Saudações, leitores. Como estão? Mais uma quarta-feira chegou, e mais uma vez estamos juntos para conversar um pouquinho sobre algum ponto relevante (ou não) dos roteiros das obras que marcam nossas vidas. Tudo o que é bom, porém, chega ao fim, e com nossas obras favoritas não é diferente. Mas você sabia que, em milhares de anos de storytelling, 126 anos de cinema, cerca de 100 anos desde a criação do primeiro anime moderno e 75 anos do primeiro mangá em moldes similares aos que temos hoje, só existem quatro maneiras de se encerrar uma produção? Pois é. E tudo está relacionado com o arco dos personagens. Ficou curioso? Então chega mais porque o assunto de hoje é o final doce.

Verdade, arco de personagens e vontade e necessidade

Todos os tipos de final estão relacionados com o arco dos personagens principais. Para quem não sabe (ou não se lembra), o arco de personagem é a jornada de transformação (ou não) de um ou mais personagens. Geralmente os personagens passam por mudanças positivas, mas algumas vezes eles mudam para pior ou permanecem iguais, sendo que a mudança ou a estagnação que ocorre com os protagonistas estão relacionadas com aquilo que o personagem quer e o que ele realmente precisa, além da “verdade” com a qual o personagem lidará, aceitando-a ou rejeitando-a.

Um personagem pode, por exemplo, querer a vingança contra alguém que lhe fez mal, mas o que ele realmente precisa é entender que, como diria Ai Enma, de Hell Girl, “o ódio (e, no nosso caso hipotético, a vingança) é uma faca de dois gumes” (ou “dois legumes”, como diriam os tios do pavê), sendo justamente essa a verdade com a qual o protagonista precisa lidar: o ódio e a vingança não compensam. O arco desse personagem vai se desenrolar sobre o conflito entre o que ele quer e o que ele precisa e sobre a verdade com a qual ele precisará lidar e escolher se a aceita ou não, culminando em um final específico.

Tanto os arcos de personagens quanto o que o personagem quer em contraste com o que ele precisa dariam um texto à parte, mas, para nossos propósitos dessa semana, basta lembrarmos disto: o final de uma obra está diretamente relacionado com o arco dos personagens, e o arco dos personagens está diretamente relacionado com as vontades e reais necessidades dos personagens. Dito isso, vamos entrar de fato no tema de hoje, o chamado “final doce”.

Final doce

Os finais doces recebem esse nome por um simples motivo: os personagens conseguem tanto o que eles querem quanto o que eles precisam. Bem simples, não é? Nas produções com esse tipo de final, geralmente os personagens principais começam com uma vontade qualquer, encontram, durante sua jornada, a sua verdade (que aponta a real necessidade deles) e, após aceitar essa verdade, eles começam a perseguir o que eles realmente precisam até o conseguirem. E depois também conseguem o que queriam lá no começo, só para tudo ficar mais feliz e leve (a menos que a vontade inicial fosse algo ruim como vingança ou alguma maldade qualquer, claro).

Ainda que não exista nenhuma regra que proíba finais doces em outros casos, eles são mais comuns em filmes com uma pegada mais familiar e tranquila, como os da Sessão da Tarde. Com esse tipo de final, nenhuma criancinha vai sair da sala traumatizada e chorando. Tudo acaba bem. O final é doce!

O que é mais doce que um final doce e mais doce que o doce de batata doce? Exatamente, PreCure! Não existe nada mais doce que essa franquia.

Por hoje é só, pessoal. Espero que tenham gostado. Caso não tenham entendido alguma coisa, é só deixar sua dúvida nos comentários. Nas próximas semanas vamos falar sobre os outros três tipos de finais. Nos vemos na próxima semana nesta mesma coluna, nesta mesma rádio, que é do seu jeito, do seu gosto. Bye bye.