Street Fighter II Victory, originalmente exibido no Brasil pelo SBT (1995), marcou uma geração de telespectadores ao adaptar para o formato de anime um dos jogos de luta mais populares da década de 1990. Produzido pelo estúdio Group TAC e dirigido por Sugii Gisaburō, o mesmo responsável pela versão animada de Street Fighter II: The Animated Movie, o anime ofereceu uma nova perspectiva sobre os personagens clássicos da Capcom, explorando suas origens, motivações e jornadas pessoais de uma forma muito mais profunda do que os jogos conseguiam apresentar na época.

Muita gente se lembra pela abertura que ficou fixada na cabeça na época — com seu ritmo acelerado e refrão cativante — além da dublagem cheia de expressividade típica das produções brasileiras dos anos 90. A versão exibida pelo SBT fez parte de uma leva de animes que foram transmitidos em meio a programas infantis e conquistaram o público jovem pela novidade, pelo estilo visual diferente e pelas tramas que misturavam ação, drama e aventura.

Ao longo de 29 episódios, a história segue Ryu e Ken em uma espécie de jornada de amadurecimento, em que os dois amigos viajam pelo mundo enfrentando desafios, aprimorando suas habilidades de luta e cruzando o caminho com outros personagens consagrados como Chun-Li, Guile, Fei Long, Dhalsim e o vilão M. Bison (Vega, na dublagem brasileira). A narrativa se distancia bastante da linha cronológica dos jogos, apostando em liberdade criativa para recontar certos elementos.

A animação, para a época, impressionava pelos traços limpos, movimentação fluida nas cenas de combate e uso intenso de trilha sonora para criar impacto. Embora voltado para um público jovem, Street Fighter II Victory não evitava momentos mais densos e até sombrios, tratando com seriedade temas como honra, disciplina, perda e superação.

Com o tempo, o anime se tornou uma espécie de clássico cult entre fãs de animação japonesa e de jogos de luta. Muitos colecionadores buscam relançamentos em DVD, edições remasterizadas ou até versões legendadas mais fiéis ao original japonês. Ainda que não tenha tido uma continuação direta, a série consolidou a presença de Street Fighter no imaginário dos fãs brasileiros e abriu caminho para outras adaptações animadas de jogos nos anos seguintes — um elo entre os botões do arcade e a fantasia do mundo animado.