Yu-Gi-Oh!: a mitologia egípcia presente no anime

Apertem os cintos, pois nossa viagem nos levará direto para o Egito.

Vicky · 20 de setembro de 2021 às 16:59
menos de 1 minuto de leitura

Olá, caros viajantes, como vocês estão? Espero que todos bem! Para quem me acompanha, sabe como gosto de coisas temáticas, mas hoje não trarei uma indicação de uma obra, e, sim, uma análise um pouco diferenciada, e eu espero que vocês possam curtir! Apertem os cintos, pois nossa viagem nos levará direto para o Egito.

É hora do duelo! Se você é fã de anime ou passou a infância assistindo TV Globinho, certamente, se lembra dessa icônica frase. Os fãs estão comemorando o 25º aniversário do mangá de Yu-Gi-Oh!. A série original de Kazuki Takahashi fez sua estreia nas páginas da revista Weekly Shōnen Jump da Shūeisha no Japão em 14 de setembro de 1996, gerando uma enorme franquia de spin-off original, vários animes, filmes, videogames e jogos de cartas.

Capa da primeira edição brasileira do mangá Yu-Gi-Oh!. 
A capa tem um aspecto que se assemelha a um papiro, parece papel envelhecido. Na parte superior lemos o nome do manga, em caixa-alta, com letras brancas e fundo vermelho e vários hieróglifos ao fundo. No meio, temos um triângulo invertido, no qual o perfil do personagem principal se encaixa: vemos o rosto de perfil, com uma gola azul, cabelos com detalhes dourados e, na parte superior, detalhes vermelhos e roxos. 
À esquerda, na parte inferior, tem o número 1 em branco, com contorno vermelho, e, do lado direito, inferior, tem a logo da editora, JBC MANGÁS, e o nome do autor em negrito. 
O personagem que tá na capa se chama Yūgi Mutō.

Sinopse

Yūgi mora com seu avô, dono da loja de jogos Kame Solomon Mutō. Ele adora todos os jogos, seu maior tesouro é uma misteriosa caixa com os dizeres: “algo que você vê, mas nunca viu”, o conhecido Enigma do Milênio capaz de realizar qualquer desejo a quem lhe desvendar. Yūgi já sabe exatamente o que pedir: um grande amigo que nunca lhe traia e ao qual ele nunca o trairá. O problema é que o colégio de Yūgi está cheio de encrenqueiros dispostos a infernizar a vida do garoto, a vítima perfeita para as mais variadas brincadeiras dos coleguinhas, principalmente de Tristan e Joey. Mas algo está prestes a mudar…

Como não tive muito contato com o mangá, meu texto hoje irá se basear no anime, na versão clássica lançada entre 1998 e 2004. O anime possui muitas “eras”, uma geração para cada protagonista; cada uma introduz um novo tipo de “invocação”, que aqui se refere ao termo utilizado pelos personagens que representa a invocação de um card de monstro para ser utilizado nos duelos do anime.

Porém, para que não fique um texto extremamente longo e cansativo, vou selecionar alguns episódios da primeira “era”, por ela apresentar a maior quantidade de elementos sobre o Antigo Egito. Sendo mais específica, irei falar sobre o aparecimento de itens que referenciam o Egito, sendo eles o Olho de Hórus, os conceitos de e e, por fim, o amuleto ankh.

Ankh

Imagem representando antigos deuses egípcios. 
Da esquerda para a direita: Sobek, Sotis, Toth, Hórus, Isis e Anúbis. 

Sobek era o deus-crocodilo dos Antigos Egípcios e está representado como um homem com cabeça de crocodilo, ostentando uma coroa com um disco solar e uraeus (serpentes sagradas).

Sotis, com roupa em detalhes vermelho com azul e uma estrela acima de sua cabeça, com cabelos pretos na altura do ombros.
Toth sendo representado  na forma de íbis com o bico curvado. Suas vestes inferiores são amarela e azul (parece uma saia). 
Hórus: possui corpo de homem e cabeça de falcão com uma coroa em forma cônica. Na mão esquerda, ele carrega uma chave que simboliza a vida e a morte e que é citada no texto.

Isis: representada como uma mulher usando um vestido de bainha, lilás, e um símbolo de ankh na mão direita. 
Anúbis: Representado com a cabeça de chacal e corpo de homem, vestes em tons verde-piscina, branca e amarela; na mão direita ele segura um cetro, e na esquerda, a chave que representa a vida e a morte.

Ankh é um hieróglifo encontrado na arte do Egito antigo. Ele aparece gravado nas colunas dos templos de Karnak, Edfu e também gravado em murais no Templo de Luxor, de Hatshepsut, Medinet Habu, entre outros, assim como em obeliscos e nas paredes de túmulos. Os deuses egípcios sempre o carregavam em uma das mãos para simbolizar o poder que eles próprios possuíam sobre a vida.

Shadi

Representação de Shadi, rapaz com turbante branco na cabeça, par de brincos, túnica creme, com detalhes brancos e olhos azuis. Pendurado em seu pescoço está o ankh, falado no texto.

No anime, este artefato aparece na forma de um dos itens do milênio, e seu portador se intitula Shadi. O ankh utilizado pelo personagem Shadi não dispõe de maiores detalhes, sendo utilizado algumas vezes para ajudar Yūgi a entrar no mundo das memórias perdidas do espírito do antigo Faraó que reside em outro dos itens do milênio.

Representação de Shadi, do mesmo jeito que a imagem anterior; a diferença é que agora ele está dividindo a cena com Yūgi Mutō, que está atrás dele, com calça e paletó azul escuro, cabelo dourado.
O cenário tem umas cortinas roxo-escuras com detalhes em amarelo-ouro.

Esses itens do milênio (sete ao todo) representam partes que foram retirados e ficaram sob a tutela de sete protetores do Faraó, pai desse espírito que está preso no Enigma do Milênio. Cada um dos itens possui um tipo de poder, e existe uma profecia em que, ao serem devolvidos e pronunciarem o nome do novo Faraó, ou seja, o espírito que estava no enigma do milênio, eles provocariam o retorno do deus da escuridão, Zorc. Assim, na história da última temporada da primeira geração vemos Shadi com o ankh ajudando Yūgi, adentrando a mente do espírito do Faraó, pois uma dessas lembranças seria o seu nome, e a missão de Yūgi é descobrir e levar essa informação para o Faraó.

Olho de Hórus

Um um olho humano, composto de pálpebras, íris e sobrancelha. As linhas abaixo figuram; as lágrimas, que por sua vez, simbolizam a dor na batalha em que o deus Hórus perde o seu olho. A forma como é representado está associada a alguns animais adorados pelos egípcios, como o gato, o falcão e a gazela.
As tonalidades da imagem: marrom, em boa parte, e azul-petróleo; no canto superior direito, tem uma tonalidade azul mais clara.

Um dos símbolos egípcios mais famosos é o Olho de Hórus. É uma mistura entre um olho humano e um olho de falcão. De acordo com a mitologia egípcia antiga, o deus-rei Hórus (que era descrito coma cabeça de um falcão) teve seus olhos arrancados em uma batalha com seu tio Set. Com a ajuda de Thoth, ele curou seus olhos. Essa restauração da visão, em Hórus, remete ao símbolo, o significado de poder, proteção, regeneração e força.

Maximillion Pegasus

Representação de Maximillion Pegasus, é o rosto dele com cabelos brancos perolados. O olho esquerdo é castanho-escuro, e o direito está com o Olho de Hórus no lugar, sendo que ele é todo dourado, boca entreaberta (porém não muito). Mão direita na cabeça, segurando uma parte de cabelo.

No anime, o Olho de Hórus aparece entalhado em alguns dos itens do milênio, assim como em algumas cartas utilizadas no anime e no card game. Maximillion Pegasus, o “criador” dos monstros de duelo no anime, utiliza-o no “olho do milênio” que possui o poder de olhar a mão do adversário e prever seus movimentos durante um duelo, além de aprisionar as almas das pessoas.

Bá e ká

Representação conjunta de bá e ká: 
Bá do lado esquerdo superior, representado por um pássaro com cabeça humana; o ká do lado direito, como dois braços sem articulações dividindo, como se estivesse colocando ambas as mãos pro céu, mas sem a divisão delas. 
No centro, representação de uma pessoa deitada, como se estivesse morta e acima da pessoa um pássaro verde oliva, com bico cumprido, representando o akh.

O bá e o ká são muito importantes para os antigos egípcios. Do ponto de vista egípcio, o ser era composto de nove partes que, estando unidas, formavam a personalidade da pessoa. Após a morte, todas essas partes se separariam, sendo necessário garantir que algumas partes específicas se reúnam no submundo para que o falecido possa gozar da eternidade em plena consciência e na presença dos deuses.

Bá: alma

Representação isolada do bá: um pássaro com cabeça humana. Ao centro, tem uma pessoa deitada, e em cada lado tem algo parecido com uma tocha. A imagem é toda num tom marrom-pastel.

O era o mensageiro entre o corpo e a força vital do ser. Era representado por um pássaro com cabeça humana, já que ele poderia se locomover rapidamente entre distâncias, incluindo entre mundos (Terra e além). Cada bá era conectado ao corpo de origem, levando mensagens e energia para o ka. Dentre suas inúmeras funções, uma delas é pesagem do coração diante de Osíris.

Ká: força divina/vital

Representação isolada do ká, com as mãos pra cima como se estivesse louvando ou agradecendo. Na parte de baixo tem um busto, representando um egípcio, toda tonalidade é marrom.

O ká é considerado o duplo do ser vivo por ter a mesma forma. Os egípcios consideravam que todo ser vivo possuía um ká, de plantas a animais complexos como o humano e inclusive os deuses, todos possuíam força vital divina. Portanto, o ká era como se representasse a essência da vida de determinada pessoa e a morte significa o fim dessa essência.

No anime

Vemos uma representação de um personagem careca, com um par de argolas douradas, olhos azuis, roupa branca, conversando com outro personagem que está de perfil, roupa branca com detalhes amarelo queimado, só a ponta do nariz de fora. 
Na parte inferior lemos em letras brancas, caixa-alta: NA BATALHA CONTRA BAKURA, SEU BÁ TAMBÉM SOFREU BASTANTE.

O bá e o ká são elementos importantes dentro do anime. O bá representa a alma da pessoa. No anime, o personagem Mahad (protetor do Faraó e portador de um dos itens do milênio) duela contra Bakura; como resultado, perdeu parte de seu ká e também de seu bá, recorrendo à fusão dos dois e dando origem à carta Mago Negro.

Carta com o nome MAGO NEGRO, na parte superior esquerda. Sete estrelas com o contorno vermelho, abaixo do nome. 
no centro, personagem com vestes lilás, segurando uma lança.
Abaixo tem escrito : [Mago]
o mago definitivo em termos de ataque e defesa. 
na parte inferior direita tem: ATK/2500 DEF/2100
edição limitada © 1996 KAZUKI TAKAHASHI.

Já o ká no anime representa o poder que a pessoa guarda dentro de si: quanto maior for, mais forte ela é. Na obra, há todo um processo de extração desse ká utilizando os itens do milênio, que, ao ser extraído, é redirecionado para uma estrela onde ficará preso. Quando necessário, os defensores do Faraó o utilizam como se fosse os monstros de duelo utilizados no anime.

Imagem de uma cena do anime. Na parte superior direita tem escrito: ká (do egípcio: energia espiritual).
Do lado esquerdo, personagem com roupa cinza-petróleo puxado um pouco pro azul, cabelos brancos, barba branca ao lado de Yūgi, que tem roupa azul com branco, e na parte inferior tá escrito: " Faraó, creio que é a primeira vez que vê a extração do ká de um criminoso."

E chegamos ao fim de nossa viagem hoje. Eu espero que vocês tenham gostado! Caso sim, diversas gerações desse anime possuem outras mitologias e itens que remetem à História, como por exemplo as linhas de Nazca e a mitologia nórdica na terceira geração, cartas com nomes de importantes pensadores, entre outros que posso trazer, se for do interesse de vocês.


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Sobre Vicky

Otaku, escritora, locutora na J-Hero e cinéfila, conectada ao mundo dos animes, J-Rock e cultura oriental.