Sinceramente, não consigo lembrar qual foi o primeiro brinde que vi quando criança nos pacotes de salgadinhos ou em outras besteiras, mas certamente me recordo com nitidez de vários deles, desde Tazos metálicos a chaveiros de mochila, cartas colecionáveis e muitos outros. Eu poderia passar o dia inteiro listando os brindes que chegaram às nossas mãos naquela época. No entanto, vou focar apenas em alguns que se relacionam com o conteúdo da nossa rádio: os queridos animes e mangás. Mesmo assim, terei que ser breve, pois foram inúmeras as promoções.

Entre meados dos anos 80 e o início dos anos 2000, o fenômeno dos animes e da cultura pop oriental teve uma presença muito marcante na América Latina, especialmente no Brasil, onde foi fortemente abraçado. Naquela época, a mídia, como a conhecemos hoje, ainda estava nos seus primeiros passos, e as regras e leis sobre publicidade e propaganda eram mais flexíveis. Não havia tantas restrições, o que permitiu a existência de várias promoções que se perderam com o tempo, assim como muitas outras coisas que marcaram aquela era.

Restrições e leis

Ok, é um fato de que os brindes sumiram com o passar dos anos, mas você já parou para pensar o motivo da ausência dessas promoções? As razões são muitas e podem ser atribuídas a várias mudanças nas regulamentações e preocupações sociais que surgiram ao longo dos anos.

Com o tempo, as leis de publicidade se tornaram mais rigorosas, especialmente em relação à propaganda dirigida ao público infantil. Muitas dessas leis visam proteger as crianças de práticas publicitárias que possam ser consideradas manipuladoras ou que incentivem o consumo excessivo de produtos pouco saudáveis. No Brasil, por exemplo, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (CONAR) estabeleceu diretrizes que limitam a forma como produtos alimentícios podem ser promovidos para crianças. Como resultado, oferecer brindes como forma de atrair jovens consumidores começou a ser visto como uma prática questionável.

Para entender como as regulamentações podem ter efeitos negativos de diversas maneiras, considere que um dos principais motivos para a ausência de programas infantis na TV aberta hoje é justamente essas regras. Elas proibiram, por exemplo, a veiculação de anúncios de brinquedos e produtos infantis durante programas como o Bom Dia & Cia.. Como essas empresas eram os principais patrocinadores desses programas, a proibição resultou na redução de patrocínios, contribuindo para o fim de muitos quadros infantis.

Obviamente, existem outros motivos para esse desaparecimento, como a mudança nos padrões de consumo e as preocupações com a saúde pública, que certamente contribuíram para o fim dessas práticas.

Tazos de Pokémon (2000)

Os Tazos eram pequenos discos colecionáveis que viraram febre entre as crianças no fim da década de 90. A maioria deles ilustrava séries infantis famosas da televisão. Como Pokémon tornava-se um sucesso mundial na época, não poderia deixar de ter ganho sua própria coleção de Tazos. Os primeiros Tazos de Pokémon eram encontrados nos pacotes de salgadinho da Elma Chips, como Cheetos, Fandangos, Stiksy e Pingo d’Ouro.

A promoção entrou no ar entre 1999/2000 e totalizava 70 Tazos diferentes com ilustrações de Pokémon, sendo 45 Tazos normais e 25 Tazos lenticulares, conhecidos como “Evolutazos”, nos quais os Pokémon evoluíam entre 55 espécies, perfazendo um total de 100 personagens diferentes. Hitmonlee e Hitmonchan, apesar de não serem evoluções na primeira geração, faziam parte de um dos Evolutazos. Posteriormente, na segunda geração, ambos foram integrados à mesma linha evolutiva.

Além da figura do Pokémon, os Tazos possuíam uma imagem de fundo que indicava o tipo do Pokémon. No verso do Tazo, havia a imagem de uma Pokébola e as representações dos tipos contra os quais aquele Pokémon tinha vantagem. Os Pokémon do tipo Normal não tinham vantagem sobre nenhum outro tipo, enquanto os do tipo Ice eram os mais vantajosos, ganhando de sete tipos diferentes. No entanto, eram relativamente raros, já que apenas Jynx e Articuno possuíam esse tipo nos Tazos. Era comum as crianças competirem para ver qual Pokémon tinha vantagem sobre outro e, claro, a prática de apostar Tazos, onde o vencedor ficava com os Tazos do adversário.

Diversas versões dessa promoção foram lançadas ao redor do mundo, com Tazos de outros Pokémon além dos 70 lançados no Brasil na época. Em alguns países, chegaram a ser lançados Tazos com Pokémon da segunda geração.

Tazos de Yu-Gi-Oh!

Nesse caso, Yu-Gi-Oh! teve duas promoções consecutivas, certamente devido ao grande sucesso que o anime fazia na TV brasileira. A primeira promoção, lançada em 2003, incluía Tazos de plástico, semelhantes aos de seu antecessor, Pokémon. Logo depois, veio a versão metálica, que contava com 40 Tazos metálicos e mais 20 adesivos para serem colocados no álbum.

Na minha opinião, os Tazos de metal de Yu-Gi-Oh! são os mais bonitos. A textura metálica conferia um brilho único, que realçava as cores vibrantes dos personagens impressos. Essa combinação criava um contraste visual que fazia com que os Tazos se destacassem de uma forma que poucos outros brindes conseguiram. O acabamento metálico não apenas tornava os Tazos visualmente mais atraentes, mas também lhes dava uma sensação de durabilidade e qualidade superior. Eu achava isso bem legal quando criança.


Como mencionei no início, foram inúmeras as promoções ao longo dos anos, e já abordamos um exemplo marcante com a nossa primeira matéria sobre os Tazos de Pokémon. Além dos Tazos, outros brindes memoráveis, como o Jo-Ken-Pokémon, cartas colecionáveis e diversos outros Tazos, também fizeram parte dessa época especial.

No entanto, como o texto já está bastante extenso, deixarei a descrição desses outros brindes para uma próxima ocasião. Convido você a acompanhar nossa coluna semanalmente, pois em breve teremos a segunda parte, na qual exploraremos ainda mais desses itens que marcaram a infância de muitos de nós. Não perca a oportunidade de relembrar esses momentos nostálgicos! 😉