Olá! Eu e Vicky estamos aqui de novo, e hoje vamos falar nossas impressões a respeito de uma obra que foi adicionada ao catálogo da Netflix e que nos chamou a atenção: Aya e a Bruxa.
Sinopse
Nem todo órfão adoraria morar no Lar para Crianças St. Morwald, mas Aya gosta. Ela consegue o que quer, quando quer, e tem sido assim desde que ela foi deixada na porta do orfanato quando era bebê. Mas tudo isso muda no dia em que Bella Yaga e o Mandrake chegam a St. Morwald, disfarçados de pais adotivos. Aya é levada rapidamente para sua casa misteriosa cheia de quartos invisíveis, livros de feitiços e poções, com magia em cada esquina. A maioria das crianças fugiria aterrorizada de uma casa como aquela… mas não Aya. Usando sua própria inteligência — com muita ajuda de um gato falante —, ela decide mostrar à bruxa quem manda.
Vicky
A animação em 3D Aya e a Bruxa (Earwig and the Witch em inglês, Āya to Majo em japonês) é um filme dirigido por Gorō Miyazaki e é uma adaptação do livro Tesourinha e a Bruxa (2011), de Diana Wynne Jones, a mesma autora de O castelo animado, que também foi adaptado pelo Studio Ghibli, em 2004, dirigida por Hayao Miyazaki. A ideia inicial para a estreia de Aya e a Bruxa era o Festival de Cannes de 2020, mas, devido à pandemia, os produtores negociaram a exibição com o canal japonês NHK, que exibiu o longa em dezembro de 2020.
O filme começa com uma mulher de cabelos ruivos, pilotando uma motocicleta enquanto um carro a persegue, mas não é qualquer carro: é um Citroën 2CV — que é semelhante ao modelo do carro do cofundador do Studio Ghibli, Hayao Miyazaki, na vida real — cuja placa começa com MYZ. A moto acelera, deixando o carro para trás, o que parece ser uma metáfora sobre a vontade de seguir o próprio curso, talvez por meio do uso de CG (computação gráfica), que é uma novidade quando comparado ao tradicional método de desenhos à mão. Eu diria que é uma escolha ousada, visto que o Studio Ghibli, ao longo dos anos, conquistou muitos fãs ao não aderir ao CG, quando o mesmo se tornou o formato padrão para filmes de animação ao redor do mundo.
Haydaru
Terminei de assistir Aya e a Bruxa, outra animação cuja obra original eu também não conhecia. Sendo uma produção dos Studio Ghibli, confesso que esperava uma coisa um pouco diferente, principalmente na qualidade de animação, já que o estúdio tem uma fama de qualidade impecável, o que não quer dizer que seja uma coisa ruim.
Em questão de animação, a obra é inteira em 3D. Talvez por eu não gostar muito desse tipo de escolha eu achei os personagens estranhos, tirando o Mandrake, que achei muito bom. Gostei bastante dos cenários que nesse estilo de animação combina, por serem mais estáticos, sem muito movimento.
Segundo informações vinculadas pela Crunchyroll, Miyazaki acredita que o Studio Ghibli não teria futuro caso continuasse a copiar tudo o que já foi feito. Para ele, a necessidade de adaptar Aya e a Bruxa veio ao perceber que era preciso fazer algo novo:
Studio Ghibli é o estúdio de anime que Toshio Suzuki fez para conseguir que o trabalho de Hayao Miyazaki seja feito. Mas isso não significa que os dois homens continuarão a carregar Ghibli para sempre, não é? Quando pensei sobre isso, sabia que não havia futuro para este estúdio se eu estivesse apenas fazendo cópias, cópias bem-feitas, mas cópias. Foi quando pensei em fazer CG.
Vicky
A animação é um ponto que não podemos deixar de abordar: não há movimentos distorcidos ou bruscos, podemos ver os “efeitos especiais” funcionando na oficina de poções e em pequenos detalhes, mas não há nada formidável sendo apresentado. Apesar de não ser fã de CG, confesso não ter sido o ponto que mais me incomodou no filme e até teço comentários positivos para as expressões da Aya, nas quais podemos observar claramente suas variadas emoções. Então devo dizer que não há o típico encanto das animações 2D do estúdio, mas não é um trabalho malfeito.
Haydaru
A trilha sonora é composta de músicas bem simples e infantis, inclusive as músicas da banda formada pelas bruxas. É tudo bem leve, o que serve para atrair muito esse público mais novo, que é o foco principal da animação, em minha opinião.
Vicky
A música é uma temática presente na animação: não apenas Mandrake é músico, como também a mãe de Aya, que é uma estrela do rock. Naturalmente, para um filme em que a música parece desempenhar um papel tão importante, a trilha sonora é igualmente notável, e destaco a música tema, que é Don’t Disturb Me e cuja versão em inglês é interpretada por Kacey Musgraves e também pela cantora tailandesa Sherina Munaf. Confiram a seguir:
Haydaru
A história também não é uma coisa profunda, é algo mais leve e simples: basicamente mostra o cotidiano da personagem principal (Aya Tesourinha), que não sabe que é filha de uma bruxa. Ela é muito esperta e arteira, vivendo ao lado de uma bruxa e um demônio, tentando a todo custo fazer com que obedeçam suas vontades.
Vicky
Sobre a história: Aya foi deixada em um orfanato ainda bebê, com apenas uma fita cassete e um bilhete de sua mãe, dizendo que ela está fugindo das “12 bruxas” e que um dia ela voltará para pegar sua filha. Na sequência, damos um salto de dez anos no tempo, em que Aya é repentinamente adotada por Bella Yagga, que revela para a menina que ela é uma bruxa e que o motivo de sua adoção é para que se torne sua assistente. Após isso, vemos uma sequência de dias quase que iguais: Bella Yagga força Aya a trabalhar e realizar várias tarefas. No início, a dinâmica funciona, e até que Mandrake e Bella Yagga também são apresentados como personagens mais complexos do que inicialmente aparentavam ser. Porém, é aqui que começa o grande problema do filme: as explicações sobre a fita cassete que foi deixada com Aya são vagas, não se fala sobre as 12 bruxas, e quando Aya e Bella Yagga passam por uma mudança significativa em seu relacionamento, e a menina começa a ter suas ordens atendidas por todos, aparecem os créditos. Zero desenvolvimento dos personagens, plot fraco, enredo mal trabalhado.
A personagem principal, Aya Tesourinha, é uma garota mimada: ela está acostumada a ter todos fazendo suas vontades, e quando isso ocorre meio que parece que não sabem o que fazer com ela, e o filme acaba assim, do nada. Outro ponto que ressalto é que a dublagem brasileira parece combinar com a personalidade da personagem, mas sendo um filme com classificação indicativa para o público infantil, há um certo exagero no vocabulário: embora não haja palavrões, há algumas insinuações linguísticas impróprias para alguém jovem, e que acho que poderiam ser refeitas por expressões mais amenas.
Haydaru
Conclusão: Aya e a Bruxa em minha opinião é uma obra bem infantil com animação e trilha sonora simples e com uma história voltada para o público infantil, o que é bem diferente de outras obras do Studio Ghibli, que é conhecido por suas animações profundas, sempre passando uma lição muito importante. Minha nota para a obra é um 5,5.
Vicky
Concluindo: Eu amei o personagem Thomas (o gato) e todas as suas cenas me cativaram. Apesar de realmente a obra não ter profundidade e falhar no desenvolvimento, de forma geral, quero destacar uma cena específica quando está ocorrendo uma visitação no orfanato: Aya vê um casal com um bebê e diz “que nojo”, pela postura que estão tendo, e ela faz uma crítica dizendo que bebês não são bonecos(as), que eles parecem estar deslumbrados em adquirir algo para brincar. Apesar de não aprovar a linguagem “que nojo”, percebi uma situação recorrente na prática de adoção da vida real: os adultos que querem adotar preferem as crianças pequenas, recém-nascidas, e muitas vezes as escolhem por uma série de características físicas. Achei um assunto pertinente, embora não tenha sido totalmente elaborado. Tendo feito esse adendo, para mim, Aya e a Bruxa é o único filme mediano do Studio Ghibli, e minha nota para a obra é 6,0.
Ficha técnica
- Direção: Gorō Miyazaki
- Produção: Toshio Suzuki
- Planejamento: Hayao Miyazaki
- Baseado em: Tesourinha e a Bruxa, de Diana Wynne Jones
- Gênero: aventura
- Companhia(s) produtora(s): Studio Ghibli
- Distribuição: NHK
- Lançamento: 30 de dezembro de 2020 (Japão)
Gostou do nosso texto? Se sim, deixa um comentário. Se não, no que podemos melhorar? Sugestões de pautas e melhorias para o site podem ser enviadas para nosso e-mail: contato@radiojhero.com
.