Em junho é comemorado mundialmente o Mês do Orgulho LGBTQIA+. Todo ano, durante o mês de junho, a comunidade celebra o #Orgulho de variadas maneiras. Para entendermos a escolha do mês de junho, devemos voltar para 28 de junho de 1969, em um bar chamado Stonewall Inn, localizado no bairro de Greenwich Village, em Manhattan — Nova York, Estados Unidos.

Ali foi realizado um batida policial, de forma truculenta, acentuando a tensão entre a polícia e os residentes homossexuais de Greenwich Village, que apenas queriam o direito de frequentar espaços públicos sem medo de serem abordados com violência devido às suas orientações sexuais.

Foi após essa batida que os moradores do bairro organizaram grupos ativistas, que serviam de reforço nos estabelecimentos, para que gays e lésbicas pudessem frequentar sem medo de irem para a cadeia, sendo depois essa organização uma das mais importantes, que iria levar aos movimentos modernos que hoje conhecemos, em prol da luta por direitos iguais.

Para muitos, LGBTQIA+ pode significar apenas letras, mas a ideia é que um número crescente de pessoas se sintam representadas pelo movimento, cada letra representa quem sofre diferentes tipos de violência, por não se enquadrarem no que a sociedade prega como sendo o “normal”.

É pensando sobre inclusão que trago pra vocês hoje um debate sobre como os animes tem trabalhado isso. Apesar de o Japão ser conhecido como sendo um país conservador, muito dos animes e mangás tradicionais que se tornaram mais populares incluem personagens gays, lésbicas e transexuais.

Vale ressaltar que nem sempre são representações positivas, devido à tendência da utilização de estereótipos, em que tais personagens servem de “alívio cômico” com trejeitos exagerados e artificiais. Mas até mesmo tais representações servem como discussão do que pode ser revisto, a partir de tais caracterizações.

Podemos dizer que foi por volta de 1973 que essas temáticas sobre a diversidade começaram a se apresentar de maneira mais representativa. Foi nesse ano que houve a produção do anime Gatchaman, que introduziu a ideia de um personagem que tinha um corpo masculino e uma “alma feminina”: o Galactor.

Desde então, vários outros personagens começaram a ser incluídos, como o General Blue de Dragon Ball, Kurama e Karasu de Yū Yū Hakusho, Honjō Kamatari de Samurai X, entre outros. Nas séries populares de gênero shōnen, como Bleach, Fairy Tail e One Piece, personagens gays começam a assumir a assumir papéis secundários — ainda que alguns mais voltados pro lado cômico.

Em Bleach temos Yumichika Ayasegawa, em Fairy Tail tem o Bob da Blue Pegasus, e em One Piece, Emporio Ivankov e o Bon Clay.

A respeito dos personagens citados, se torna necessária uma reflexão sobre o incentivo e conscientização dos mangakás e, de forma geral, a respeito da criação de personagens que fujam de determinados estereótipos. Indo na contramão, as personagens lésbicas são retratadas, de forma geral, de uma maneira mais séria nos mangás e animes.

Podemos citar como exemplos como a Haruka Ten’ō (Sailor Urano) e a Michiru Kaiō (Sailor Netuno) do anime Sailor Moon. Haruka e Michiru são um par romântico, sendo retratadas como personagens sérias, inteligentes e poderosas, embora também possamos ressaltar que o casal sofreu censura, sendo muitas vezes apresentadas como primas em vez de namoradas.

Falando ainda de personagens que tiveram destaque, não podemos deixar de fora Fire Emblem, de Tiger & Bunny, um super-herói queer cuja progressão de história o torna uma representação para jovens negros e de gênero fluido.

Trazendo para obras que estão em andamento esse ano, podemos citar Requiem of the Rose King, que é uma série histórica de mangá de ação japonesa e cujo enredo gira em torno do filho e protagonista, Richard Plantagenet III, que é um indivíduo intersexual — ou seja, que possui características de ambos os sexos — causando repulsa à mãe. Alguma semelhança com situações da vida real?

Poderíamos citar muitos outros personagens como forma de demonstrar que eles estão aí, que eles tem seus próprios protagonismos, mas ficamos por aqui, e deixamos a seguinte mensagem: Viva a todas as cores da vida arco-íris! Que o mundo inteiro saiba que pessoas são pessoas e NÃO importa seu gênero. Respeito acima de tudo, toda forma de amor é amar!