Olá, terráqueos. Hoje eu vim abrir meu coraçãozinho com vocês devido aos últimos acontecimentos no cenário pop coreano, depois dos suicídios da Sulli do F(x) e da Goo Hara do Kara. Hoje é um artigo mais pessoal, um breve desabafo de fã sobre a questão da saúde mental e a ideia de “ídolos são descartáveis”: se ela se foi, logo outra toma o lugar.
De alguém que acompanhava tanto Kara quanto F(x) e tinha muito carinho por ambas as integrantes. Desabafo de alguém que tem plena noção de como a depressão e o suicídio afetaram a vida dessas mulheres e das pessoas ao redor, de vítimas de casos anteriores a esses que vamos abordar nas próximas matérias, e por isso é um assunto que precisa ser abordado.
Eu venho escrevendo e reescrevendo sobre este assunto desde o caso da Sulli, e eu nunca me contento com minhas palavras. A verdade é que eu nunca vou ter palavras o suficiente pra expressar minha tristeza e indignação sobre isso. Este ainda é o primeiro de uma série que eu pretendo lançar abordando esses casos e questões relacionadas a eles. Ainda não vou falar de outros casos, como o Jonghyun, pra não deixar o texto grande demais. Me desculpem as palavras escassas, foi só o que eu consegui externar por agora, ainda está difícil de absorver a notícia da Hara.
O que me motivou a dar início no texto de hoje foi um comentário em específico numa página de notícias. Obviamente, sempre há comentários cruéis não só nessas páginas, mas por toda a internet. Afinal, foi uma das coisas que mais pressionaram e pesaram nas decisões de Sulli e Hara e destrói o psicológico não só de ídolos coreanos, como também artistas da indústria americana, celebridades brasileiras e nós, internautas comuns (mas os k-netz, internautas coreanos, são conhecidos por serem extremamente cruéis em seus comentários).
As palavras, sejam na internet, sejam vocalizadas, “boca a boca”, são os maiores pesos no gatilho da depressão. Precisamos aprender a assumir a responsabilidade pelo que dizemos e entender a diferença entre opinião e ofensa, críticas destrutivas e opiniões desnecessárias.
A indústria do k-pop é conhecida por fabricar ídolos. Os contratos abusivos, treinos exaustivos, fabricados desde a aparência até o modo de falar e se portar. Mas, moldados ou não, ainda são rostos. Mesmo com as empresas decidindo suas roupas, seus cabelos e até mesmo seus comportamentos, ainda são seres humanos.
Mesmo que muitos grupos sejam lançados todos os anos, com dezenas de integrantes, e que todos os anos apareçam centenas de novos nomes no cenário, não é uma fábrica de bonecas. Mesmo que as empresas os tratem como descartáveis, para os fãs, eles não são. Eles são a representação do carinho, do amor, de sonhos, de objetivos, de inspirações de seus fãs.
Eu tenho algumas pastas de salvos no Instagram de mulheres que eu admiro. São fotos cujas roupas, maquiagens, poses, estilo de vida, dicas, e exemplos a seguir eu gosto. E Sulli e Hara estão lá, sempre estiveram naquela pasta de mulheres que eu olho e admiro, que eu busco inspiração pra enfrentar a luta de cada dia e alcançar meus objetivos. Então interessa, sim, saber se o rosto delas está no meio das meninas da foto acima.
E por mais que milhares de canções sejam lançadas todos os anos, nenhuma vai ser como Step, que, mesmo depois de oito anos de lançamento, eu ainda coloco a música pra tocar no meu local de trabalho em dias estressantes, e me animo como se estivesse ouvindo pela primeira vez. Ou com a assinatura debochada de Globin, que ao mesmo tempo aborda um tema tão necessário e pouco trabalhado na mídia coreana: ironicamente, a saúde mental.
E você, seja de qual gênero você é fã, com certeza não acha que a sua música favorita possa ser comparada com outra, mesmo que seja do mesmo gênero. Kara tem sua digital, e a Hara é uma de suas linhas. F(x) não foi a mesma coisa sem a Sulli. Ou então GoodBye de 2NE1, que ficou parecendo um trabalho inacabado por não ter a Minzy. As linhas da Jessica sendo feitas por outras integrantes do SNSD nunca tiveram a mesma essência.
E, por fim, a ideia é de que “a culpa é dos jovens que consomem, mesmo sabendo como as coisas funcionam, só alimentam a indústria”.
Até onde podemos levar essa ideia em consideração? E até onde quem diz isso está realmente preocupado com uma empresa que explora seus empregados ou só quer criticar algo que está “na moda”? Deixar de consumir vai resolver o problema? Ou podemos fazer mais? E apenas criticar o estilo e quem gosta, vai resolver o problema?
E falando em comentários cruéis de internautas que os artistas tem que lidar, bem, eles certamente não vêm de fãs. Obviamente, muitos são resultado da competição entre fãs, também criada pelas empresas, mas temos aí os comentários de quem não consome o material e, em vez de só dizer que não gosta, não agrada ou criticar o comportamento dos jovens, prefere proferir palavras desrespeitosas aos artistas.
Mas isso tudo acontece só no k-pop? Temos casos em Hollywood, memoráveis nomes de ex-estrelas das Disney com a vida marcada pelo passado conturbado pelas exigências estritas da marca, atores teen, acontece no cenário pop com músicas e aparência também fabricadas por suas gravadoras, que, apesar de tudo, marcaram a vida de milhares de pessoas ao redor deste planetinha redondo.
O que eu posso dizer por agora, com este coração quebradinho, é que nós quem decidimos a importância e os valores das pessoas. Nós quem ditamos quem marca ou não nossas vidas, se uma música é só momentânea ou vai ter um significado especial por décadas. E nós somos responsáveis por expressar a importância e a relevância desses artistas em nossas vidas e fazer com que eles saibam disso. Não importa se é uma letra com uma crítica social de alto impacto ou só um refrão chiclete sem sentido, nós decidimos o significado disso em nossas vidas. Dê os holofotes aos seus ídolos ainda em vida, nem que você seja o único na plateia dele. “Homenageie os mortos, mas não se esqueça dos vivos” enquanto ainda é tempo.
Sulli, Hara, Jonghyun, Jang Ja-yeon, Ahn Sojin e tantos nomes que eu quero trazer aqui sempre foram estrelas brilhantes para mim, e a luz deles é infinita.