Yoo minna! Após uma pausa iremos continuar a nossa viagem!

Duas semanas atrás começamos a viagem pelo Japão Feudal (vocês podem lê-la aqui) e conhecemos algumas referências culturais japonesas existentes no anime de InuYasha. Agora, após uma pausa, voltaremos à nossa viagem e conheceremos mais referências. Preparados para continuar? Então coloquem os cintos e peguem um lanche, pois retomaremos a nossa viagem ao Japão Feudal.

No capítulo anterior…

Vimos o significado do nome da Sango e do Miroku e a origem dos nomes de alguns dos seus ataques e armas. E soubemos que quase todos os personagens da obra possuem alguma referencia à cultura japonesa.

Contamos um pouco sobre a história do anime, que fala do hanyou (metade youkai metade humano) InuYasha que se apaixona pela miko Kikyou, mas vê sua história de amor ir por água abaixo por causa do plano de Naraku. Anos depois InuYasha conhece Kagome uma reencarnação de Kikyou que “herdou” os poderes de miko.

Ao lutarem com um youkai, Kagome acerta acidentalmente a Shikon no Tama a dividindo em diversos pedaços e para impedir os planos de Naraku, um ser formado por diversos youkais que passa a infernizar a vida de Kagome e InuYasha, eles passam a procurar os pedaços para juntá-los.

Conhecemos um pouco sobre a Shikon no Tama, a Joia de Quatro Almas, o porquê do nome e quais são as quatro almas. Descobrimos o que é um Youkai, o que significa a palavra e a origem do nome de alguns Youkais que existem no anime.

E agora inteirados sobre o que já foi visto, vamos ao que nos interessa, não saiam daí… (rs)

Miko

Yamatohime no Miko

A palavra “miko” pode ser escrita de duas formas, a primeira pode ser traduzida como “médium criança” e a segunda como “médium menina”. As mikos na época do Japão Feudal podiam ser divididas em três tipos:

-As ligadas a um santuário xintoísta que auxiliavam na liturgia e que existem até os dias atuais;

-As mikos itinerantes que viajavam de vila a vila para ajuda-las nas questões relacionadas à religião;

-E as mikos que estabeleciam em uma vila e lá protegiam os moradores.

Atualmente as mikos são consideradas as sacerdotisas dos santuários e a palavra é muito relacionada ao termo “noiva do santuário”, pois elas se dedicam exclusivamente a estes.

Entre as mikos mais conhecidas está a Yamatohime-no-mikoto, filha do Imperador Suinin e considerada uma das primeiras mikos existentes. Diz a lenda que há 2 mil anos atrás o Imperador ordenou a sua filha procurar um local adequado para o templo da Amateratsu Omikami.

Dos templos anteriores um ficava no Palácio Imperial em Yamato e o outro em um lugar temporário no leste da Bacia de Nara. Mas nenhum destes eram indicados para o templo. Então a Yamatohime-no-miko procurou um local por 20 anos até chegar na província Ise, onde ouviu a voz da deusa dizendo que gostaria de morar eternamente nas terras ricas e próximas do mar e das montanhas de Ise.

Ouvindo a Amateratsu Omikami, a filha do imperador estabeleceu o Santuário Interior, Naiku (“Kotai Jingū”) naquele lugar. Registrada no reinado do Imperador Suinin, Yamatohime-no-miko, foi a primeira alto-sacerdotisa do templo que existe até hoje.

Kikyou

A principal miko do anime/ mangá protege seu vilarejo e ainda é guardiã da Shikon no Tama. Seu nome é mesmo de uma bela flor, a Campânula Chinesa, que possui cinco pétalas e quando em botão é um pentágono perfeito e ao abrir forma um símbolo do Pentagrama.

A flor possui uma cor arroxeada e por ser o símbolo do pentagrama é um dos representantes do ciclo construtivo dos cinco movimentos chineses (esses movimentos são os do qi humano e da energia telúrica).

Kagome

A personagem feminina principal do anime/ mangá possui uma ligação com Kikyou até pelo seu nome. Seu nome não é escrito em nenhum kanji e, por isso, não possui um significado “oficial”. Apesar de não ser escrito, a palavra kagome é uma utilizada para nomear um padrão de bambu que forma o hexagrama. Esse padrão é muito utilizado para fazer cestas e ficou muito famoso durante o período da guerra civil japonesa, o Sengoku Jidai.

Já o hexagrama é um símbolo do macrocosmo, representado seu universo e sua disposição, além disso, representa a frase de alquimia “o que está em cima é como o que está em baixo”. O símbolo é também é muito associado à maçonaria e ao ocultismo, sendo um dos símbolos mais poderosos e malignos da magia (já reparou que ele possui o “666”? Nos 6 lados horários, 6 lados anti-horários e no hexágono interno). Porém essa última definição não entra muito no contexto do anime.

Hamaya e Hamayumi

O Hamaya é uma flecha utilizada para dissipar as energias negativas. Sua origem veio do ritual “Jarai” uma cerimonia que ocorria nas cortes imperiais durante o ano novo para exibir as capacidades das pessoas com o arco e a flecha. O alvo utilizado nessa cerimonia era chamado de hama e é daí que dizem ter saído os nomes, onde hamaya significa “a flecha que acerta o alvo” e hamayumio que atira a flecha ao alvo”. Mas durante o período Heian a palavra hama ganhou novo significado, sendo agora “destruir o mal”.

A partir da Era Edo, o hamaya passou a ser presente para comemorar o primeiro ano novo de um bebê do sexo masculino, junto com a flecha era dado também o hamayumi, o arco. Ainda hoje existe esse costume e no inicio do ano novo, muitos hamayas são comprados para serem colocados, junto com os darumas, nos lados nordestes e sudestes das casas, conhecidos como os lados suscetíveis às influências malignas.

O Hamayumi é o arco cerimonial utilizado para atirar o hamaya. Ambos são utilizados para rituais de purificação. O que é visto no anime, tanto Kikyou quanto a Kagome utilizam estes instrumentos para purificar a Shikon no Tama e miasmas.

Kotodama no Nenju

Agora o meu objeto favorito do anime! O Kotodama no Nenju é o rosário que a Kaede, irmã mais nova de Kikyou, entrega à Kagome. O seu nome pode ser traduzido como “rosário da palavra do poder”. Com este você pode controlar o que estiver o usando verbalizando uma palavra. No caso de InuYasha a palavra escolhida foi Osuwari (senta).

Kotodama é o poder ou energia que é ativado com a verbalização. Já o Nenju é o rosário composto por contas e mangatamas, aquelas joias que parecem presas e tem o formato de uma vírgula. Uma curiosidade é que esta pode ser feita de qualquer material que este não afetará seu nome, sendo mais ligado ao formato do que ao material do qual é produzido.

Há uma lenda que conta que a mangatama é um dos três tesouros sagrados do Japão, pois conta-se que Amateratsu deu um Yasakani no Mangatama a seu neto Ninigi. E esta jóia, junto com o Espelho Yata no Kagami, foi utilizada para retirar a kami de sua caverna.

Mais Youkais

Como já vimos na matéria anterior, os yokais que conhecemos nos animes são mais ligados a todas as formas e criaturas sobrenaturais. Não sendo necessariamente demônios e este significado não é muito aceito lá do outro lado. Para eles youkais são  todos os seres sobrenaturais desde fadas até kamis.

Shippo

A raposinha youkai que se tornou amiga de InuYasha e toda sua turma (falei no feminino, mas, apesar de parecer muito uma menina, ele é “machinho”), é um bakemono baseado nas Kitsunes, mais conhecidas por sua habilidade de transformação e pregar peças, lembra muito o Shippo, não é?

O seu nome pode ser traduzido como “Sete Tesouros”, as pedras preciosas do Budismo, que na China são: âmbar (Kohaku), ouro, prata, coral (Sango), vidro, ágata e ostra; e no Japão são: ouro, prata, pérola, ágata, cristal, coral e lápis lazuli, há também outras variações de sutras budistas.

Bakemono pode ser traduzido como “mostro, fantasma ou aparição”, mas também como “algo que muda de forma(bake= “mudança”, mono= “coisa, matéria”). São na maioria espíritos de animais que possuem grau de consciência o suficiente para mudar sua forma e pregar peças nos humanos. Estes podem também evoluir ao aumentar a sua quantidade de caldas.

Kirara

A gatinha youkai da Sango, também é um bakemono e pertence ao gênero bakeneko. Ela é uma Nekomata, por possuir duas caldas, e sua principal habilidade é se transformar numa gata feroz durante uma batalha e carregar até duas pessoas em suas costas.

Os bakenekos (bake= “mudar, transformar”, neko= “gato”) são espíritos de gatos que mudam de forma. Há lendas que contam que os gatos não precisam necessariamente morrer para se tornarem um bakemono. Os de grande porte que são alimentados durante treze anos e os que possuíam uma calda longa também tinham a chance.

Agora os nekomatas (neko= “gato”, mata= “bifurcação”) são bakenekos que possuem duas caldas e com o passar do tempo vão adquirindo mais caldas até alcançarem os mil anos e conseguirem sua nona calda se transformando numa Kyuubi no Kitsune, a raposa de nove caldas. Segundo as lendas orientais, os gatos com caldas longas deviam ter suas caldas cortadas, pois estes poderiam ter sua calda dividida em duas se tornando bakenekos.

…Pousando

Agora nossa viagem está chegando realmente no fim… 🙁

Espero que tenham gostado. ^^

Ah, antes de desembarcarem deixem aí nos comentários o que vocês acharam dessa sequência e se gostariam de ver mais sequências como fiz com esta matéria para a serie com as lendas e referências culturais em animes. E não deixem de colocar nos comentários quais animes vocês gostariam de ver por aqui!

Deixarei com vocês agora, minha ending favorita do anime, com vocês Fukai Mori de Do As Infinity.

Até a próxima matéria. O/