Para falar de Devilman Crybaby e toda a densidade que ele carrega, já vale avisar: é um mangá que bota na mesa várias questões que podem dar aquele nó no cérebro e te deixar pensando por dias. Escrito pelo mestre Nagai Gō, ele explora temas como o sentido da vida (ou a falta dele), o conflito entre bem e mal dentro da gente e a busca incessante pelo que realmente somos. Para muita gente, esse mangá é praticamente uma maratona mental — não só pelo estilo brutal e cru, mas porque ele mexe com algumas das questões mais complicadas da existência. Então, prepare-se para entrar numa montanha-russa de emoções e questionamentos!
Introduzi imagens do anime porque as do mangá são muito datadas, e a qualidade não é tão boa.
Busca por si: quem sou eu mesmo?
Desde o começo, a gente acompanha Fudō Akira, um garoto meio quieto, sensível demais, que não parece se encaixar em lugar nenhum. Ele é o típico adolescente em crise, tentando entender quem ele é e o que quer. Mas quando ele se torna Devilman, essa busca por identidade explode para outro nível. Agora, ele é uma mistura bizarra de demônio e humano, vivendo entre dois mundos que não o aceitam completamente. E aí vem aquela pergunta pesada: como ser fiel a quem somos quando parece que ninguém entende o que rola dentro da gente? Akira enfrenta essa dúvida de forma intensa — e no meio de uma guerra entre humanos e demônios, encontrar quem ele é se torna uma questão de vida ou morte.
Alienação na adolescência: um sentimento coletivo
Alienação é um dos temas mais presentes em Devilman Crybaby. Akira se sente isolado tanto entre os humanos quanto entre os demônios. E quem nunca passou por essa sensação, né? A adolescência é um período em que a gente muitas vezes se sente sozinho, incompreendido. E o Akira, coitado, passa isso numa escala ainda mais surreal e brutal. Devilman Crybaby transforma esse sentimento em algo quase palpável, jogando uma lente sobre a forma como a sociedade às vezes fecha os olhos para o que os jovens estão passando. É como se ele gritasse: “vocês não veem que estamos perdidos?”
Religião e a juventude: a busca por um sentido
Religião entra como um tema bem forte na história, trazendo aquela pergunta difícil: o que é o certo e o errado? A moral e a espiritualidade aparecem como uma tentativa de dar algum sentido para os personagens, mas a coisa é sempre um pouco distorcida. No meio de toda a violência e caos, é fácil perder a fé, né? Devilman Crybaby mostra como essa busca por um propósito pode ficar turva, especialmente para os jovens, que estão tentando fazer sentido de um mundo caótico e cruel. No fim, a história faz a gente pensar se esses códigos morais são suficientes para segurar o peso do mundo real ou se a humanidade está destinada a tropeçar sempre nos próprios erros.
Niilismo como forma de viver
No fim das contas, o que mais marca em Devilman Crybaby é o niilismo — aquela visão de que a vida é uma parada sem sentido e que, talvez, a melhor forma de encará-la seja aceitando isso. No universo de Akira e Ryō, não existe uma luz no fim do túnel, e a destruição parece inevitável. Devilman Crybaby joga a ideia de que, às vezes, viver é só sobreviver, aceitando que as respostas não estão lá fora e que talvez nem dentro da gente mesmo. Para alguns, isso pode soar sombrio; para outros, é uma liberdade. Afinal, quando você não tem mais nada a perder, o que te impede de ser quem você realmente é?
Conclusão: Devilman Crybaby e o espelho da humanidade
No fim, Devilman Crybaby é um mangá pesado, sim, mas que nos obriga a olhar para nossas próprias sombras. Ele nos lembra que a humanidade é capaz do melhor e do pior, e que, por mais que tentemos, somos sempre um pouco perdidos. Akira, com toda a sua luta interna e externa, é um reflexo de cada um de nós, tentando encontrar seu lugar num mundo que, às vezes, parece não fazer sentido algum. E, quem sabe, a mensagem final seja essa: não importa o quanto as coisas sejam confusas, a gente tem que seguir, mesmo que a única certeza seja a incerteza.
Então, se você ainda não leu, prepare-se para uma experiência de tirar o fôlego — Devilman Crybaby é muito mais do que sangue e luta; é uma reflexão sobre o que significa ser humano em um mundo cheio de contradições. Disponível na Netflix com uma nova roupagem feita pelo Ōkouchi Ichirō, um roteirista e romancista japonês famoso por Code Geass (ainda vou trazer mais sobre isso). See ya!