanto fica o alerta de spoilers.

HIStory 3: Make Our Days Count narra a trajetória de dois estudantes: um baderneiro sem futuro e outro brilhante aluno, porém sem perspectiva de vida social. Ambos acabam desenvolvendo um grande laço superando barreiras, amizades, família e o próprio destino.

Conclusão, sem spoilers:

HIStory sempre nos ensinou alguma lição, e essa temporada nos ensinou que não importa a quantidade de lágrimas derramadas, sempre terá mais, e digo que o único drama que me fez chorar neste estado é incontrolável amor. Brincadeiras a parte, HIStory nos passa a mensagem de superação e de não nos deixar levar por opinião de terceiro ou social e devemos seguir o que é correto. Lógico, com respeito e com paciência, mas ainda sempre firme, digno — e isso tanto Trapped (primeira saga de HIStory 3) quanto Make Our Days Count (segunda saga) nos passam esse belíssimo ensinamento.

Revolta, com spoilers:

Acompanhamos a maravilhosa história de dois maravilhosos alunos e seus amigos. Mesmo sendo de fundo, os personagens são tão bem trabalhados que possamos amar e odiar alguém da série facilmente. Cada capítulo joga um novo mix de sentimentos ao seu público; diferente de sua primeira fase, Trapped, Make Our Days Count trabalha mais as relações fraternais do que de fato um relacionamento conjugal. Mesmo tendo dois casais, um principal e um de fundo, o relacionamento de amizade, amadurecimento e fidelidade se sobressai e é colocado à prova de uma forma sutil e bem divertida.

Make Our Days Count consegue trabalhar os laços de amizade desde o início, mostrando a aceitação da sexualidade de uns de seus amigos e, logo em seguida, faz-nos descobrir a aceitação da sexualidade em relação ao protagonista — e ainda consegue quebrar os estereótipos de amigos gay e héteros que infelizmente existem em muitas séries.

Cada personagem evolui de forma natural, bela e muito divertida, e quando damos contas já estamos no final.

Yú Xīgù é um nerd brilhante, porém sem vida social, familiar, ou qualquer tipo de laço com outras pessoas. Mesmo respeitando e admirando muito seu chefe, sua ligação chega a não ser recíproca no começo, mostrando apenas um laço vindo de seu chefe para com ele. Acaba encontrando Xiàng Háotíng um elo de esperança e felicidade.

Xiàng Háotíng é o oposto de Yú Xīgù: baderneiro, adora se divertir e é bastante imaturo, mas com ótimo coração. Com isso, acaba idealizando Yú Xīgù e por ele adquire um grande senso de responsabilidade que vai se desenvolvendo até o final da série.

Logo em partida, vemos também outro casal sendo formado por um dos amigos que, de início, se assume gay com um homem mais velho que o conhece na academia onde trabalha para ajudar o seu primo dono do estabelecimento.

O que é mais interessante é que o relacionamento dos dois. mesmo com diferença entre idades, familiares entre outros motivos, se mantém desde sua formação no quinto ou sexto capitulo até seu final, o que é maravilhoso.

Agora vem a revolta que nenhum diretor, roteirista ou até mesmo a faxineira da produção não pensou em discutir: por que matar o Yú Xīgù? O cara passou por várias situações que o fizeram crescer e evoluir, perdeu seu problema de timidez, superou a sua trágica história de garoto abandonado, inclusive a pobreza, passamos a ver uma pessoa que passava fome e mal se alimentava, se torna um grande homem que não permite abaixar a cabeça, então por que matá-lo?

Não faz sentido trabalhar com personagens incríveis, fazê-lo sair de um ponto A para um B, cativar o público, nos dando sensação de remorso, solidariedade e compaixão para depois matar de uma forma tosca sem sentido e ainda explorar esse sentimento de perda pelo elenco, forçando uma mudança depressiva e trágica do Xiàng Háotíng.

Acompanhar o final desse dorama é doloroso, cruel, extremamente amargo. O sentimento de que aprendemos algo fica subjugado, e a sensação do pote de ouro quando terminamos uma série não é nada agradável.