Olá, futuros membros de academias com formadores de opinião que montam premiações malucas mundo a fora. Como estão? Espero que bem, embora o calor esteja de matar.
Há algumas semanas ao montar as listas de fim de ano aqui detsa miúda coluna, reunindo o que ocorreu de melhor e pior em 2014, pude perceber que, ao longo de todo o ano, acabei deixando passar vários dos lançamentos musicais que ocorreram na Ásia, seja isso por distração ou simples falta de tempo.
Portanto, como vejo esse espaço aqui na Rádio J-Hero como uma boa vitrine para que a cena musical asiática seja passada pra frente e divulgada aqui em terras brasucas, resolvi criar essa “série” chamada Raspa no Tacho, onde em alguns posts durantes as próximas semanas trarei alguns dos lançamentos que negligenciei nesses últimos tempos.
Mas claro, apenas os que realmente valem a pena e que valem a atenção de vocês. Os que eu não julgo dessa forma permanecerão no limbo do esquecimento. Agora vamos lá…
HA:TFELT – me? ( Julho de 2014 )
Meu primeiro contato com o grupo Wonder Girls foi há alguns anos atrás, quando uma amiga me levou para a sala do K-Pop num evento de anime que ocorre aqui no Rio de Janeiro. A princípio, não curti o som EDM das garotas, principalmente por conta da participação do chato do Akon na música. Ao chegar em casa, garimpei mais um pouco a respeito do trabalho do grupo e, infelizmente, não encontrei nada que realmente prendesse a minha atenção – pelo menos não em relação as canções.
Então, ano passado, com bastante tempo de intervalo, conheci uma cantora chamada HA:TFELT, que cantava e dançava de maneira sensacional num videoclipe. Para a minha surpresa, a tal era uma das componentes do Wonder Girls usando um pseudônimo.
E a minha surpresa positiva não parou ai. Ao escutar o álbum Me? por completo, pude constatar que a Ye Eun fez exatamente o que adoro quando um artista de banda lança um trabalho solo: se desvencilhou da sonoridade original do grupo e ousou, criando uma identidade própria e, acreditem, muito boa.
A primeira prova disso está na faixa que abre o álbum. O arranjo orgânico de Iron Girl faz um plano de fundo excepcional para a interpretação vocal embriagada e rouca dela, soando como uma boa faixa Pop/Rock que cairia como uma luva na trilha sonora de algum road movie. Tentem se imaginar escutando-a enquanto atravessam uma estrada deserta com o capo do carro abaixado e entendam o que estou falando.
E a sua competência vocal se torna ainda mais notável nas baladas Truth e Ain’t Nobody. Ambas usam de artifícios eletrônicos muito bem pensados e com uma riqueza doentia de detalhes. Na primeira, um clima soturno quase sufocante, na outra, um mid-tempo de três camadas, indo de um doce Pop clássico para uma explosão sonora e um pós-refrão com melismas e vocalizes feitos em forma de dubstep. Não é à toa que selecionei essa como um dos 10 melhores singles femininos no K-Pop de 2014 – leiam aqui.
E quando achei que era o suficiente e que o nível não poderia subir mais, surge Bond. Misturando batidas Trap com teclados, guitarras e vocais pausados e em certos momentos quase sussurrados, sua pegada cinematográfica não permanecesse apenas no título. É a melhor canção do álbum.
Já em Peter Pan ela mostra uma vertente ainda mais Pop. É uma canção simpática que começa pequena e vai crescendo conforme os minutos passam. É de fácil audição e com certeza deve funcionar muito bem ao vivo.
Por fim, Nothing Lasts Forever revela uma fragilidade muito graciosa ao ser cantada tendo como principal acompanhamento o piano. Uma boa forma de encerrar o álbum…
Ooh, infelizmente, há também uma música chamada Wherever Together que não passa de um Dance óbvio e completamente ignorável, destoando completamente do clima adulto do álbum, mas que também não chega a estragá-lo como um todo.
Sugiro que escutem as faixas e assistam aos vídeos abaixo, pois essa é uma artista que devemos prestar ainda mais atenção no futuro.