Em Evoland você acompanha a jornada de um jovem herói numa busca para salvar o mundo e a humanidade de um terrível mal inominável, enquanto desbrava uma rica natureza selvagem e coleciona equipamentos para explorar calabouços malignos em busca de respostas.

Se a descrição é vaga, isso é intencional: Evoland é mais uma experiência do que um jogo narrativo. Sua estrutura é, antes de mais nada, uma homenagem aos jogos de fantasia ao longo da história. Seria justamente a forma de como ele faz isso que o torna tão especial!

No princípio, só havia a movimentação para a direita

A tela inicial do jogo apresenta seu personagem numa arte digna do clássico Game Boy. O jogo só te permite andar para a direita, onde existe um baú. Interagindo com esse baú, você ganha a habilidade de andar para a esquerda. No baú seguinte você encontra outros poderes como andar para cima e para baixo.

A cada baú, a cada “poder” novo que seu personagem adquire, sua jogabilidade evolui (daí o nome do jogo), dando saltos através das gerações dos videogames. Seu jogo, que era monocromático, com a movimentação baseada em “quadradinhos” na tela, se torna colorido e dinâmico. Em poucos minutos, seu jogo sai de algo com uma estética de Game Boy diretamente para um jogo de Super Nintendo.

No início o jogo conta com mecânicas de combate comuns para jogos de aventura e apresenta puzzles mais elaborados do que eu esperaria de um jogo “paródia”. Em vários momentos, os criadores de Evoland são irônicos e fazem piadas com clichês de videogame.

O jogo não se mantém até o final através de recursos narrativos e pode exigir um pouco de grind para derrotar o chefão. Em algum momento, o jogo deixa de ser um action e vira um RPG em turnos ou às vezes um dungeon crawler, parodiando Diablo. Mesmo se reinventando várias vezes e com todas as especificidades de cada modo de jogo apresentado, Evoland é sólido em suas propostas.

Para quem Evoland foi feito?

O público-alvo deste jogo é muito bem delimitado. Ele não é um jogo de entrada. Muito pelo contrário: você precisa estar habituado ao gênero para entender todas as suas referências e piadas, que é onde o título brilha.

Apesar da jogabilidade prazerosa, o jogo não possui uma estrutura narrativa ou uma progressão palpável em dificuldade ou profundidade em suas mecânicas para se conduzir ao clímax. Seu personagem não concluirá um arco, e você não enfrentará um chefão final que exigirá seus conhecimentos previamente adquiridos. A luta final, além de difícil, apresenta uma mecânica exclusiva que não foi utilizada em nenhum outro momento da obra, causando a impressão de que ela é desassociada do restante do jogo.

O jogo atinge seus objetivos, passando por diferentes gêneros e momentos da história dos videogames, e se você jogá-lo focando nessa característica, atingirá uma experiência satisfatória. Se essa premissa não for o suficiente para te proporcionar divertimento, o jogo pode não se fazer valer em outros aspectos.

Dessa forma, se você não está minimamente preparado para as várias camadas que Evoland vai ter oferecer, sua experiência fica essencialmente vazia.

Veredito:

Prós:

  • Senso de humor afiado;
  • Evolução visual gratificante;
  • Jogabilidades polidas e bem responsivas.
  • Tem um mini-game de cartinha muito divertido.

Contras:

  • Não possui uma pegada narrativa satisfatória por conta própria;
  • Depende bastante da experiência prévia do jogador para causar o impacto que ele se dispõe.
  • Demanda um considerável grind no final e, ainda assim, é um título relativamente curto.

Conclusão:

Se você é um gamer de longa data e sem interessa por J-RPGs, tendo uma história própria com esse tipo de jogo, Evoland pode ser uma experiência incrível para você. Se esse não for o seu caso, o jogo pode parecer um amontoado de ideias simples de mais e satisfatório de menos.

Notas

  • Gameplay: 9
  • Visual: 9,5
  • Continuidade: 5
  • Nota final: 8