J-Hero, você abriu… e nós viemos.

Recentemente tenho procurado jogos de terror oriental para explorarmos em nossa coluna. Quando digo oriental, reforço que a temática como um todo precisa ser oriental. Não procuro algo unicamente idealizado ou produzido, mas toda a experiência deve ser bem ambientada assim como vemos nos bons filmes orientais.

Infelizmente nenhum jogo recente foi capaz de me trazer calafrios e pesadelos que os jogos da série Fatal Frame causaram em minha infância. Alguns por serem curtos demais, outros por exagerarem nos jump scare, mas todos pecam na construção do clima necessário. Então voltei a jogar estes clássicos desde seu início (PS2) e pretendo trazer algumas considerações sobre minhas recentes experiências com estes jogos que envelheceram muito bem.

Considerações gerais

Conhecido como Zero (零) no Japão, Fatal Frame é uma série de jogos de terror produzida pela Koei Tecmo. Criada por Makoto Shibata e Keisuke Kikuchi, a dupla diz ter se inspirado nas próprias experiências sobrenaturais, filmes japoneses de terror, lendas e superstições locais. O objetivo dos autores era criar o jogo mais assustador possível para época, e nisso eles alcançaram êxito.

Atualmente a série é composta por cinco jogos excluindo spin-offs e remakes, mas todos aclamados pela crítica e sempre comparados com jogos icônicos como Resident Evil e Silent Hill. Infelizmente, mesmo possuindo ótima qualidade e enredo, Fatal Frame nunca obteve grandes números de vendas. Contudo, previsto para ser lançado no ocidente em 8 de março de 2023, Fatal Frame: Mask of the Lunar Eclipse promete entregar toda a experiência aguardada pelos fãs mais sedentos.

Fatal Frame I, injustamente menosprezado

O primeiro jogo da série e também meu primeiro jogo a ser rejogado foi lançado originalmente para PlayStation 2 entre 2001 e 2002 ao redor do mundo. Com duração média de sete horas (caso não trave em seus puzzles), sua trama se passa em meados de 1986.

Basicamente, controlamos Miku Hinasaki, uma garota que procura seu irmão Mafuyu, que desapareceu ao investigar a mansão Himuro. Invariavelmente, durante sua exploração, seres sobrenaturais hostis perseguem Miku pelos ambientes claustrofóbicos e escuros da mansão.

Sua jogabilidade potencializa toda a sensação durante os “combates” em que só é possível enfrentar os espíritos ao utilizarmos uma câmera especial para fotografarmos e derrotarmos suas essências malignas.

Além disso, o jogo possui uma mecânica punitiva para o jogador que explora demais ou se perde em meio à mansão. Ao repetir salões ou procurar recursos, espíritos derrotados retornam “à vida” e atacam novamente. Por fim, os recursos básicos (filmes fotográficos e essências de vida) são limitados e muito bem guardados por assombrações ainda mais fortes que irão drenar seus recursos em troca de “novos” itens.

Curiosidades

As vendas do primeiro jogo são as mais baixas do histórico da série, mas hoje a mídia é facialmente encontrada. Apesar de ser anunciado como um jogo baseado em uma história real, essa afirmação foi divulgada pela empresa de marketing americana e não é reconhecida pela matriz japonesa. Com essa mentira estratégia aliada ao fluxo lento de informações da época, a história de Fatal Frame I se tornou uma creepypasta recorrente no mundo dos jogos trazendo jogadores corajosos o bastante para explorar as dependências da mansão Himuro.

Uma história real indicada para jovens??

Considerações finais

Apesar de ser um jogo que completou seus 20 anos recentemente, Fatal Frame ainda arranca pequenos sustos e prende por sua trama rápida e assertiva.

Seus gráficos, mesmo para hoje em dia, não agridem os mais desacostumados e após alguns minutos não incomodam em nada. A câmera estática é um charme que completa a ambientação e dificuldade do jogo, afinal de contas, os combates ficam mais complicados e os ataques podem partir de qualquer lugar. Além disso, o jogo reforça a exploração de ambiente já que quase nenhum item brilha na tela indiciando uma interação. É preciso procurar em vielas, mesas, decorações e outros objetos estáticos. Isso mais uma vez aumenta a dificuldade (lembre-se da mecânica de exploração exagerada) e também envolve o jogador na história com toda informação encontrada durante a exploração obrigatória.

Por se tratar de um jogo curto comparada aos da atualidade, sua história não possui balões enfadonhos em seu enredo. Miku passa três dias na mansão Himuro, e isto é suficiente para descobrirmos toda a trama, nos envolvermos com os personagens e temermos nossa morte. Por ser dividida em atos, a história sempre é concluída e deixa um pequeno gancho para continuação mesmo no final. E falando sobre finais, o jogo possui dois finais possíveis divididos e conhecidos entre final bom e final ruim.

E aí? Vai encarar?

Para aqueles que não se convenceram ou não podem jogar, é muito fácil encontrar toda história explicada e comentada na internet. Além disso, também é possível encontrar a gameplay completa em canais do YouTube. Mas meu conselho é adquirir o título e se aventurar nessa que sem sombra de dúvidas ainda é a melhor série de jogos de terror oriental.