Violência, impiedade e depravação através de The Sadness

A linha tênue entre a sanidade e a tristeza cotidiana.

Gabiroto · 11 de dezembro de 2022 às 23:06
menos de 1 minuto de leitura

J-Hero, você abriu… e nós viemos.

Se você não tem costume com filmes de terror, este provavelmente é um filme que você deve evitar. Afinal, de acordo com o diretor Rob Jabbaz, a própria Netflix decidiu não adquirir os direitos de exibição do filme por considerá-lo violento demais para seu público.

“Este é o máximo de felicidade que você terá pelas próximas horas.”

Sinopse

Após um longo período de pandemia com sintomas relativamente leves, o mundo finalmente diminui suas medidas restritivas para a sociedade. No entanto, este vírus possui alta capacidade mutagênica, tornando-se uma praga que altera o estado de consciência dos infectados tornando-os extremamente agressivos.

Assim, as ruas são tomadas por brutalidade e depravação, enquanto os infectados exercem os mais diversos atos de crueldade e perversidade. Assassinato, tortura, violação e mutilação são o básico visto nas duas horas de duração em que acompanhamos o jovem casal Jim e Kat que tentam se reencontrar e fugir desta loucura.

Considerações gerais

Lançado nos cinemas taiwaneses em janeiro de 2021, Kū Bēi (The Sadness) está disponível sazonalmente na Amazon Prime e no Darkflix. Recebido positivamente pela crítica desde seu lançamento, é de se esperar o sucesso vindouro através da qualidade das equipes de produção, maquiagem e efeitos especiais aliados aos atores que entregam todo o clima tenso e violento.

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Horror em plena luz do dia.

Todo o material de divulgação foi baseado em seu exagero gráfico, sendo constantemente anunciado como o filme mais violento e sádico da atualidade. Além disso, Jabbaz trouxe uma “nova” visão para o subgênero de zumbis gerando uma expectativa nos fãs que aguardam novidades sobre os famigerados comedores de carne humana.

No entanto, o conceito de doença, vírus ou maldição que desperta instintos violentos no ser humano não é algo atual. Uma das inspirações para a produção é o quadrinho Crossed, de Garth Ennis. Além disso, Romero já havia mostrado os efeitos de uma sociedade insana através do Exército do Extermínio em 1973, e logo depois, em 1975, Cronenberg explorou a ideia em Calafrios. Claro que ambos os filmes passam um ritmo bem mais lento inerente à época das produções, mas ainda são grandes clássicos que merecem atenção.

Contudo, é importante deixar enfatizado que os níveis de violência vistos em Kū Bēi excedem o habitual. Por não se tratarem de seres grotescos ou mortos vivos devoradores de carne, todo o peso dos atos ganha um novo valor e gera um desconforto por ser algo pensado. A partir do momento que consideramos a brutalidade humana passível de prejudicar qualquer um, não há como não se preocupar ou se perguntar do que nós somos capazes.

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Qualquer um (eu disse qualquer um) pode se tornar uma ameaça!

Considerações finais

Apesar do pequeno deslize em seu último ato (desta vez não teremos spoilers sobre o fim), a estrutura violenta do filme não se perde até seu fim. Ao contrário da origem da ameaça e suas consequências exploradas, durante todo o longa a transformação dos infectados não é explicada, mas salientada através da lágrima que escorre momentos antes de a insanidade se libertar.

A seguir, spoilers curtos… mas necessários!

Pessoalmente relacionei a transformação dos infectados a partir da percepção deles com a vida. Enquanto Jim e Kat possuem esperança de se salvar — ou melhor, enquanto eles possuem motivos para permanecerem vivos —, o vírus e a infecção não se desenvolvem. Jim se transforma ao vislumbrar a cidade destruída e consequentemente entender que sua vida comum nunca mais será a mesma. Kat, por outro lado, se prendia ao fato de reencontrar Jim, mas ao encontrá-lo transformado se rende à infecção e se torna um dos seres de ódio e loucura.

Ao fim do longa a pergunta que devemos nós fazer é sobre o que nos levaria à insanidade desmedida. Qual seria seu limite? O que te deixaria eternamente triste?

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Sobre Gabiroto

Gabiroto é escritor amador e mestre profissional de RPG (sim, mesas pagas existem)! Aficionado com terror e horror, aqui na J-Hero decidiu trazer os melhores materiais de origem oriental para os pesadelos dos leitores.