Lançado em 1998 pela Konami, Metal Gear Solid 3 é um jogo de ação e aventura com elementos de stealth. Sob a direção de Hideo Kojima, o jogo, desenvolvido originalmente para PlayStation, foi um sucesso no mercado internacional, sendo relançado posteriormente para Xbox e GameCube. Em Metal Gear Solid 3, o jogador assume o papel de Solid Snake, um agente do governo dos Estados Unidos enviado em uma missão de infiltração e sabotagem em uma base no Alasca com o objetivo de recuperar a arma nuclear conhecida como Metal Gear.

O lançamento do jogo veio acompanhado de várias polêmicas, e dentre elas uma está intimamente relacionada com as políticas de combate às drogas no território japonês. Em determinado momento do gameplay, o protagonista entra em combate com a personagem Sniper Wolf, uma especialista. Para vencer, o protagonista deve utilizar um medicamento conhecido como diazepam, uma calmante que permite a Snake obter maior precisão na hora de atirar.

(Créditos: Peapx.com)

Logo após o lançamento, a desenvolvedora recebeu um pedido das autoridades japonesas para que o diazepam fosse removido do jogo por ser considerado uma droga perigosa e altamente viciante, sendo seu consumo considerado ilegal no território japonês.

Uma legislação extremamente rigorosa

Seguindo na contramão de outros países como Canadá e Uruguai, os quais estão se tornando cada vez mais flexíveis em relação à liberação da maconha, o Japão continua comprometido com uma política de tolerância zero. A posse de drogas, qualquer que seja a quantidade, pode render até cinco anos de prisão, acompanhado de uma multa de milhares de dólares. Quanto ao comércio de substâncias ilícitas, pode levar o indivíduo a pegar até dez anos de prisão.

Contudo, o consumo dessas substâncias vem aumentando, assim como as decorrentes detenções nas ilhas nipônicas. Dados mais atuais divulgados pela polícia japonesa afirmam que 3008 pessoas foram presas sob acusações associadas à maconha em 2017, sendo que os maiores consumidores são jovens adultos de 20 a 29 anos (9,4 prisões por 100 mil habitantes). Em 2018, foram registrados 3578 casos (42,5% dos suspeitos detidos por posse estavam na casa dos 20 anos).

Ativistas pró-legalização da maconha são considerados rebeldes contra as convenções sociais aos olhos da sociedade e até mesmo falar sobre drogas é um tabu. A sociedade japonesa não vê diferença entre drogas com potencial medicinal, tal como a cannabis, das drogas perigosas, como cocaína e metanfetamina. Logo, qualquer tipo de droga, independente de qual seja, é uma substância não natural que oferece um grave risco que pode prejudicar o cérebro ou pode provocar confusão mental. Além disso, a imprensa tradicional trata as drogas como fonte de dinheiro da máfia japonesa.

No passado era diferente

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão sofreu uma forte influência política dos Estados Unidos, o que incluiu a aplicação de algumas legislações.

No passado, o cultivo de cannabis era inteiramente liberado. Ainda na década de 1950, cerca de 25 mil fazendas estavam ativas. Hoje há cerca de 60 instâncias legais (licenciadas), autorizadas para fins industriais. Algumas delas fazem parte da rota de tours do Museu Taima, na cidade de Nasu, na província de Tochigi, a cerca de 200 quilômetros de Tóquio. Aberto em 2001, é o único museu dedicado à história da erva no país.

Desde a proibição, porém, a planta paulatinamente se tornou um tipo de subcultura no país, independentemente do fim. Basicamente, usuários de maconha são vistos como antissociais. Se você é um ator, preso por violar o Ato de Controle da Cannabis, você é duramente exposto e ridicularizado, praticamente linchado. Se você é um estudante pego por maconha, pode ser repreendido, expulso e, no fim, excluído como membro da sociedade. Pode ser difícil de compreender para quem é de fora, mas as punições são estranhamente severas no Japão ante outros países.