Bleach está de volta! A série original de anime Bleach teve uma duração de oito anos, de 2004 a 2012, abrangendo 16 temporadas. Ao lado de One Piece e Naruto, Bleach costumava ser considerado um dos três reis durante um período dourado do anime shōnen. Muitos acreditaram que nunca mais voltaria, mas, depois de uma década longe, Bleach finalmente voltou para adaptar o arco final da série de mangá, Guerra Sangrenta de Mil Anos, e hoje irei falar sobre as minhas primeiras impressões a respeito do primeiro episódio (e sim, contém spoilers de leve).

Bleach: A Guerra Sangrenta dos Mil Anos

Último arco canônico da obra criada por Tite Kubo nos mangás. A trama coloca o protagonista Ichigo Kurosaki contra os poderosos Wandenreich. O grupo, liderado pelo rei Yhwach, é formado pela elite dos mais poderosos Quincies. Os Quincies supostamente tinham sido derrotados pelos shinigamis há milhares de anos, mas enquanto todos pensavam que tinham sido extintos, eles se esconderam esperando o momento certo para contra-atacar, finalmente declarando uma guerra em busca por vingança. Toda a verdade e os segredos escondidos pelos Soul Reapers durante mil anos finalmente serão revelados à medida em que a batalha final de Ichigo Kurosaki avança e a história de Bleach se aproxima do fim.

Episódio 1

O episódio 1 de Bleach: Thousand-Year Blood War começa apresentando os principais antagonistas, que rapidamente declaram guerra à Soul Society. As lutas acontecem em todo o universo de Bleach, e a história avança em um ritmo rápido, mas acompanhável.

O grupo de amigos superpoderosos de Ichigo é reintroduzido quando eles aparecem abruptamente para salvar duas vidas aleatórias. Três personagens secundários, Chad, Orihime e Uryū, são apresentados pelo nome após uma chamativa demonstração de poder. Para quem é novo no fandom, esta introdução curta (porém eficiente) é eficaz e ajuda a entender quem são os personagens principais. Já para os fãs de longa data, esse prólogo garante que os personagens ainda estão em ótima performance.

Bleach é o típico épico shōnen, sendo essencialmente semelhante a outras séries do mesmo gênero. Há um protagonista central que é mais poderoso que qualquer um, lutadores que os apoiam e arcos de história que exploram uma variedade de inimigos. Em Bleach: Thousand-Year Blood War, é como se você nunca tivesse parado de assistir o anime, e quando rostos familiares chegam à tela, há uma sensação reconfortante.

O enredo de Bleach se concentra em um adolescente chamado Ichigo Kurosaki, que tem a capacidade de ver espíritos. Sua atuação é como um Soul Reaper, uma pessoa encarregada para ajudar o fluxo de espíritos da Terra para a vida após a morte. Além disso, os Soul Reapers funcionam como uma força militar para impedir que grupos malignos controlem o plano espiritual. O arco Guerra Sangrenta de Mil Anos coloca os Soul Reapers contra outro grupo militar espiritual conhecido como Quincy. Algo a ser destacado é que o episódio de estreia faz um ótimo trabalho ao estabelecer a facção Quincy: uma estreia sangrenta ao eliminar um personagem que tinha o apelido de “poderoso”. Os Quincy têm a capacidade de impedir que os Soul Reapers alcancem todo o seu poder, que no caso é o de acessar uma forma aprimorada chamada Bankai – Quincies podendo aparentemente anular (selar), o que torna o arco interessante ao adicionar um motivo para temer o novo antagonista.

Relembrando

Outra questão que merece ser mencionada é com relação aos poderes de Ichigo. Todas as vezes que ele lutava contra um inimigo ele acabava de alguma forma usando os poderes deles, o que por vezes podia tornar a narrativa previsível. Ichigo perde seus poderes depois de se esforçar demais contra Aizen ,o que leva a uma série de arcos nos quais Ichigo é fraco e, “do nada”, poderoso (os Soul Reapers conseguem fazer um espada com um pouco da reiatsu de cada um, e a Rukia devolve os poderes dele). Em Bleach: Thousand-Year Blood War, o episódio 1 pula completamente esses pontos da trama, não há um flashback sobre eles, e nos entrega um Ichigo em seu auge, manobrando efetivamente em torno de questões que atormentaram o mangá, destacando apenas os pontos fortes da série – aprimorando o folclore canônico enquanto mostra uma linda animação de ação.

Enredo, animação e trilha sonora

No que diz respeito à relevância do enredo, há muito que o primeiro episódio ignora, mas afeta minimamente o desenvolvimento da história. Alguns momentos foram cortados e outros estendidos. Exemplificando: há um novo recruta Soul Reaper designado para reduzir a carga de trabalho de Ichigo e, quando ele chega, está com muito medo. O anime adiciona uma sequência a respeito desse medo. A decisão criativa de mostrar isso destaca mais a frente o impacto que Ichigo e seus amigos têm quando salvam o novo recruta. Em contrapartida, o mangá geralmente inclui momentos de vida e humor de forma intermitente, e a estreia remove muitos desses interlúdios mais cômicos.

Há uma mudança no estilo de adaptação que pode ser atribuído ao novo diretor da série, Tomohisa Taguchi, que também fez o storyboard da estreia. Taguchi substituiu o diretor da série Noriyuki Abe. A interpretação de Taguchi de Bleach arrisca um pouco mais: por exemplo, ele adicionou um único quadro em que o vilão contorceu seu rosto de uma maneira muito mais extrema do que no mangá, elevando a cena a outro nível. O estilo de animação melhorou consideravelmente desde a exibição da série original: as cenas de ação são nítidas, cores diferentes são mais acentuadas do que outras. Quando o Ebern de Wandenreich é introduzido pela primeira vez, as cores de fundo ficam vermelho escuro e laranja, indicando perigo. O mesmo esquema de cores aparece quando ele escapa usando sua habilidade de sombra e a luta termina e o cenário é preparado para a transição da cena final do episódio.

Uma das características que mais me impressionou é o design de som, especificamente a música de fundo, e devemos isso ao diretor musical Shirō Sagisu, o membro da equipe original da série principal. Durante a primeira metade, quando Ichigo e seus amigos vão salvar Shino e Ryūnosuke, a icônica música de Bleach, Number One, toca no fundo, e quem não ficou nostálgico com a cena eu garanto que já morreu por dentro! Quando Ebern é apresentado, o público ouve um instrumental alto de violinos criando sentimentos de desconforto e suspense. Igualmente durante a cena final, notas graves podem ser ouvidas enquanto o público é teletransportado para a sede do Wandenreich.

https://youtu.be/tfkcPLAqUNU

Considerações finais

A Guerra Sangrenta de Mil Anos apresenta uma adaptação impressionante para a série, que espero que continue ao longo dos demais episódios. As cenas de ação são nítidas e criativas, e o anime conseguiu, neste primeiro episódio, melhorar o trabalho original: no mangá houve um final corrido com algumas pontas soltas. Tite Kubo, em uma entrevista no canal da Viz Media, comentou sobre o retorno dizendo que se envolveu bastante na produção do anime para fazerem a melhor adaptação possível, para melhorar algumas questões desse arco. Então o que eu espero é que o anime honre toda a história de Bleach e seu aniversário de 20 anos.

Ainda sobre a entrevista de Tite Kubo:

O trabalho de animação e o visual serão bem diferentes da série anterior. Eu desejei que o novo anime fizesse uso de uma coloração de tom moderno e contemporâneo, de modo que para isso nós testamos e voltamos atrás inúmeras vezes para descobrir que versão seria a mais adequada. Eu acredito que sem dúvida será uma nova e agradável experiência visual para todos, e o cenário será inclusive novo também. Eu decidi em minha mente encerrar o mangá há 15 anos, e com tantos personagens aparecendo nesse último arco, haverá muitas cenas de batalha que nunca chegaram ao mangá, então espero poder usá-las inserindo-as o máximo que possível.

Confira o vídeo da entrevista com o mangaká na íntegra:

Para celebrar a estreia de Bleach: Thousand-Year Blood War, Tite Kubo e integrantes da equipe criativa visitaram um santuário em Tóquio, no Japão, onde buscaram energias positivas.

O diretor Tomohisa Taguchi também pode ser visto na imagem:

De acordo com o site oficial de Bleach, a saga da Guerra Sangrenta de Mil Anos terá um total de 52 episódios, que serão divididos em quatro cours de 13 episódios. Estarei aqui comentando semanalmente e espero poder contar com a companhia de todos vocês!