Olá, prazer em escrevê-los. Sou o novo colunista da rádio Joy Boy, e minha coluna está Q-U-E-B-R-A-D-A! Brincadeiras a parte, eu venho por este espaço (agradeço a confiança) indicar, teorizar, revisar e expor minhas opiniões e indicações de majoritariamente mangás e, por vezes, um anime bom (ou que eu ache relevante comentar), e assim passar e discutir com vocês coisas novas e antigas a fim de trazer uma dinâmica melhor. Espero que gostem e espero ainda mais um feedback. Let’s live and read mangás!

O que você faria se fosse acusado injustamente e não tivesse como recorrer?

Da esquerda para a direita: Mansaku Matsuura, Rokurōta Sakuragi, Jō Yokosuka, Noboru Maeda, Mario Minakami, Ryūji Nomoto.

Rainbow: Nisha Rokubō no Shichinin trabalha com o que eu chamo de ideia do mal, um pesadelo acordado. Ser acusado de qualquer coisa é ruim, tanto quando você está errado ou quando você está certo. Nunca é bom para nós enfrentarmos as consequências (mas deveríamos!).

A história de Rainbow (que de arco-íris não tem absolutamente nada!) nos traz um Japão de 1955 atormentado e arrasado pelas duas guerras mundiais já enfrentadas. O Japão vinha de uma recessão e teve de se render ao Acordo de Potsdam, no qual os aliados estipulavam que, se o Japão não se rendesse, encararia “uma destruição rápida e total“. O Japão teve ainda de arcar com os reparos da guerra e a sua reconstrução como nação (que já estava arrasada no período pós-guerra).

Com o contexto em mente, a história de Geroge Abe (que merece um bloco no final para quem é fã), e Masasumi Kakizaki (ilustrador) nos traz o peso que o mangá já demonstra em seu primeiro capitulo em 2003.

Um grupo de jovens é conduzido em um ônibus por policiais, enquanto seus rostos cobertos passam a sensação de frieza e horror. Uma situação tanto comum acontece quando uma garota deixa seu ursinho de pelúcia cair no chão, um desses jovens se põe a pegar o urso e devolvê-lo, mas o mundo, seu mundo, não o vê com bons olhos.

Esse é o mundo em que George Abe nos insere, e a coisa começa a ficar pior que isso. Acompanhamos Mario Minakami que é colocado, junto a outros seis jovens, numa mesma cela que um ex-lutador de boxe chamado de Rokurōta Sakuragi ou de An-Chan (versão do mangá em português brasileiro). Sakuragi, em primeira impressão, é só um marginal qualquer (e com quem com certeza você não puxaria uma briga), então logo no seu primeiro encontro os seis jovens se situam de onde estão, e o desespero começa. Tudo parece ser relativo, das amizades ao jogo psicológico do próprio reformatório (que suprime a liberdade e a chance de felicidade, até ali improvável). Nesse enredo, somos apresentados a dois antagonistas (os piores dos piores, não por serem ruins, mas por serem péssimos em caráter).

Ishihara: um guarda do Reformatório Especial Shōnan (que, com todo respeito ao lixo, não vamos fazer tal comparação). Ishihara ou, para os íntimos, belzebu, capeta etc., é um perseguidor de Sakuragi desde que o mesmo entrou no reformatório e passa a perseguir e manipular os jovens também para que estes prejudiquem Sakuragi. Entre muitos chutes, tapas, cuspes, privação de sono e de comer, Ishihara é visto como o braço direito de outra pessoa do mesmo nível no reformatório… o doutor!

Doutor Sasaki: Sasaki é, nas palavras das minhas outras duas personalidades, um m**. Ele só aparece no inicio da história e não leva muito tempo para você começar a odiá-lo tanto quanto Ishihara. Sasaki usa de sua influência e status como médico no Reformatório Especial Shōnan para humilhar e satisfazer seus prazeres sociopatas, porém é o mais inteligente entre os dois mencionados aqui: trata-se de uma pessoa de experiência em fazer tais aberrações (o que deixa o gosto amargo na boca ainda maior).

A pergunta que se faz desde o inicio é: será que eles vão ser felizes? Será que tudo vai dar certo? Essa pergunta não pode ser respondida por mim, pois seria um spoiler e estragaria a imersão completa do enredo, mas se posso aconselhar é: leia! Não importa se tem o anime (que, por sinal, é bom, porém incompleto de diversas formas, como Tokyo Ghoul por exemplo). Leia o mangá e tire suas conclusões.

E só um adendo de um fã: cada nome de capítulo corresponde a uma música (pelo menos os cinco primeiros). Pode ser coisa da fandom ter encontrado sentido nisso, mas as letras fazem total sentido com a história, então vale conferir se você curtiu, assim como eu, logo o primeiro capítulo e, consequentemente, os outros também.

O mangá está disponível para venda no site da Amazon.

P.S.: Naoya Abe, conhecido pelo pseudônimo de George Abe, é um escritor nipônico e, pasmem, foi ex-yakuza. Junto de Masasumi Kakizaki lançou Rainbow: Nisha Rokubō no Shichinin em 22 volumes entre 2003 e 2010, como citados anteriormente.


E foi isso, pessoal! Foi breve, mas espero que isso incentive mais pessoas a lerem essa obra indiscutivelmente maravilhosa e sombria. Não deixe o medo ou preguiça dominarem você! Vêm ler com a gente.