De tempos em tempos aparecem algumas figuras no mercado musical que, por inúmeros motivos, acabam extrapolando tal nicho até se tornarem assunto nos bate-papos de pessoas que não acompanham o tipo de som que tocamos aqui na Rádio J-Hero.
Há alguns anos, a lindinha do Vocaloid Hatsune Miku era quem ditava regra com suas músicas divertidamente legais e despretensiosas. Mais pra frente, o odioso PSY foi quem explodiu mundialmente, embora não tivesse nada de bom em seu repertório – para relembrar isso, vejam o que escrevi aqui.
Atualmente, quem anda na boca do povo – mesmo que em menor proporção – são as menininhas da banda Babymetal. Defendendo um estilo denominado como “Kawaii Metal”, é fácil pescar uma grande quantidade de inspirações em suas canções. Há desde The Gazette, Nine Inch Nails e Mastodon até Puscifer e, acreditem, Kyary Pamyu Pamyu. Tudo isso, é claro, envolto em uma aura “Pop”, acessível para o grande público.
Picaretagens a parte, confesso que a ideia de garotinhas interpretando metal japonês soa bem interessante. Entretanto, só esqueceram do mais importante: músicas boas.
Ao escutar o mais recente lançamento homônimo do trio pela quarta vez, pude constatar em minha mente que o fato de tudo ser extremamente redondinho é justamente o que estraga tal proposta.
Por exemplo, a introdução Babymetal Death deveria ser uma tentativa de emular algo assustador, com algumas porradas sonoras e as frases rápidas recitadas por elas, cujas vozes fofinhas fazem um contraponto ideal aos berros “demoníacos”. Mas não tem um resultado muito satisfatório. Já Megitsune, com uma melodia recheada de efeitos eletrônicos juntos da banda frenética, é até divertida, mas só isso mesmo, divertida.
Ainda nessa linha de “diversão”, vemos em seguida Give Choco!!!, que também é pancadaria, também tem algo mais Pop no refrão, Li ne!, que por algum motivo absurdo resolveram meter um hip hop no meio, Doki Doki morning, Catch me If You Can, Head Bagya!!! e Ijime Dame Zettai. Elas não são tão diferentes entre si…
Há também um lado mais “adulto” em canções como Akatsuki, Akumu No Rinbukyoku e Onedari Daisakusen. Nas primeiras, é destacável a pegada épica incorporada, quase que teatral. Já na próxima, a “linha Rage Agains The Machine”. Ambas muito agradáveis.
Entretanto, 4 no Uta soa como algo estúpido em suas variações de andamento chatíssimas – pra que colocar reagge no meio do metal? Nunca entenderei. Tão desnecessário quanto o dubstep em Uki Uki Midnight. Deus me livre…
A maioria das letras são até inteligentes. Há inúmeras referências a infância em si, coisas extremamente cômicas, tiradas bacaninhas, preconceito, bullying, feminismo, folclore… Enfim, não é um trabalho ruim. Só que também não é grande coisa.
Do início ao fim, há a impressão de tudo ser milimétricamente produzido para agradar a diversos públicos. Logo, não há tanta personalidade. Talvez por isso elas tenham sido convidadas para abrir alguns show da Lady Gaga esse ano…